Entomologia renova acervo e exibe mostra fotográfica permanente

O prédio da Entomologia, no campus da UFV, exibe em suas paredes uma renovada coleção de aproximadamente 30 fotografias, a maioria delas feita por alunos, professores ou ex-alunos do Programa de Pós-graduação em Entomologia. A primeira leva dessas imagens havia sido exposta já há alguns anos, no térreo do prédio, como resultado de um concurso de imagens promovido durante uma das edições do Simpósio Internacional de Entomologia. As demais, cerca de 20 novas fotos, chegaram há pouco aos demais andares, para enriquecer a coleção, que se tornou uma mostra permanente.
“Essa não é uma ideia nova, mas tem sido muito bem recebida e, certamente, nosso ambiente fica mais agradável”, diz o professor Eraldo Lima, chefe do Departamento de Entomologia e autor da iniciativa. “Solicitei as fotos dos colegas que fazem fotografias de alta qualidade e organizei, com a ajuda do fotógrafo André Berlinck, o material enviado por eles.”
Juntaram-se à exposição os autores Ricardo Solar, que é egresso do PPG, Marco Guimarães, também egresso, Frederico Salles, professor e orientador do PPG, além do professor Eraldo Lima. A escolha das fotos foi feita pelos próprios fotógrafos.
Veja na galeria alguma das fotos!
Outros trabalhos devem ser incorporadas à mostra em breve.
Og de Souza aborda método científico em palestra online

O professor orientador do Programa de Pós-Graduação em Entomologia Og de Souza ministra nesta sexta-feira, 10 de março, palestra online promovida pelo PPG em Biologia Animal da Universidade Federal de Pernambuco.
A palestra intitulada “Tudo o que você precisa saber sobre método científico” será apresentada a convite do professor José Wagner da Silva Melo, que ministra a disciplina Design Experimental em Biologia Animal na UFPE.
A aula será direcionada aos mestrandos da universidade pernambucana, mas todos os interessados no tema são bem-vindos a participar, a partir das 9h, neste link.
Neste primeiro semestre de 2023, Og oferece aos pós-graduandos da UFV a disciplina Natureza da Pesquisa e Pós-Graduação (ENT 601), que aborda filosofia e prática da ciência.
Orientadoras, alunas e técnicas potencializam a Entomologia e se apoiam em busca de mais reconhecimento

Ainda muito pouco representadas na docência e em outras carreiras de grande prestígio no mercado de trabalho, as mulheres são atualmente cerca de 40% dos estudantes do mestrado e cerca de 50% do doutorado oferecidos pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia. No dia-a-dia do PPG, encontram em si mesmas pontos de empoderamento e inspiração, e ajudam umas às outras na desafiadora missão de seguir fazendo ciência e firmando espaços em uma sociedade ainda cheia de resistências e estereótipos.
Neste 8 de março, reunimos depoimentos de algumas das mulheres que fazem a força de trabalho da Entomologia. Elas falam sobre seus desafios, seus caminhos e suas fontes de inspiração!

“A professora Terezinha Della Lucia foi minha grande inspiração. Forte! Pioneira! Foi minha colega de trabalho por mais de 10 anos, quando dividimos as aulas de invertebrados. Como eu, formou-se em biologia, era professora de invertebrados e entomologista e tinha 3 filhos. Nos momentos mais desafiadores, me inspira até hoje e sempre tem um ótimo conselho e uma palavra de conforto para me dar. Atualmente, 100% das estudantes vinculadas ao laboratório que coordeno são mulheres. Concluo que sem elas não seria possível prosseguir!”
Maria Augusta Lima Siqueira, professora orientadora (acima, à direita)
“Na nossa sociedade, ainda é muito forte a ideia de que a mulher é a principal responsável por manter a casa em ordem e criar os filhos (“ser a rainha do lar”) e, sem dúvidas, ver mulheres no meu ambiente de trabalho que conseguem investir na carreira e na família, até mesmo sendo mãe solo, é inspirador. Por muito tempo eu achei que teria que escolher entre um ou outro, mas elas me mostram que é possível encontrar um balanço. A Maria Augusta, minha orientadora atual, tem sido uma grande incentivadora minha. Talvez se não fosse por ela, eu nem teria entrado no doutorado da Entomologia. Eu achava que não conseguiria ser selecionada, pois é um programa muito concorrido, mas ela me incentivou e eu resolvi pelo menos tentar, e acabei sendo selecionada. Agora também que estou me preparando para fazer doutorado sanduíche na Itália, e ela tem me ajudado muito. A Maria Augusta é uma profissional bem sucedida e com uma família linda, e ela entende bem que a vida profissional não é tudo, a pessoal também importa. Nós mulheres temos o mesmo potencial acadêmico que os homens. Ainda há uma ideia de que mulheres são muito sensíveis e pouco obstinadas para cargos de liderança, mas vemos laboratórios liderados por mulheres sendo tão produtivos quanto os liderados por homens. Espero que a presença de mulheres continue crescendo não só na entomologia, mas na ciência em geral. Por muito tempo esse espaço foi negado às mulheres, mas estamos mostrando que nós pertencemos aqui e somos tão competentes quanto os homens.”
Lívia Negrini, doutoranda (acima, à esquerda)

“A presença e a representatividade das mulheres em uma profissão são importantes para a igualdade de gênero, a diversidade de perspectivas e ideias e para inspirar as gerações mais novas a buscar seus sonhos profissionais. Quando as mulheres são encorajadas e apoiadas em suas carreiras, seja como professoras ou técnicas, elas podem trazer habilidades e experiências únicas para o local de trabalho, contribuindo para um ambiente mais inclusivo e inovador. Além disso, a presença de mulheres em posições de liderança pode servir como um modelo inspirador para outras mulheres e incentivar a próxima geração de mulheres a buscar suas próprias ambições profissionais e perseguir seus sonhos. A presença de colegas acaba sendo uma fonte de encorajamento e motivação, especialmente em momentos em que as mulheres enfrentam desafios profissionais ou pessoais. Poder compartilhar experiências semelhantes com outras mulheres pode fornecer um senso de pertencimento e normalizar situações que podem ser vistas como únicas ou isoladas. Para além de ter sido minha orientadora de mestrado, Karla Yotoko (na foto acima, com seu grupo de pesquisadoras) é uma orientadora de vida, uma amiga, uma grande companheira de diversas batalhas. Em tudo que perpassa a vida acadêmica, é ela minha referência. Uma professora muito dedicada, apaixonada pela profissão, uma cientista muito criativa, inteligente, crítica e, sobretudo, ética. Ah, eu amo esse furacão de olhinhos puxados!
Dentre minhas colegas de trabalho, gostaria de destacar a Eliane, pois além de admirá-la como a profissional extremamente competente que ela é, já vivemos momentos muito significativos juntas, acolhendo e dando apoio uma à outra. Também tem sido muito gostoso conviver com a alegria da Cheyene, com a sabedoria e serenidade da Nívea, e com o carinho com que a Diana nos trata.”
Verônica Fialho, egressa do PPG e técnica (primeira à esquerda na foto abaixo)

“Minha formação é fruto de meu esforço pessoal. E isso foi mais marcante durante o mestrado. Realizei aos 36 anos, conciliando o trabalho na UFV, casada, com 2 filhos (na época do início do mestrado estavam com 5 e 9 anos). Então a cobrança pessoal é forte. Sinto que, como mulher, precisamos nos esforçar mais. Não era só o mestrado a realizar. Juntamente eu tinha uma casa para administrar, filhos para cuidar e trabalho da UFV. Apesar de ter tido apoio do meu marido, é diferente. Para a maioria da sociedade, de forma ancestral, a imagem feminina está atrelada a uma figura doméstica, nascida para a maternidade. Para seguir carreira profissional precisamos estar preparadas para dupla ou tripla jornada de trabalho. As mulheres carregam responsabilidades, funções e cobranças muito enraizadas. Estamos conectadas o tempo todo em tudo que está à nossa volta. Então precisamos nos esforçar muito mais, para dar conta de tudo, e conseguir destaque na área acadêmica.
Potencialmente, não vejo diferença nenhuma em produções científicas realizadas por homens ou mulheres. O que vejo, infelizmente, e ainda, é um número reduzido de mulheres neste meio. Na Entomologia, atualmente temos 40% de discentes mulheres no mestrado. No doutorado esse número melhora tendo pouco mais de 50% de discentes mulheres. No entanto, no quadro de orientadores do Programa (20), somente 4 são mulheres; e destas 2 são colaboradoras (não são permanentes). Com relação a docentes do DDE isso piora ainda mais: 12 docentes, todos homens. Onde estão as mulheres? Será que elas têm as mesmas condições de se dedicarem de forma exclusiva aos estudos e seguir uma carreira científica?”
Eliane de Castro Silva, técnica (segunda da esquerda para a direita, na foto acima)
“A importância das mulheres na minha rotina tem a ver com acolhimento, pertencimento. Por sermos minoria ainda, sobretudo nos níveis mais elevados da ciência, quando você se encontra em um ambiente de excelência acadêmica, ter outras mulheres que entendem as suas questões é muito importante. Eu, no caso, sou mãe, crio sozinha duas crianças… então o olhar de outras mulheres, entendendo minhas preocupações, é muito importante. Na minha trajetória, não houve uma mulher específica que me tivesse apoiado, até porque eu nunca tive orientadora. Mas houve sim colegas que fizeram parte da minha vida e tiveram esse mesmo olhar de acolhimento, principalmente as que são mães. O maior apoio de mulheres que eu tive foi das mulheres que ficaram na minha retaguarda em casa, sobretudo uma pessoa que trabalhou comigo, criou meu filho caçula do nascimento até os sete anos. Se eu tenho um doutorado hoje é graças a ela, e a minha mãe. É a essas mulheres que eu devo a minha vida acadêmica.
O potencial da ciência feita por mulheres hoje é rigorosamente o mesmo que o dos homens. Desde que a mulher tenha uma estrutura de vida, não tem absolutamente o que as mulheres deixem a desejar em relação aos homens. Vejo, nas novas gerações, que, apesar do machismo residual, quanto mais o tempo passa, com a renovação dos professores, orientadores, a tendência é os espaços se igualarem. Antes tarde do que nunca!”
Nivea Pacheco, técnica (a quarta da esquerda para a direita, na foto acima)

“Acho que a importância de minhas colegas de trabalho é justamente mostrar as possibilidades, sabe? Você vê mulheres que são mães de um, dois ou mais filhos dando conta de pesquisas incríveis, mulheres que cuidam de suas famílias, mulheres que passaram por batalhas internas, mas estão ali dando o melhor de si, que fazem parte de minorias e enfrentam batalhas ainda maiores…E acho que o melhor que aprendo com elas diariamente é que não precisamos provar nada pra ninguém e está tudo bem reconhecermos os nossos limites, isso também é vencer. O “ser Mulher” já carrega muita luta, pois em pleno 2023, ainda precisamos provar nosso valor no mercado de trabalho, lutar contra assédios, entre outros problemas.
Acho que por não terem desenvolvido os seus estudos como queriam, minha mãe e minha avó materna sempre me apoiaram em minha trajetória acadêmica. Principalmente a minha avó que veio da roça e teve que cuidar de todos os seus irmãos, pois eles perderam os pais muito cedo. Outra pessoa importante nessa trajetória foi a professora Dra. Marta Simone Freitas da UENF, que me orientou no meu primeiro IC logo no primeiro ano de graduação na UENF. Ela é uma mulher de muita garra, que batalhou muito pra chegar onde chegou e que inspira muitas mulheres e meninas na pesquisa. Assim como a minha coorientadora na época, a Thaísa Capato, que era mestranda, que me inspirou muito nessa trajetória. A minha atual orientadora no doutorado no programa, Madelaine Venzon, também me inspira muito! Ela se consolidou como um dos maiores nomes no Controle Biológico Conservativo, sendo mãe também, e admirada por muitos na área. Todas as mulheres com as quais tive a honra de trabalhar em conjunto por todos os laboratórios que passei, também são inspiração pra mim. A Dra Renata Pereira, atualmente post-doc na UENF na área de entomologia, é outra inspiração pra mim, admiro muito a dedicação que ela tem à pesquisa e à divulgação e ensino na entomologia. “
Laís Viana, doutoranda
Fotos: Rodrigo Carvalho Gonçalves
Café Entomológico promove troca de ideias nesta quinta, 02/03

Acontece nesta quinta-feira, dia 02 de março, às 8h30, no saguão da Entomologia, a primeira edição do Café Entomológico.
Estão convidados todos os discentes, docentes, técnicos e outras pessoas que estão envolvidas com o Programa de Pós-Graduação em Entomologia. A intenção é criar um momento de confraternização e troca, em um clima descontraído.
“A gente sabe que o cafezinho é querido por muitos aqui, ele faz parte da rotina dos laboratórios. Nossa ideia foi levar isso para o saguão para aumentar a oportunidade de integração entre os laboratórios e promover boas conversas”, explica Samuel dos Santos, autor da ideia ao lado de Lorene Reis. Desde janeiro, eles são os representantes discentes junto à coordenação do PPG. “Na nossa rotina, a gente fica tão afastado nos laboratórios, cada grupo trabalhando em suas respectivas pesquisas, que achamos que era importante promover esses encontros, para aumentar a sensação de pertencimento e de união do nosso programa.”
A primeira edição do evento coincide com a matrícula dos novos discentes, um motivo a mais para promover a integração e o diálogo entre todos. Além da comunidade diretamente vinculada ao PPG, estão convidados também os membros de outros programas associados aos laboratórios da Entomologia.
Professor Simon Elliot é vice-coordenador do INCT de Bioinsumos Inovadores

O professor Simon Elliot, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, é o vice-coordenador do recém-criado Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Bioinsumos Inovadores. A proposta foi aprovada em dezembro pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que vai financiar o projeto. A coordenação geral será feita pelo professor Italo Delalibera Júnior, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), que é parceiro de trabalho de Simon desde a década de 1990. Também faz parte do grupo a orientadora do PPG Madelaine Venzon, pesquisadora da Epamig.
A proposta dos pesquisadores é desenvolver uma rede de pesquisa em insumos biológicos capazes de atender aos setores agrícola, pecuário e da saúde, promovendo atividades que busquem a formação de recursos humanos, que potencializem as pesquisas sobre o tema no Brasil e que possam ajudar a criar políticas públicas para regular o uso de bioinsumos no país. “Hoje em dia, essa área de bioinsumo para manejo de pragas está muito forte no Brasil. Há muito interesse de empresas, start-ups, muita oferta de emprego, muita demanda por conhecimento e por produtos”, explica Simon. “Parte disso acontece por ser essa uma tecnologia mais sustentável, mas não é só isso. Muitas vezes, é somente esta tecnologia que funciona! Os bioinsumos usando fungos, por exemplo, têm tido um resultado muito expressivo.”
Além do financiamento público, a ideia é que o INCT busque recursos também junto a empresas da área, que têm visto o mercado crescer muito rapidamente e que se beneficiariam de uma maior organização do setor. “Não faremos um trabalho de regulamentação, mas sim de criação de políticas públicas, para ajudar a guiar os avanços nessa área”, explica Simon. “Há muitas empresas produzindo esses produtos, mas precisa haver controle de qualidade para, por exemplo, manter a cepa de um fungo. Precisa haver regulamentação, e a ideia é ser formador dessas políticas, em nível nacional e estadual.” Entre as formas de ação previstas pelo INCT estão também cursos e intercâmbios com parceiros já identificados na Dinamarca, no Canadá e na Inglaterra.
A expectativa de Simon é que as ações incluam diretamente mestrandos e doutorandos dos laboratórios envolvidos no instituto. “Esses jovens pesquisadores têm feito coisas incríveis em termos de, por exemplo, divulgação científica. Nossa ideia é alinhar com essas capacidades que eles têm, e criarmos um programa de formação de recursos humanos em que o estudante tenha oportunidade de desenvolver essas outras habilidades, e ao mesmo tempo ter contato com os outros grupos de pesquisa, para formar uma rede de fato.”
Foto: Aline Garcia