Professores da Dalhousie University e da Entomologia UFV desenvolvem pesquisas em conjunto sobre hormese

A Entomologia recebeu por quinze dias a visita do professor Christopher Cutler, da Dalhousie University (Canadá). Em parceria com o professor Raul Narciso Guedes, o professor canadense desenvolve pesquisas que buscam explorar efeitos potencialmente benéficos de pequenas doses de agentes tóxicos em inimigos naturais. Durante a sua estadia em Viçosa neste mês de janeiro, além de desenvolver atividades dos projetos  em andamento,  o professor  Christopher aproveitou para estabelecer contatos com a Diretoria de Relações Internacionais e a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV. E ele ainda participou da banca de defesa de tese do estudante Wagner Faria Barbosa.

A parceria entre os professores Christopher e Raul surgiu com a revisão de literatura sobre hormese que eles fizeram para o periódico Pest Management Science. Atualmente, os pesquisadores desenvolvem dois projetos em conjunto. O projeto “Good Stress for Good Insects: Assessing the Potential of Hormesis to Enhance Production of Biological Control Agents” é coordenado pelo professor da Dalhousie University e conta com o financiamento da agência canadense AUCC (Asssociation of Universities and Colleges of Canada). O objetivo da pesquisa é buscar condições de estresse que potencialmente favoreçam a produção de agentes de controle biológico de insetos-praga.

Já o segundo projeto, “Stress-Induced Hormesis in Arthropods and Potential to Pest Management”, é coordenado pelo professor Raul e financiado pelo CNPq na modalidade Pesquisador Visitante Especial. O objetivo é investigar o efeito de estresse subletal por inseticidas em artrópodes e o impacto potencial desse fenômeno no manejo de pragas.

Além da contribuição científica, o professor canadense destaca  que espera construir, em  longo prazo, uma colaboração produtiva entre os laboratórios dele e do professor Raul, em que estudantes do Brasil possam ir para o Canadá, e estudantes do Canadá possam vir ao Brasil para fortalecer suas habilidades científicas e “enriquecer as suas mentes” através do intercâmbio cultural.

Neste ano, dois estudantes da Entomologia, Vinícius de Abreu e Milaine Fernandes,  embarcarão para a cidade de Truro, onde ficarão por um ano sob a orientação do professor Christopher, na Dalhousie University. De acordo com o professor Raul, em 2016, outro doutorando da UFV também deverá embarcar para o Canadá. E espera-se que ainda em 2015, a Entomologia receba um estudante de doutorado da Dalhousie para uma estadia em Viçosa.

De acordo com o professor Christopher, esse tipo de cooperação internacional é fantástica em vários sentidos: seja pela troca de ideias e técnicas, como também pela rede de contatos que se estabelece e pela oportunidade para crescimento pessoal  e acadêmico dos estudantes.  O pesquisador canadense deixou bem claro a sua expectativa com relação a parcerias futuras: “Espero que nos próximos meses nós possamos estabelecer um acordo mais formal de colaboração entre a UFV e a Dalhousie University”.

Reunião Chris Cutler Entomologia UFV

Professor Christopher Cutler ( Dalhousie University) se reúne com orientadores e estudantes da Entomologia. 

Estudante da Entomologia conquista simultaneamente título de doutor pela UFV e pela Ghent University na Bélgica

O estudante Wagner Faria Barbosa acaba de obter dois títulos de doutor: um pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV e o outro pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas Aplicadas da Universidade de Ghent. A dupla titulação foi conquistada no dia 8 de janeiro, com a defesa da tese “Toxicity of reduced-risk (bio)pesticides on non-Apis bees”, na UFV. Além dos orientadores do Brasil e da Bélgica, a banca contou com a participação de professores da UFV e um membro externo do Canadá.

Mas até se chegar à defesa da tese, que culminou com a sua dupla titulação, Wagner percorreu um longo caminho com trâmites de processos entre os países. E antes da defesa, a tese passou por uma avaliação interna na Universidade de Ghent, uma série de avaliações externas, além da avaliação da comissão orientadora do candidato na UFV.

Quando Wagner foi para a Bélgica, a princípio, o objetivo era apenas o doutorado sanduíche. Sob a orientação do professor Guy Smagghe, ele foi para pesquisar os efeitos de bioinseticidas em espécies nativas de polinizadores. Contudo, assim que chegou à Universidade de Ghent, o seu orientador lhe falou sobre a possibilidade de obter o título de doutor lá também. E, claro, o estudante tratou logo de aproveitar a oportunidade e cumprir todas as exigências para a dupla titulação.

De acordo com Wagner, “o processo, no conjunto, foi bastante moroso. Ambas as universidades exigiram muitos documentos. Um fator que comprometeu o tempo para conclusão do processo de dupla titulação, foi a documentação legalizada que precisei apresentar em Ghent. Como fui despreparado, pois não sabia que isso poderia acontecer, nenhum dos meus documentos (históricos e diplomas da graduação e do mestrado) tinha passado pelo processo de legalização, que dependeu de cartórios, Itamaraty, tradução juramentada e do consulado da Bélgica no Brasil. Felizmente, com a ajuda do meu pai e do meu amigo Rômulo, os documentos puderam ser enviados para mim na Bélgica em tempo hábil para finalizar parte do processo lá”.

No Brasil, o estudante contou com a orientação do professor Raul Narciso Guedes. Para Wagner, o esforço de ambos os orientadores, os professores Guy e Raul, foi fundamental para que todo o processo de dupla titulação fosse concluído. E ele faz questão de agradecer: “Deixo os meus sinceros e humildes agradecimentos a esses exímios e brilhantes professores e pesquisadores. Sempre vou ter os dois como exemplo para minha carreira”.

E por falar em carreira, o, agora, Dr. Wagner iniciará o pós-doc na Entomologia/UFV. Ele pretende  trabalhar bastante, dar continuidade à parceria com o pesquisador belga e buscar uma posição de professor em uma das universidades federais brasileiras. “Meus planos são firmar os contatos, tanto nacionais como internacionais, que fiz durante o doutorado. Acho que isso é importante para uma carreira de êxito. Há ainda possibilidades de pós-dourado em outros países. Já tenho estabelecido alguns contatos na Alemanha e também na Bélgica com o professor Guy. Mas ainda há muitas oportunidades que devo avaliar com carinho” – comenta.

Sobre a parceria da UFV com a Universidade de Ghent, o professor Raul avalia que ela vai adiante. “Além da parceria formal firmada, com suporte da Entomologia, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e Diretoria de Relações Internacionais, foi possível a prospecção de outras iniciativas de interesse com mais cinco colegas da UFV, em Viçosa e Florestal”.

Mas como também destaca o professor Raul, “o maior beneficiado pelo esforço é o Dr. Wagner Barbosa. Foi dele também o maior empenho. A oportunidade e o reconhecimento são merecidos. A convivência com dois universos de pesquisa distintos, personalidades variadas e exigentes, e a expressão de sua capacidade em ambos cenários merecem elogios. A tese produzida, os quatro manuscritos gerados e o êxito da defesa também merecem o acompanhamento”.

Quem participou da defesa de Wagner garante que ela teve sabor especial, e não foi apenas pela dupla titulação inédita até então na Entomologia, e entre a UFV e a Universidade de Ghent. A ocasião foi comemorada com direito a chocolate e cerveja belga, garantidos pelo professor Guy¸ que ainda acrescentou uma boa dose do seu dinamismo e bom humor.

Participantes da defesa: Guy Smagghe (Ghent University, Bélgica), Lessando Gontijo (UFV-Florestal), Wagner Faria Barbosa, Maria Augusta L. Siqueira (Departamento de Biologia Animal/UFV), Raul Narciso Guedes, Terezinha Della Lucia e Chris Cutler (Dalhousie University, Canadá.

Participantes da defesa: Guy Smagghe (Ghent University, Bélgica), Lessando Gontijo (UFV, Florestal), Wagner Faria Barbosa, Maria Augusta L. Siqueira (Departamento de Biologia Animal/UFV), Raul Narciso Guedes, Terezinha Della Lucia e Chris Cutler (Dalhousie University, Canadá). 

Professor da Escola de Engenharia da USP traz à Entomologia contribuição sobre modelagem computacional em neurociência

Neste mês de dezembro,  o professor Carlos Dias Maciel, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, esteve em Viçosa dando continuidade às atividades do projeto “Insecticide toxicity changing insect neuronal networks: physiological and computational approaches”. O projeto é coordenado pelo professor da Entomologia Eugênio Eduardo de Oliveira e também conta com a participação do professor da University of Southampton , Philip L. Newland.

Aprovado no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras, o projeto trata do mapeamento neural do sistema nervoso de insetos. O objetivo é evidenciar quais redes neurais são mais importantes na percepção gustatória de agentes intoxicantes usados no controle de pragas de importância agrícola. Para entender como a percepção gustatória é controlada pelos insetos, os pesquisadores estão empregando técnicas de neurofisiologia e computacionais.  O professor Maciel trabalha na modelagem dos dados, desenvolvendo novos softwares. De acordo com o pesquisador, atualmente, eles estão trabalhando com modelos Bayesianos e estudo de diferentes circuitos neurais.

A exemplo do professor Newland que esteve em Viçosa no mês de outubro  e se mostrou otimista com os possíveis resultados da pesquisa, o professor Maciel também destaca suas expectativas: “Espero aumentar a colaboração com os demais pesquisadores e desenvolver novos modelos bioinspirados” – afirma o pesquisador.

Carlos Dias Maciel e Eugenio Oliveira

Professor Evaldo Vilela é o novo presidente da Fapemig

O fundador do programa de pós-graduação em Entomologia da UFV, professor Evaldo Ferreira Vilela, tomou posse nesta segunda-feira, dia 15, como presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), onde, até então, ocupava a diretoria de Ciência, Tecnologia & Inovação. Ele ficará à frente da Fapemig por um mandato de três anos.

Agrônomo formado pela Universidade Federal de Viçosa, com doutorado em Ecologia Química pela Universidade de Southampton (Reino Unido), Evaldo Vilela foi reitor da UFV de 2000 a 2004. Ele é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e membro-fundador da Sociedade Entomológica do Brasil (SEB). Responsável pela criação da pós-graduação em Entomologia na UFV, o professor Evaldo atua até hoje como orientador voluntário. Conheça um pouco mais sobre a sua história.

Foto: SIMI