“Universitário por um dia” integra alunos do ensino médio à rotina acadêmica

Acordar bem cedo no friozinho típico de Viçosa. Às 7h passar pelas Quatro Pilastras e seguir pela Reta rumo ao RU para tomar café da manhã. Ir à Biblioteca Central e logo depois assistir a aula prática sobre pragas de grãos armazenados, ministrada pelo professor Raul Narciso Guedes, no Departamento de Entomologia. Esse poderia ser um início de manhã comum para qualquer estudante do curso de Agronomia da UFV. Mas não foi. Esse foi só o começo de uma quinta-feira diferente para a aluna do ensino médio, Mariana Ribeiro de Lana, “universitária por um dia”. Aos 17 anos, Mariana teve a oportunidade de viver um pouco a rotina de um estudante na universidade. No dia 16 de junho, ela acompanhou as atividades acadêmicas da estudante de Agronomia, Clara Glória Oliveira, madrinha no projeto Universitário por um dia.

O projeto visa integrar alunos do ensino médio à rotina universitária. Um estudante de graduação apadrinha um aluno do ensino médio, que o acompanha durante um dia na UFV. O padrinho apresenta as potencialidades do seu curso e esclarece dúvidas, possibilitando que o afilhado conheça melhor o curso de seu interesse. “O Universitário por um dia foi pensando para que além de interagir com estudantes do curso que ele escolheu e participar das aulas oferecidas pela UFV, o futuro universitário tenha a oportunidade de conhecer diversos ambientes da Universidade e de estabelecer novas amizades, podendo assim contribuir para a sua formação, pessoal ou profissional” – descreve um dos idealizadores do projeto, Mateus Santos, estudante de Química na UFV.

De acordo com a Rede CsF – Núcleo Viçosa, que organiza o projeto, já foram atendidos 61 afilhados, sendo 33 de escolas públicas e 28 de escolas particulares, de Viçosa e região. Para acompanhar os afilhados, o projeto contou até o momento com a participação de 31 padrinhos, sendo eles de 22 cursos dos quatro centros de ciências da UFV.

Universitário por um diaA universitária Clara Oliveira foi madrinha da aluna Mariana de Lana. Clara afirma que foi uma ótima experiência: “É muito bom ajudar as pessoas a se orientarem. Gostaria de ter tido essa oportunidade quando eu era vestibulanda. Graças a Deus, eu adoro o meu curso, mas conheço muitos casos de pessoas que desistiram do curso no meio do caminho por não gostarem ou por terem tomado a decisão ‘precipitadamente’”.

Segundo a madrinha, ela conversou com a sua afilhada sobre questões acadêmicas e pessoais: “Imagino que eu possa ter ajudado Mariana a sentir mais vontade de estudar firme para conseguir passar no SISU (Sistema de Seleção Unificada). Aos 17 anos, a cabeça da gente está um turbilhão e, às vezes, precisamos de ajuda ou inspiração para tomar decisões. Qual decisão ela irá tomar eu não sei, mas espero que esse dia a ajude”.

Aluna do 3º ano do ensino médio na Escola Estadual Dr. Mariano da Rocha, na cidade de Teixeiras (MG), Mariana garante que a decisão está tomada: ela pretende cursar Agronomia na UFV. “Para mim, ser ‘universitária por um dia na UFV’ foi ótimo, uma experiência única. Através desse dia pude ter certeza que quero ingressar no curso certo” –  afirma.

 Expectativa x realidade

Mariana passou um dia inteiro ao lado da sua madrinha. Depois da aula prática no Departamento de Entomologia, madrinha e afilhada assistiram aula teórica de Tecnologia de Alimentos; almoçaram no RU; foram à monitoria tirar dúvidas sobre Pragário; visitaram alguns laboratórios; procuraram pragas na Fruticultura; visitaram o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef e o Laboratório de Geoprocessamento (onde Clara faz estágio); e assistiram aula prática de Agroecologia e Agricultura Orgânica.

O dia foi intenso, cheio de atividades, como normalmente costuma ser. Mariana se surpreendeu com a rotina: “Foi melhor do que eu imaginava”. Sobre o que mais lhe chamou a atenção em seu dia de universitária, Mariana destaca: “Eu mais gostei da aula prática de Entomologia Agrícola. Foi bem interessante conhecer mais sobre as pragas”. A madrinha Clara se entusiasmou quando a sua afilhada disse que não tinha medo de insetos, para ela esse “já é o primeiro passo para se tornar uma agrônoma”.

Entomologia Agrícola_18 mar 2016

Feliz por ter orientado Mariana nessa experiência pela UFV, Clara lamenta apenas não ter conseguido fazer o mesmo com outros alunos: “Gostaria de ter apadrinhando mais estudantes, mas este meu período está muito corrido”.

A integrante da Rede CsF – Núcleo Viçosa, Letícia Resende, destaca: “A avaliação positiva, principalmente dos padrinhos, é muito importante, pois contamos com um número muito grande de afilhados, em torno de 350, e só é possível atender todos os afilhados com a participação dos universitários no projeto”.

Para Mariana, que teve a oportunidade de viver um pouco da rotina acadêmica na UFV, mais alunos do ensino médio deveriam passar pela experiência de ser Universitário por um dia, pois “estando diante da realidade do curso que você pretende entrar, você tem uma visão totalmente diferente do que se imagina, são pequenos detalhes vistos lá, que fazem toda diferença na nossa maneira de pensar”.

 Projeto Universitário por um dia

Saiba um pouco mais sobre o projeto, com base em informações fornecidas pelos integrantes da Rede CsF – Núcleo Viçosa: Ana Carolina Silveira Reis, Bruna Maske, Conrado Denadai, Letícia Resende e Mateus Santos.

  • O Universitário por um dia é uma iniciativa da Rede CsF – Núcleo Viçosa e da Diretoria de Relações Internacionais da UFV. A inspiração para o projeto veio do Canadá, a partir da experiência que o universitário Mateus Santos teve enquanto estudante em mobilidade acadêmica. Durante a sua estadia no país, ele teve a oportunidade de conhecer uma universidade canadense orientado por um estudante de lá.
  • Na UFV, a divulgação do Universitário por um dia é feita para os padrinhos em sala de aula, com panfletagem, e pela internet. Para os afilhados, a divulgação do projeto ocorre nas escolas públicas e particulares de Viçosa.
  • Os interessados podem se inscrever pela internet. No site  devem selecionar se é padrinho ou afilhado, preencher o formulário e aguardar o contato de um dos membros do projeto.  Mas para este período, as inscrições de afilhados foram encerradas devido ao grande número de inscritos. Só no próximo ano serão reabertas as inscrições para afilhados.
  • A Rede CsF é uma organização nacional, formada em sua maioria por estudantes que retornaram de intercâmbio pelo programa Ciências sem Fronteiras. A missão da Rede é usar as experiências de intercâmbio para melhorar o Brasil.
  • O Núcleo Viçosa integra a Rede CsF e iniciou as suas atividades em setembro de 2015, visando ajudar especialmente a comunidade carente da cidade. Hoje, o Núcleo Viçosa desenvolve dois projetos, o Universitário por um dia e o Rede Idiomas, pelo qual estudantes podem ter aulas de línguas gratuitas com ex-intercambistas. Para mais informações acesse www.redecsfvicosa.ufv.br .

RedeCsF_Núcleo Viçosa

Integrantes da Rede CsF – Núcleo Viçosa.

Entomologia divulga resultado final da seleção ao Doutorado

A comissão de avaliação divulgou nesta quarta-feira, dia 15, o resultado final do Processo Seletivo 2016/2, ao Doutorado. Foram aprovados quatro candidatos.

Resultado final DS_2016 2   O resultado final da seleção ao Mestrado foi divulgado no dia 9 de junho. Confira

Além da simpatia, doutorando da Lancaster University traz à UFV conhecimento sobre Geometrical Framework

Foram apenas três meses de intercâmbio, mas tempo suficiente para que o doutorando Robert Holdbrook, o “Bobby”, já sentisse saudades do Brasil antes mesmo de partir. Ele retornou a Lancaster, no Reino Unido, no dia 11 de junho. Em sua breve temporada na UFV, o doutorando da Lancaster University compartilhou o seu conhecimento sobre Geometrical Framework, “uma linha de pesquisa que tenta quantificar a alimentação dos organismos”.

O estudante britânico chegou a Viçosa (MG) no início do mês de março e afirma, em bom português – idioma que ele fez questão de exercitar por aqui, que teve um ótimo tempo no Brasil: “Os brasileiros são simpáticos e todo mundo me recebeu muito bem. Todos os experimentos que eu fiz foram facilitados porque não faltava ajuda. Há muito tempo que eu não via esse sol que vocês têm no Brasil e isso me fazia acordar com um grande sorriso todos os dias”.

Além do sol radiante do fim do verão e início do outono, Bobby tem outros elogios a fazer ao nosso país, especialmente, no que diz respeito à culinária: “A comida também é uma coisa que eu não poderei descrever com palavras. O único problema que eu tinha é que os brasileiros almoçam muito cedo, mas é fácil se acostumar com isso porque a comida é gostosa demais. Todos os dias foram uma festa no paladar”.

A agradável estadia no Brasil também rendeu bons trabalhos. O doutorando atuou no Laboratório de Interações Inseto-Microorganismo da UFV e na Econtrole, empresa de controle biológico incubada pela IBET/UFV. Bobby descreve como empregou Geometric Framework na Econtrole: “O objetivo deles é o desenvolvimento de soluções baratas para o controle de pragas para pequenos produtores. Então, a maior parte do meu trabalho foi sobre isso. A ideia do meu projeto era aumentar a sobrevivência de ácaros predadores para usarmos como um modo de controle natural para outros ácaros no campo. Para fazer isso eu apliquei uma linha de pesquisa que se chama ‘Geometric Framework‘. A gente espera que se pudermos melhorar a alimentação deles, haverá um efeito positivo em outros aspectos”.

O doutorando explica que Geometric Framework “é uma linha da pesquisa que tenta quantificar a alimentação dos organismos. É diferente de outros tipos de pesquisa com nutrição porque normalmente outras abordagens investigam só concentrações de alimento, mas essa leva em consideração as proporções dos nutrientes em uma dieta, o que também é importante. Usando dietas com proporções e concentrações diferentes, nossas pesquisas tentam encontrar a ‘dieta ótima’ para um organismo. Mas uma coisa legal é que dependendo do ambiente, essa ‘dieta ótima’ pode mudar. Então, na verdade, para cada organismo existem muitas dietas ótimas”.

Em Viçosa, Bobby também trabalhou com nutrição de lepidópteros no Laboratório de Interações Inseto-Microorganismo e desenvolveu atividades do projeto de colaboração para manejo de Helicoverpa armigera, coordenado pelo professor Simon Luke Elliot, em parceria com o professor da Lancaster University, Dr. Ken Wilson, orientador de Bobby.

Além da nova linha de pesquisa que Bobby trouxe à UFV, outra característica dele chamou a atenção por aqui: a facilidade com o português. “Na verdade, ainda não é tão fácil entender algumas pessoas, mas eu posso me comunicar, o que é muito importante. Lancaster, onde eu estudo, é um ‘pequeno Brasil’ porque lá tem muitos brasileiros de Viçosa e Lavras, trabalhando e estudando. Então, eu já estava acostumado com os brasileiros” – revela Bobby com simpatia, que também lhe é característica.

Já saiu o resultado final da seleção ao Mestrado em Entomologia

Saiba quem são os oito candidatos aprovados para ingressarem no Mestrado em Entomologia no próximo semestre.

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 Doutorado: a seleção ainda não foi concluída. Nesta sexta-feira, dia 10, os candidatos ao doutorado realizarão a arguição oral, última etapa do processo seletivo.

Boas oportunidades de trabalho podem estar também nas empresas privadas

Doutora em Entomologia pela UFV, a professora Renata Campos compartilha um pouco da sua experiência docente numa universidade particular.

O ministro interino do Planejamento informou na última terça-feira, dia 7, que não serão autorizados novos concursos públicos neste ano, tampouco em 2017. Somente aqueles concursos que já estavam autorizados serão realizados. Diante disso, a iniciativa privada passa a ser, mais do que nunca, uma porta de entrada a ser considerada para o mercado de trabalho. De acordo com dados levantados em 2013, apenas 6,1% dos doutores egressos do PPG em Entomologia estavam empregados em empresas privadas de ensino, pesquisa e extensão. Mas quem atua nessas instituições garante que existem boas oportunidades a serem exploradas.

Desde 2014, a doutora em Entomologia Renata Bernardes Faria Campos é professora de uma universidade privada. Ela avalia: “Muitas pessoas, especialmente aquelas que, como eu, se formaram em universidades públicas, alimentam um sonho de trabalhar numa instituição pública. De fato, muitos dos colegas com quem me graduei trabalham nesse tipo de instituição. Entretanto, eu sempre trabalhei no ensino superior privado. Atualmente, existem muitas faculdades e universidades particulares que primam pela excelência e investem em pesquisa e extensão para além do ensino. A minha experiência mostra que não é uma possibilidade a ser desconsiderada por quem está concluindo a pós-graduação. Existem ótimas oportunidades e assim como nas instituições públicas, demandam empenho na entrada, mas o empenho em manter-se deve ser contínuo, já que não há estabilidade”.

Toda a formação acadêmica de Renata ocorreu na UFV, onde ela se formou em Ciências Biológicas e fez mestrado e doutorado em Entomologia, sob a orientação do professor José Henrique Schoereder. Atuando na cidade de Governador Valadares (MG), Renata integra o corpo docente da Universidade Vale do Rio Doce (Univale). Ela dá aulas para a graduação e a pós, e descreve um pouco dessa vivência: “No mestrado eu ministro disciplinas ligadas à temática ambiental e oriento alunos cuja dissertação trata desse assunto. Atualmente, participo de um projeto em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), onde investigamos processos naturais, por meio da utilização de insetos como modelo ecológico, ou seja, utilizamos variações nas comunidades de formigas como resposta a mudanças ambientais. Na graduação, não é diferente, porque eu ministro disciplinas ligadas à Ecologia, Conservação e Entomologia, que tratam de assuntos diretamente relacionados ao que faço no mestrado. Além disso, alunos da graduação participam da pesquisa como bolsistas de Iniciação Científica”.

Sobre a sua rotina como professora universitária, Renata destaca que a profissão requer outras habilidades além do domínio de conteúdos: “Para conciliar as atividades de pesquisa com a rotina da sala de aula, é preciso muita disciplina e planejamento. Em muitas ocasiões as atividades de sala potencializam a pesquisa e vice-versa. A relação com os alunos é um desafio e ao mesmo tempo, um prazer. Com os meus alunos eu tenho aprendido muitas coisas desde que ingressei na docência”.

Aprendizado extraclasse

Renata também tem proporcionado aos seus alunos muito aprendizado, que, às vezes, extrapola os limites da sala de aula. Uma prova disso aconteceu na última sexta-feira, dia 3, quando a professora trouxe à UFV um grupo de estudantes da Univale. Essa foi a segunda visita à UFV que Renata organizou para os seus alunos. Em outubro de 2015, outro grupo de estudantes também visitou o Departamento de Entomologia.

“No ano passado, um aluno apresentou um trabalho no Simpósio de Entomologia que aconteceu na UFV. Nessa ocasião, surgiu a ideia de levar um grupo de alunos da Univale para conhecer o Departamento de Entomologia. Professores (especialmente, o professor Marcelo Picanço) e alunos (especialmente, o doutorando Paulo Santana Júnior), envolvidos no planejamento das atividades, foram muito cuidadosos, solícitos e nos receberam de forma excelente. Então, a visita foi um sucesso e fizemos novamente, agora, com a ajuda de outros professores (especialmente, o professor Eugênio E. Oliveira) e estudantes” – comenta a professora.

Durante a última visita ao Departamento de Entomologia, foi apresentada aos estudantes da Univale uma introdução ao “Mundo dos Insetos”, abordando tópicos como: Importância dos insetos; Por que os insetos são tão diversos; Como os insetos são capazes de colonizar ambientes inóspitos; O que diferencia os insetos de outros artrópodes; Principais grupos (ordens) de insetos; e Como os insetos podem afetar negativa e positivamente o ser humano.

Panorama

Nesse dia, os alunos da professora Renata também visitaram alguns laboratórios, como: o Insetário do Departamento de Biologia Geral (criação de Aedes aegypti), o Laboratório de Fisiologia e Neurobiologia de Invertebrados (insetos aquáticos), o Laboratório de Manejo Integrado de Pragas Agrícolas (criação de insetos-praga), o Insetário do Departamento de Entomologia (formigas e cupins), o Museu Regional de Entomologia (principais ordens de insetos) e o Laboratório de Ecotoxicologia (criação de pragas da soja e grãos armazenados). Na galeria abaixo você pode conferir um pouco da visita realizada no dia 3 de junho.

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