Apresentação de trabalhos científicos exige preparo dos estudantes

A UFV se prepara para realizar o IV Simpósio de Entomologia, que acontecerá de 12 a 16 de agosto. O evento é uma oportunidade para conhecer os trabalhos que estão sendo desenvolvidos na área de Entomologia, tanto da própria instituição como de outros centros de pesquisa.

A estudante do 5º período do curso de Agronomia da UFV, Izailda Barbosa dos Santos, ou apenas Iza, como é conhecida, vai apresentar o trabalho intitulado Uso de Inseticidas Botânicos no Controle de Ascia Monuste Orseisque, que desenvolve no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Para ela, a participação em eventos como o Simpósio de Entomologia é uma experiência muito rica antes, durante e mesmo depois. Iza fala sobre a preparação existente e sobre a preocupação para que tudo transcorra da melhor forma possível, pois o resumo que será apresentado é fruto de muito trabalho.

Consciente da responsabilidade, Iza, que começou na iniciação científica desde o primeiro período da graduação, acredita que tem uma boa base para apresentar trabalhos em eventos científicos. Ela conta que no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, sob a orientação do professor Marcelo Coutinho Picanço, os estudantes passam continuamente por treinamentos que ajudam na sua preparação. São oferecidos gratuitamente cursos de redação científica, estatística e comunicação.

Os estudantes também participam de reuniões semanais para discussão de artigos e de trabalhos desenvolvidos no laboratório. Resumos de trabalhos que serão apresentados em eventos são submetidos a uma banca examinadora constituída pelos estudantes da graduação e da pós-graduação.

Iza afirma que a submissão dos trabalhos a essa banca interna contribui muito para o seu aperfeiçoamento. Essa banca avalia tanto o desempenho durante a fala, como faz perguntas, críticas e elogios sobre o trabalho, e um membro fica responsável por fazer uma avaliação geral, indicando seus pontos fortes e fracos. Iza acredita que essa avaliação prévia ajuda a melhorar tanto a apresentação oral como o painel, dando mais segurança para a apresentação oficial.

Iza ainda não sabe se durante o IV Simpósio de Entomologia fará apresentação oral. A lista dos trabalhos selecionados ainda não foi divulgada. Apenas o painel está confirmado. Mas pelo sim ou pelo não, Iza está devidamente preparada não apenas para apresentar o seu trabalho ao público, mas também para submetê-lo à avaliação e ouvir críticas e elogios, colaborando ainda mais para o seu crescimento acadêmico e científico.

Dieta distinta entre cupins construtores e inquilinos assegura coabitação harmônica

Uma pesquisa conduzida pelo professor Og DeSouza, do Departamento de Entomologia da UFV, e seus colaboradores de diversas instituições, demonstrou como é possível a coabitação de espécies de cupins construtoras e inquilinas num mesmo cupinzeiro sem a ocorrência de conflitos.

Em artigo publicado no mês de junho na PlosOne, os pesquisadores mostram quantitativamente uma possível estratégia utilizada pelos inquilinos para assegurar a coexistência harmônica com seus hospedeiros: o uso de dietas distintas entre as espécies envolvidas.

Como os cupins são insetos detritívoros, se alimentam de organismos mortos ou em decomposição, para inferir a fonte de alimentação de inquilinos e construtores, os pesquisadores avaliaram as proporções de isótopos de carbono (13C) e nitrogênio (15N) nos indivíduos coletados.

A concentração de isótopos no corpo de um animal reflete a comida que ele consumiu durante o seu tempo de vida. Por exemplo, valores mais elevados de 15N indicam uma dieta voltada para a matéria orgânica mais humificada, enquanto valores mais baixos apontam para uma dieta menos decomposta.

O estudo foi realizado em cupinzeiros localizados próximo da cidade de Sete Lagoas, estado de Minas Gerais, no sudeste do Brasil. Uma região de cerrado, caracterizada pelo clima equatorial, com inverno seco.

A pesquisa constatou que pelo menos para o ecossistema em questão, não existia potencial para conflito entre as espécies devido à segregação de dietas. Cupins hospedeiros e inquilinos se alimentam de fontes diferentes, conseguindo, assim, viver em harmonia dentro de um mesmo cupinzeiro.

De acordo com o pesquisador Og DeSouza, o estudo teve o objetivo de inferir a dieta e não determinar a fonte de alimentação das espécies. Mas ele acredita que, provavelmente, por explorarem uma dieta mais decomposta que aquela dos cupins construtores, os inquilinos se alimentam de algum subproduto dos seus hospedeiros.

Os resultados da pesquisa revelam que a distinção entre as dietas das espécies resultam de características previamente fixadas no passado evolutivo dos coabitantes. Portanto, uma vez que os inquilinos não exploram dietas utilizadas pelos hospedeiros, eles evitam conflitos relacionados ao uso de recursos alimentares, assegurando a estabilidade da convivência ao longo do tempo.

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