Boas oportunidades de trabalho podem estar também nas empresas privadas

Doutora em Entomologia pela UFV, a professora Renata Campos compartilha um pouco da sua experiência docente numa universidade particular.

O ministro interino do Planejamento informou na última terça-feira, dia 7, que não serão autorizados novos concursos públicos neste ano, tampouco em 2017. Somente aqueles concursos que já estavam autorizados serão realizados. Diante disso, a iniciativa privada passa a ser, mais do que nunca, uma porta de entrada a ser considerada para o mercado de trabalho. De acordo com dados levantados em 2013, apenas 6,1% dos doutores egressos do PPG em Entomologia estavam empregados em empresas privadas de ensino, pesquisa e extensão. Mas quem atua nessas instituições garante que existem boas oportunidades a serem exploradas.

Desde 2014, a doutora em Entomologia Renata Bernardes Faria Campos é professora de uma universidade privada. Ela avalia: “Muitas pessoas, especialmente aquelas que, como eu, se formaram em universidades públicas, alimentam um sonho de trabalhar numa instituição pública. De fato, muitos dos colegas com quem me graduei trabalham nesse tipo de instituição. Entretanto, eu sempre trabalhei no ensino superior privado. Atualmente, existem muitas faculdades e universidades particulares que primam pela excelência e investem em pesquisa e extensão para além do ensino. A minha experiência mostra que não é uma possibilidade a ser desconsiderada por quem está concluindo a pós-graduação. Existem ótimas oportunidades e assim como nas instituições públicas, demandam empenho na entrada, mas o empenho em manter-se deve ser contínuo, já que não há estabilidade”.

Toda a formação acadêmica de Renata ocorreu na UFV, onde ela se formou em Ciências Biológicas e fez mestrado e doutorado em Entomologia, sob a orientação do professor José Henrique Schoereder. Atuando na cidade de Governador Valadares (MG), Renata integra o corpo docente da Universidade Vale do Rio Doce (Univale). Ela dá aulas para a graduação e a pós, e descreve um pouco dessa vivência: “No mestrado eu ministro disciplinas ligadas à temática ambiental e oriento alunos cuja dissertação trata desse assunto. Atualmente, participo de um projeto em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), onde investigamos processos naturais, por meio da utilização de insetos como modelo ecológico, ou seja, utilizamos variações nas comunidades de formigas como resposta a mudanças ambientais. Na graduação, não é diferente, porque eu ministro disciplinas ligadas à Ecologia, Conservação e Entomologia, que tratam de assuntos diretamente relacionados ao que faço no mestrado. Além disso, alunos da graduação participam da pesquisa como bolsistas de Iniciação Científica”.

Sobre a sua rotina como professora universitária, Renata destaca que a profissão requer outras habilidades além do domínio de conteúdos: “Para conciliar as atividades de pesquisa com a rotina da sala de aula, é preciso muita disciplina e planejamento. Em muitas ocasiões as atividades de sala potencializam a pesquisa e vice-versa. A relação com os alunos é um desafio e ao mesmo tempo, um prazer. Com os meus alunos eu tenho aprendido muitas coisas desde que ingressei na docência”.

Aprendizado extraclasse

Renata também tem proporcionado aos seus alunos muito aprendizado, que, às vezes, extrapola os limites da sala de aula. Uma prova disso aconteceu na última sexta-feira, dia 3, quando a professora trouxe à UFV um grupo de estudantes da Univale. Essa foi a segunda visita à UFV que Renata organizou para os seus alunos. Em outubro de 2015, outro grupo de estudantes também visitou o Departamento de Entomologia.

“No ano passado, um aluno apresentou um trabalho no Simpósio de Entomologia que aconteceu na UFV. Nessa ocasião, surgiu a ideia de levar um grupo de alunos da Univale para conhecer o Departamento de Entomologia. Professores (especialmente, o professor Marcelo Picanço) e alunos (especialmente, o doutorando Paulo Santana Júnior), envolvidos no planejamento das atividades, foram muito cuidadosos, solícitos e nos receberam de forma excelente. Então, a visita foi um sucesso e fizemos novamente, agora, com a ajuda de outros professores (especialmente, o professor Eugênio E. Oliveira) e estudantes” – comenta a professora.

Durante a última visita ao Departamento de Entomologia, foi apresentada aos estudantes da Univale uma introdução ao “Mundo dos Insetos”, abordando tópicos como: Importância dos insetos; Por que os insetos são tão diversos; Como os insetos são capazes de colonizar ambientes inóspitos; O que diferencia os insetos de outros artrópodes; Principais grupos (ordens) de insetos; e Como os insetos podem afetar negativa e positivamente o ser humano.

Panorama

Nesse dia, os alunos da professora Renata também visitaram alguns laboratórios, como: o Insetário do Departamento de Biologia Geral (criação de Aedes aegypti), o Laboratório de Fisiologia e Neurobiologia de Invertebrados (insetos aquáticos), o Laboratório de Manejo Integrado de Pragas Agrícolas (criação de insetos-praga), o Insetário do Departamento de Entomologia (formigas e cupins), o Museu Regional de Entomologia (principais ordens de insetos) e o Laboratório de Ecotoxicologia (criação de pragas da soja e grãos armazenados). Na galeria abaixo você pode conferir um pouco da visita realizada no dia 3 de junho.

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Na próxima sexta-feira, dia 10, será realizada a arguição oral do Processo Seletivo 2016/2, etapa exclusiva para os candidatos ao Doutorado. A arguição oral será realizada no Departamento de Entomologia.  Confira o horário de cada candidato:

Horário Arguição Oral

Perfil: Raquel Gontijo Loreto

Quem vai desembarcar em território brasileiro nesta semana é a Dra. Raquel Gontijo Loreto, que acaba de obter o título de Doctor of Philosophy (PhD), pela Penn State. Ela passou cinco anos nos Estados Unidos, onde fez doutorado pleno no Graduate Program in Entomology, sob a orientação do Dr. David P. Hughes, com bolsa concedida pela Capes. Agora, Raquel volta ao Brasil para cumprir a exigência do órgão de fomento, que é permanecer no país por período igual ao da bolsa e exercer atividades relacionadas aos estudos realizados no exterior.

Diante da instabilidade política e econômica que cerca o país, o momento parece não ser o mais propício para retornar. Mas não há outra possibilidade (a não ser ressarcir a Capes todo o investimento, cerca de 200 mil dólares). Para Raquel, foi “muito azar” acabar o doutorado agora. “A Capes me manda voltar. Eu tenho a obrigação de ficar quatro anos no Brasil em retorno pelo que eles me pagaram. Eu concordo, acho correto que, por ter sido dinheiro do governo, eu retribua de alguma forma. Mas eu não vejo como retribuição voltar ao Brasil agora que não tem recursos para eu colocar em prática tudo o que aprendi. Você está lutando para retornar os investimentos, mas você não tem meios para fazer isso” – analisa a pesquisadora mineira.

De malas prontas, Raquel vai trazer consigo o desejo confesso de permanecer nos Estados Unidos (onde deixará o seu marido) e a vontade de compartilhar por aqui todo o conhecimento que adquiriu. Será no Laboratório de Interação Inseto-Microorganismo da UFV, sob a supervisão do professor Simon Luke Elliot, que Raquel terá a oportunidade de dar continuidade aos estudos sobre interação parasita-hospedeiro. Isso significa que, além de retornar ao Brasil, Raquel estará retornando à UFV, onde se graduou em Ciências Biológicas, e também ao PPG em Entomologia, onde concluiu o mestrado.

Um dos aspectos que mais entusiasma Raquel nessa fase é poder trabalhar novamente com o professor Simon, que a orientou na iniciação científica e também no mestrado. Ela o define como o seu “pai científico”, que a apoiou durante todo o processo, desde o início quando buscava formação acadêmica no exterior, até os dias atuais.

Em breve de volta à UFV, com a oferta de bolsa de pós-doc disponibilizada pela Penn State e trabalhando para o pesquisador irlandês Dr. David P. Hughes, em colaboração com o professor Simon, Raquel acredita que poderá ampliar o seu campo de estudos, trabalhando em diferentes sistemas. Até então o seu foco de pesquisa foi a relação entre a formiga da espécie Camponotus rufipes e o fungo parasita Ophiocordyceps camponoti-rufipedis.

Raquel Loreto_Defesa

Raquel defendeu a sua tese no dia 5 de maio e está muito satisfeita com o trabalho que apresentou. Intitulada “From metabolites to continents: host-parasite interaction across spatio-temporal scales”, a tese explora as limitações ecológicas e funcionais para a manipulação comportamental de formigas pelo fungo parasita, abordando alguns dos níveis nos quais essa interação acontece. A tese apresenta sete capítulos com dados/experimentos. Quatro deles já foram publicados. Ainda durante o doutorado, Raquel coletou dados para outros quatro artigos (dois deles já escritos), que não entraram na tese. Ela também participou como coautora de três artigos (um publicado e dois em escrita).

Ter um ritmo na escrita de artigos científicos foi uma habilidade que Raquel desenvolveu durante o doutorado: “Antes eu pensava que para escrever um artigo tinha que demorar meses. E não é. Se eu parar e falar ‘vou escrever esse artigo’, em uma semana eu tenho um manuscrito para ser editado. Eu aprendi que enquanto você está fazendo os experimentos, já pode ir escrevendo”.

Cinco anos de muita dedicação

“Foram cinco anos de muita dedicação” – assim, Raquel define a sua temporada nos Estados Unidos. Dedicação que além de muito trabalho, lhe rendeu também reconhecimento. Foram três prêmios de destaque acadêmico recompensados em dinheiro e um projeto aprovado na National Science Foundation (NSF), na categoria Doctoral Dissertation Improvement Grant (DDIG).

Raquel Loreto_HokkaidoAlém disso, Raquel foi convidada para ministrar palestras em Hokkaido, no Japão, em 2014, e, em 2015, no simpósio “How cool is entomology”, durante a reunião da Entomological Society of America (ESA), realizada em Minneapolis, no estado norte-americano do Minnesota.

Ao longo desses anos, nem tudo foi fácil como pode parecer agora. Raquel conta que anualmente a dor de cabeça era garantida. Além da bolsa e da mensalidade paga à universidade, a Capes assegurava, na época, apenas parte do seguro saúde obrigatório, que deve ser renovado todos os anos. Com isso, o restante do valor era por conta do estudante. Com o alto custo a ser coberto e sem condições de arcar com ele, Raquel certa vez teve que recorrer a uma campanha on-line de doações, onde arrecadou mil dólares para completar o valor do seguro. Vale ressaltar que hoje a Capes já cobre o valor total do seguro saúde.

Grata, Raquel destaca que é inegável a importância da bolsa concedida pela Capes, sem a qual seria impossível para ela fazer o doutorado nos Estados Unidos, onde se paga muito caro para estudar. Mas ela pondera que apesar de ter uma agência que possibilita fazer o doutorado no exterior, existe uma série de taxas a serem pagas, que o órgão não cobre, e isso acaba limitando a participação daqueles estudantes que não têm condições de arcar com essas despesas. “A Capes fala que é um programa para todos, mas não é. Tem muitas coisas que a gente tem que arcar” – completa.

Diferenças entre lá e cá

Comparando os sistemas americano e brasileiro, Raquel enfatiza que existem coisas boas nos dois. Nos Estados Unidos, por exemplo, tem muita estrutura e os pesquisadores dispõem de recursos. Diferentemente, no Brasil, não se dispõe de tanto recurso e a burocracia acaba comprometendo o andamento das pesquisas com a demora na compra de materiais e equipamentos.

Por outro lado, Raquel destaca que os estudantes brasileiros são mais focados na pesquisa, eles entram na pós-graduação mais bem preparados que os americanos. Tomando como referência a graduação em Ciências Biológicas que ela fez na UFV, Raquel conclui que a preparação no Brasil é melhor. “O problema do Brasil agora, é que as coisas boas vão acabar sendo suprimidas pela falta de recursos. Não tem como fazer ciência sem recurso, é impossível” – comenta.

Nos Estados Unidos, os estudantes entram na universidade e nos dois primeiros anos da graduação cursam disciplinas gerais, só depois se especializam na área que desejam seguir e não fazem projeto de monografia como no Brasil. Raquel afirma que isso faz com que muitos estudantes entrem despreparados no doutorado, sobretudo, porque nos Estados Unidos é possível sair da graduação e ir direto ao doutorado. Muitos desses estudantes carecem de informações básicas à pesquisa – avalia.

Sobre a sua recepção na Penn State, enquanto pesquisadora brasileira, Raquel é enfática: “Nunca me senti discriminada na pesquisa. O brasileiro tem essa vontade de trabalhar. No Brasil não tem muito recurso. Quando chega aos Estados Unidos e tem esse recurso, ele acaba se destacando”.

Para os brasileiros que desejam viver uma experiência similar, Raquel recomenda dar o seu melhor: “Se o seu orientador te permitir fazer 50 experimentos, faça. Eu trabalhei muito, muito mesmo, mas valeu à pena. Então, aproveite todas as oportunidades. Em termos de pesquisa, faça tudo o que você puder. Interaja com outros pesquisadores. Converse com as pessoas. É a sua chance de fazer um excelente trabalho”. Mas ela faz uma ressalva: “Vá de mente e coração abertos”.

Hoje, se não fosse pela exigência da Capes de retorno ao Brasil, Raquel queria viver tudo de novo, só que agora num outro país, da Europa, talvez. O desejo, viver outra cultura. “Você não aprende só ciência. Você aprende muito mais que isso” – garante a pesquisadora.

Mas como pelo menos por enquanto isso não é possível, Raquel pretende permanecer no Brasil o tempo que for necessário e aproveitar esse período para interagir com outras pessoas, ministrar palestras e seminários, e contribuir com as técnicas recentes que aprendeu. “O meu objetivo é fazer o máximo que eu puder, assim como foi quando cheguei aos Estados Unidos” – resume.

Três seminários serão apresentados nesta quinta-feira

Nesta quinta-feira, dia 2, no auditório do Bioagro, serão apresentados os seguintes seminários:

  • Às 16:30 –  “Pra que fumacê?” , por Higor Rodrigues
  • Às 17:00 – “Como as borboletas contribuem para a revolução da energia solar?”, por Vitor Zuim
  • Às 17:30 – “Lagartas que drogam formigas”, por Amalia Ceballos

Participe!

Entomologia divulga resultado da prova escrita ao Doutorado

Saiu o resultado da prova escrita ao doutorado: 11 candidatos foram aprovados para a próxima etapa do Processo Seletivo 2016/2.

Resultado Prova Escrita DS 2016_2

Próxima etapa

A arguição oral será realizada no dia 10 de junho (sexta-feira), a partir das 8h, no Departamento de Entomologia. Todos os candidatos classificados precisam enviar e-mail para ent@ufv.br comunicando sobre a sua disponibilidade para participar da arguição oral no dia e horário agendados.

Vale lembrar que a arguição oral poderá ser realizada via Skype para os candidatos residentes em outras cidades. Para isso, o candidato deve confirmar o procedimento na Secretaria do Programa de Pós-Graduação, com antecedência mínima de 10 dias.

A prova de arguição oral é eliminatória, sendo que será considerado eliminado o candidato que não alcançar nota igual ou superior a 5,0. Nessa etapa, serão avaliadas as capacidades técnicas e científicas e aptidão vocacional para ingresso no doutorado.

 Conforme previsto no cronograma, o resultado final do Processo Seletivo 2016/2, ao mestrado e ao doutorado, será divulgado a partir do dia 1º de julho.