Mestranda tem trabalho premiado no I Simpósio da Pós-graduação em Biologia Animal

A mestranda Letícia Sena, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, teve seu trabalho premiado durante o I Simpósio da Pós-graduação em Biologia Animal, realizado em março na UFV. Letícia apresentou o trabalho “Fecundity as Indicator of Multi-Wolbachia Infection: Insights into Drosophila sturtevanti Duda, 1927 (Diptera: Drosophilidae) Population Dynamics”, que apresenta parte dos estudos que ela realiza, sob orientação da professora Karla Yotoko, no Laboratório de Bioinformática e Evolução. 

“No laboratório, a gente trabalha com a interação entre a bactéria Wolbachia e um de seus hospedeiros, a Drosophila sturtevanti. Neste caso, especialmente, a gente apresenta uma investigação sobre como a bactéria altera a produção de ovos da fêmea hospedeira”, explica Letícia. Quando o trabalho foi inscrito no simpósio, Letícia havia identificado, em uma população 100% infectada, três linhagens diferentes, duas com alta produção de ovos e uma com a produção reduzida. “Nesse momento, a gente tinha certeza de que eram bactérias diferentes, porque a resposta é diferente. Mas sequenciamos para ver o que acontecia, e quando a Letícia foi apresentar o trabalho, ela teve que dizer que o título estava errado! Achamos que eram cepas diferentes, mas era uma cepa só, e a gente ainda não sabe explicar isso”, conta Karla, indicando os caminhos que o estudo deve tomar daqui em diante. “Se abriram tantas perguntas que já estamos pensando para o doutorado. Temos uma hipótese de que talvez possa haver outros endossimbiontes causando coisas diferentes, então a gente precisa fazer um estudo mais específico para identificar isso. E estamos em busca de parcerias para estudar isso.”

A surpresa do resultado e a mudança na forma de apresentação do trabalho não impediu a boa aceitação da pesquisa no simpósio. “As pessoas diziam pra mim que foi interessante ver para onde nossas perguntas estavam caminhando. Foi interessante ver como a gente tem resultados diferentes, ao longo do processo. E estamos descobrindo uma complexidade muito maior do que a gente esperava”, diz Letícia. Na observação de Karla, a forma da apresentação foi bem recebida porque mostra o processo da ciência. “Durante a apresentação, eu fiquei com a impressão de que todo mundo ficou muito assustado de ver um trabalho que começa com um título, em que a gente tinha um indício de que havia cepas diferentes, e depois a gente diz que não, que é a mesma cepa fazendo coisas diferentes em linhagens diferentes.”

A Drosophila sturtevanti é uma espécie de drosófila neotropical, muito abundante no Brasil, em áreas de mata. A Wolbachia, por sua vez, tem estado envolvida em vários estudos, com destaque para os que a relacionam com o tratamento da dengue, por meio da inserção da bactéria no Aedes aegypti. A busca por entender a dinâmica da bactéria, ainda que em outros hospedeiros, ganha ainda mais importância neste contexto. “E a drosófila é muito simples de estudar, em termos de criação em laboratório. Criar a mosca em laboratório é muito simples. Existe um trabalho diário, longo, mas em termos de método, é algo muito possível. Muito já foi descoberto utilizando drosófila”, diz Letícia.

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