Doutor em Entomologia é nomeado professor da UFMG para a área de Ecologia Terrestre

Nesta semana, o doutor em Entomologia Ricardo de Castro Solar foi nomeado professor do Departamento de Biologia Geral, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A aprovação em um concurso público já é motivo de imensa satisfação, ainda mais se tratando do primeiro concurso no qual um candidato se inscreve. O concurso da UFMG para a área de Ecologia Terrestre foi o primeiro que Ricardo tentou após concluir o doutorado em Entomologia, em 2014.

Ele fez pós-doc por dois anos e não se inscreveu em outros concursos nesse período. “Hoje em dia, com a qualidade dos doutores formados no Brasil, os concursos têm sido extremamente acirrados. Como são diversas etapas, cada uma exige um tipo de preparação. Para as fases de prova e aula, não há outra receita para conseguir a aprovação senão dedicar integralmente seu tempo para os estudos nos meses que antecedem o exame. Entretanto, uma fase que merece atenção redobrada é o currículo. Não se monta um currículo em dois-três meses! Ressalto a importância de um período de pós-doc bem aproveitado, pois neste momento você poderá tornar o seu currículo competitivo e concorrer numa melhor posição” – avalia.

A sua reflexão sobre a realidade vivida por muitos doutores no nosso país vai um pouco mais adiante: “O pós-doutorado ainda tem um papel secundário no Brasil, algo como uma espera pelo emprego. E não é assim! O pós-doc é um momento de amadurecimento científico do pesquisador, bem como um excelente momento para aprimoramento das habilidades didáticas. Julgo que os poucos mais de dois anos no pós-doutorado foram decisivos para a minha aprovação na UFMG, bem como para a qualidade das minhas publicações atuais e futuras”.

Chegadas e partidas

Natural da cidade de Ponte Nova (MG), Ricardo ingressou na UFV em 2004, no curso de Biologia.  Para ele, a escolha por Viçosa foi bem natural, não apenas pelos 45 km que a separam da sua cidade natal, mas também pela excelência da Universidade. “Nunca tive dúvidas em escolher um curso da área de Biológicas. O curso de Biologia sempre me fascinou, a amplitude de conhecimentos e áreas possíveis e também a possibilidade de dar asas à minha curiosidade. Viçosa apareceu à frente por vários motivos. O curso é de excelência indiscutível, como vestibulando ainda em 2003, todas as cartilhas e jornais o recomendavam. Além disso, a proximidade com a cidade dos meus pais foi decisiva. Na mesma época, fui aprovado para Farmácia, na UFOP, mas escolhi Biologia, na UFV”.

Por dez anos, Ricardo teve endereço certo na UFV, o Laboratório de Ecologia de Comunidades, coordenado pelo professor José Henrique Schoereder. Desde o início da graduação até o fim do doutorado, o professor José Henrique foi o seu orientador. E agora, colega de profissão, o sentimento de Ricardo é de gratidão. “O Zhé tem papel decisivo na minha formação, desde a abertura das portas do laboratório para um calouro em 2004, até o momento da minha defesa de tese. Durante estes anos, a figura ética e colaborativa dele como orientador me permitiram explorar a Ecologia em vários de seus conteúdos. Além das óbvias reuniões para discutirmos projetos e artigos, aprendi muito observando sua postura e decisões frente às mais distintas situações. Certamente, vou levar vários exemplos durante a minha carreira. Outro aspecto que merece destaque é a liberdade de construir os meus caminhos proporcionada pelo Zhé, que com certeza foi vital para que eu desenvolvesse o projeto de doutorado que desenvolvi. Sou muito grato por ele acreditar em mim e me dar liberdade para ir coletar na Amazônia por um ano, passar outro ano na Inglaterra e muitos meses em viagens entre Lavras e Viçosa”.

Se fosse para Ricardo definir em uma palavra a sua experiência de anos de estudos em Viçosa, seria bem fácil para ele: “Fantástica. Só essa palavra descreve a atmosfera que a UFV proporciona aos seus estudantes. Sair de Viçosa, entretanto, não é tão traumático quanto pode parecer. A cidade é acolhedora, os colegas que aqui ficam e os encontros de ex-alunos não permitem que o laço seja cortado”.

Nova carreira

Prestes a se mudar para a capital mineira, onde integrará o quadro de professores do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Ricardo garante que as expectativas para essa nova fase são as melhores possíveis. “A excelência da UFMG é indiscutível, bem como do seu quadro de professores. Poder integrar e colaborar com este grupo, bem como montar minha carreira em ambiente tão fértil, é um privilégio profissional que pretendo aproveitar e colher o máximo de frutos”.

Ricardo vai atuar na área de Ecologia Terrestre. “Este é um campo extremamente amplo, do qual eu trabalho diretamente apenas com uma pequena parte, impactos antrópicos e mudanças no uso do solo. Dentro deste tema os desafios são imensos! Um dos desafios são as limitações no entendimento da teoria ecológica e dos processos que governam as respostas das espécies aos impactos. Entretanto, outro desafio é conseguir estabelecer um diálogo frutífero entre nossos resultados e a conservação da biodiversidade, este já no âmbito político e social. Então, os desafios ainda são muito grandes, bem como as oportunidades de pesquisa e extensão. É uma área muito interessante, mas também de extrema relevância para o cenário global atual” – pondera.

Apesar de toda a satisfação proporcionada pela conquista profissional, o momento político atual no Brasil, com impactos diretos sobre a pesquisa e o ensino superior, deixa até mesmo os mais otimistas apreensivos. “Não é um momento de flores, definitivamente. Mas cabe a nós pesquisadores e (em breve nós) professores lutar a cada dia por uma melhora neste cenário. O ensino superior e a pesquisa são, talvez, dois dos principais caminhos para o pleno estabelecimento de uma nação. Precisamos usar de todas as nossas forças para colocar isso na cabeça dos nossos governantes (ou escolhê-los melhor) e do nosso povo. Mas, como parte da nova geração, nós temos que lutar sempre pelo reconhecimento da importância dessas atividades para um país com mais qualidade e igualdade” – ele destaca, revelando a sua disposição para enfrentar os desafios que a nova carreira lhe reserva.

Estudo que mapeia papel dos insetos para reverter degradação é destaque na Rede Gazeta

O estudo que o professor Paulo Sérgio Fiuza desenvolve juntamente com outros pesquisadores, no âmbito do Projeto Biomas, foi destaque na Rede Gazeta, no dia 31 de julho.

 Leia a seguir parte da matéria Estudo inédito mapeia papel dos insetos para reverter degradação, escrita por Rondinelli Tomazelli: 

Um estudo inédito sobre a população de besouros, mariposas e percevejos no bioma da Mata Atlântica auxiliará o Espírito Santo a identificar insetos que ajudam no desenvolvimento e recuperação de plantações, viabilizando até a redução do uso de inseticidas e demais produtos químicos na lavoura.

Financiado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a Embrapa Florestas e o setor privado, o “Projeto Biomas” mapeia todos os seis biomas brasileiros, situando suas pesquisas de campo da Mata Atlântica numa região entre Sooretama e Linhares. A mais recente rodada de estudos já analisa os insetos colhidos para posterior catalogação.

Uma das maiores autoridades mundiais em identificação de insetos, o Ph. D. em Entomologia Paulo Sérgio Fiuza Ferreira veio ao Estado desenvolver o trabalho em conjunto com o Incaper. Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o especialista reitera o pioneirismo do estudo. “Através desse levantamento surgirão novas tecnologias e conhecimentos para os reflorestamentos agroflorestal e naturais, verdadeiros bancos genéticos para o desenvolvimento agrário, pecuário e farmacológico. Daí vão se tirar muitas noções, é uma pesquisa pioneira, e o produtor só tem a ganhar com essa abordagem em diferentes disciplinas. É uma coisa nova”, anima-se.

Coordenador do projeto no Espírito Santo, o pesquisador do Incaper David Martins, também Ph. D. em Entomologia, explica que o trabalho usa os insetos como indicadores para ganho biológico dentro de uma área regenerada. No caso, acompanha-se a evolução de uma área privada e degradada de pastagem de 33 km, arrendada pela CNA – e onde está sendo plantado um sistema agroflorestal.

“Nessas duas semanas, estamos trabalhando com a identificação e organização das espécies, para ver quais trazem danos ou benéficos à agricultura, quais são vetores de doenças”, frisa. “Essa iniciativa vai contribuir, inclusive, com um projeto do Incaper de levantar a biodiversidade de insetos do Espírito Santo. Queremos reunir em um só catálogo todas as espécies já registradas no Estado”. Leia a íntegra da matéria na Gazeta Online

Disciplinas confirmadas para o segundo semestre de 2016

Na próxima segunda-feira, dia 1º de agosto, terão início as aulas do segundo semestre letivo de 2016, para os estudantes da pós-graduação. Confira a relação de disciplinas confirmadas para este período:

Disciplinas confirmadas 2016_2

Defesa de tese no dia 26 de julho

Discente: Wagner Calixto de C. Morais

Título: Aspectos reprodutivos de Palmistichus elaeisis Delvare & LaSalle, 1993 (Hymenoptera: Eulophidae)

Orientador: Prof. Jose Cola Zanuncio

Dia: 26/07/2016 (terça-feira)

Horário: 8h30min

Local: Sala de reuniões da Entomologia

Um tour pela história do Museu Regional de Entomologia

O museu de Entomologia da UFV possui um acervo regional do estado de Minas Gerais com mais de 100 mil exemplares, compreendendo diferentes ordens de insetos. Todo esse acervo, com representantes de diversos ecossistemas, fica disponível para consulta no Departamento de Entomologia. Os esforços para montar as primeiras coleções entomológicas tiveram início no ano de 1927. Nessa época, eram cerca de 40 mil exemplares, na sua maioria, insetos de importância econômica agrícola. No ano de 1978, o professor Paulo Sérgio Fiuza assumiu a curadoria do Museu Regional de Entomologia. Desde então, ele e a sua equipe são responsáveis pela ampliação, organização e preservação da coleção dentro dos moldes internacionais.

Os pesquisadores Diogo Alves de Mello, Edson Jorge Hambleton, Henrique Floriano Galante Sauer, Benjamim Thomaz Snipes e Frederico Vanetti foram responsáveis pelas primeiras coleções entomológicas na UFV. Trabalho que foi dado continuidade anos mais tarde pelo professor Fiuza. Desde que ele assumiu a curadoria do Museu, as principais contribuições para a ampliação do acervo têm sido por exemplares provenientes de projetos, teses e dissertações. Fiuza destaca que “a partir da década de 70, o horizonte de pesquisas se ampliou e vários projetos financiados por órgãos governamentais têm dado suporte a estudos sobre biodiversidade e análises entomofaunísticas em ecossistemas naturais e planos de manejo ambiental, que culminam em importantes relatórios, publicações e comunicações científicas, e farto material entomológico”.

_DSC7787Professor Paulo Sérgio Fiuza, curador do Museu Regional de Entomologia

O Museu Regional de Entomologia dá suporte às pesquisas através de identificações, empréstimos e consultas ao acervo. As coleções didáticas viabilizam disciplinas do Programa de Pós-Graduação em Entomologia e cursos de extensão para treinamento em taxonomia. O Museu ainda propicia estágios nas áreas de sistemática, taxonomia e organização de coleções entomológicas para técnicos, universitários, professores e pesquisadores.

Na última contagem, realizada em 2000, foram catalogados: 4267 espécies, 2043 gêneros pertencentes a sete ordens e 144 famílias. Embora seja necessária uma recontagem para atualização, esses números mostram a diversidade desse acervo entomológico regional. Segundo Fiuza, “o acervo de uma coleção entomológica é ‘a prova arquivada’ de exemplares de espécies que fizeram parte de pesquisas e abre recursos para novas descobertas e estudos. A diversidade do acervo de uma coleção regional tem uma grande importância para o histórico da biodiversidade, evolução ou degradação de um ecossistema que é alterado e, às vezes, deixa de existir pelo avanço das áreas agrícolas e pastoris. Ela é fundamental para a identificação de espécies como: pragas agrícolas, florestais, vetores de patógenos para a medicina humana e medicina veterinária; identificação e estudo de espécies que fazem parte de vários processos interativos ecológicos; identificação de espécies de risco que seja necessário à interceptação e quarentena de mercadorias no âmbito nacional e internacional. Os exemplares também são essenciais para pesquisas nas áreas de toxicologia, biogeografia histórica, filogenia e, obviamente, nos trabalhos de taxonomia como revisão de grupos, descrições, diagnoses, estudos morfológicos, entre outros”.

Acervo Museu  De olho no futuro

Fazem parte das metas do Museu, ampliar e facilitar o acesso da comunidade aos seus serviços. Segundo o curador, “o Museu vem procurando recursos para o estabelecimento de políticas e linhas de ação para o seu melhor gerenciamento, manutenção e ampliação das suas coleções entomológicas. Com novos recursos, as atividades rotineiras de curadoria, o desenvolvimento de projetos, atividades de extensão e o acesso aos bancos de dados das coleções serão visivelmente aprimorados com respostas rápidas e precisas aos pesquisadores e usuários”.

Dentre as ações desejadas para o aperfeiçoamento das atividades do Museu, também está a implementação de um projeto elaborado pelo professor Fiuza, voltado para a inclusão social de pessoas com necessidades especiais em espaços científicos. “I have a dream. Acredito que esse sonho poderá dar uma dinâmica na organização, ampliação e informatização do museu de forma extraordinária, levando resultados e contribuições não só à sociedade científica que tanto procura, mas também à sociedade em geral. E a UFV poderá ser pioneira e exemplo nesta iniciativa” – afirma o idealizar do projeto, que aguarda financiamento para sair do papel.

Hoje, estima-se que o acervo do Museu Regional de Entomologia possua mais de 100 mil exemplares. Mas apesar de manter essa vasta coleção permanente, o Museu ainda não possui um programa de visitação. “Para mim, é uma grande frustação não haver ainda um local adequado para exposição pública sobre os insetos. Já tive experiências em tempos passados ainda no hall do prédio da Biologia, onde se improvisavam exposições entomológicas esporádicas com atividades interativas. Sempre houve uma grande admiração do público em geral, principalmente, jovens e crianças. Já visitei vários museus nacionais e internacionais durante meu tempo de aperfeiçoamento e convênios e pude tirar muitas ideias para organizar uma exposição educativa, abrangendo vários temas de importância na área entomológica. Quem sabe não vamos ter ainda essa oportunidade, reunindo professores interessados, discutindo o assunto e colocando as ideias em prática” – finaliza com o otimismo de quem há quase 40 anos se dedica à organização e preservação desse patrimônio científico.

Alguns momentos que fazem parte da história do Museu:

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