Pesquisa revela eficiência de álcool combustível na amostragem de grilos de serapilheira

Buscando otimizar a condução de suas pesquisas com grilos, o estudante de doutorado em Entomologia da UFV, Neucir Szinwelski, sob a orientação do professor Carlos Sperber, desenvolveu estudos a fim de encontrar uma alternativa ao uso de formol para coleta dos organismos. Após vários testes, verificou-se que o álcool combustível é muito eficaz na amostragem de grilos de serapilheira.

Antes dos pesquisadores chegarem a este resultado, a substância utilizada para matar os organismos era composta por 80% de álcool comercial, 10% de glicerina PA e 10% de formol PA. Contudo, o formol degrada o DNA dos organismos. Assim, era preciso encontrar uma solução que tivesse efeito matador igual ou superior à substância que vinha sendo utilizada, que conservasse os grilos e que pudesse ser comprada facilmente próximo aos locais de coleta. O álcool combustível atendeu a todos esses requisitos.

No artigo “Ethanol Fuel Improves Pitfall Traps Through Rapid Sinking and Death of Captured Orthopterans”, publicado na Environmental Entomology, os pesquisadores demonstram que o álcool combustível tem grande eficiência amostral, pois mata rapidamente os organismos que caem nas armadilhas, impedindo que eles escapem. Isso possibilita capturar mais indivíduos e espécies do que com as demais soluções testadas. Acrescentando-se que o álcool combustível preserva o DNA dos organismos coletados.

Na realização dos testes, foram utilizadas armadilhas enterradas (pitfall). Foram testadas a capacidade de preservação do DNA, a atratividade e a eficiência mortífera do álcool combustível. Para testar o efeito matador, o álcool combustível foi comparado a outras duas soluções: 80% álcool comercial + 10 formol PA + 10% glicerina e 90% de álcool comercial e 10% de glicerina PA. Para os testes de preservação do DNA, além dessas três soluções, foram utilizados como controle indivíduos frescos, abatidos na hora.

Para verificar se o álcool combustível exerce algum efeito atrativo sobre os organismos, foram comparadas armadilhas contendo frascos PET com os seguintes conteúdos: água, álcool combustível, álcool comercial e caldo de cana. Por atrair grilos, o caldo de cana foi utilizado como efeito positivo. E a água como efeito negativo. Neucir explica sobre a importância de realizar o teste de atratividade: “nem sempre é bom atrair os organismos, porque você deixa de detectar os processos locais, visto que é impossível saber se os grilos que foram capturados são daquele local ou apenas morreram ali, vindos de outros lugares”. O estudo constatou que o álcool combustível não exerce efeito atrativo sobre os grilos.

Neucir afirma que a utilização do álcool combustível nos experimentos vem solucionar não apenas problemas com a amostragem, mas também com a compra e transporte da substância para fazer os experimentos. “O álcool combustível é barato e facilmente encontrado em qualquer região do Brasil. Hoje, o volume de álcool transportado durante as nossas coletas é pequeno, o que garante a segurança de todos os passageiros que viajam para fazer coletas e atende à legislação em vigor” – descreve. Neucir acrescenta que os testes com álcool combustível continuam, mas os pesquisadores já sabem que a substância é eficaz também na amostragem de outros grupos, como formigas e besouros.

Perfil: Paulo Fellipe Cristaldo

A República Tcheca foi o destino escolhido pelo estudante do doutorado em Entomologia, Paulo Fellipe Cristaldo, para aprofundar sua pesquisa na área de Ecologia Química. Paulo passou um ano na cidade de Praga estudando sinais químicos de cupins, com o objetivo de compreender como tais sinais estão envolvidos na convivência de diferentes espécies em um mesmo ninho. Ele se dedicou ao estudo de dois tipos de feromônios: de trilha e de alarme, além de estudar sinais de reconhecimento entre indivíduos.

Em Praga, Paulo contou com o suporte da Infochemical Team do Instituto de Química Orgânica e Bioquímica (IOCB), filiada à Academia Tcheca de Ciências. Paulo afirma que a Química fornece grande contribuição para compreender sobre o comportamento de insetos sociais. Contudo, no Brasil não tem pesquisadores que trabalham especificamente com Ecologia Química de cupins.

Durante os doze meses em que ficou na República Tcheca, Paulo se dedicou a analisar os resultados dos experimentos que fez no Brasil. Ele conta que antes de embarcar para Praga, em julho de 2012, três pesquisadores de lá vieram ao Brasil auxiliá-lo na coleta dos dados. Além da contribuição para o trabalho, garantindo a coleta correta, isso facilitou a sua adaptação quando chegou a Praga.

Há três meses de volta ao Brasil, Paulo está muito satisfeito com os resultados do doutorado sanduíche. O aprendizado de novas técnicas é um dos pontos que Paulo mais destaca. “O jeito deles fazerem ciência é diferente. Eles entendem bastante de teoria e têm foco no trabalho, tudo é sempre para ontem” – descreve.

Até mesmo o idioma que poderia, à primeira vista, parecer um empecilho à sua permanência no país, não foi. O idioma oficial do país é a língua tcheca. Para Paulo, estar num país que não tem o inglês como língua mãe torna a adaptação de um estrangeiro mais fácil, pois, com relação ao segundo idioma, o estrangeiro acaba ficando na mesma situação dos nativos. Paulo conta que os seminários no Infochemical Team, antes ministrados em tcheco, passaram a ser em inglês quando ele chegou a Praga.

Das cidades que já conheceu, Paulo garante que Praga é a mais bonita, confirmando aquilo que o seu co-orientador no Brasil havia lhe informado. O professor Eraldo Rodrigues de Lima falava: “Você está indo para uma das cidades mais lindas do mundo” – ele conta. Além da beleza, Paulo revela que a atmosfera da cidade também é impressionante. “A cidade ainda vive resquícios de um comunismo recente”. O regime comunista acabou a pouco mais de 20 anos no país.

Embora pareça um pouco inusitado ir para a República Tcheca, possivelmente o país poderia ser um destino desejado para muitos estudantes: “Lá tem uma das melhores e mais baratas cervejas do mundo” – Paulo informa. De modo geral, o baixo custo de vida em Praga também o impressionou. “Sempre tem aquela apreensão quando se vai para fora se a bolsa vai dar” – Paulo lembra ao afirmar que não há com o que se preocupar em relação a isso.

Paulo também destaca o apoio dado pela Capes durante o período em que esteve fora. Ele foi para a República Tcheca através do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) da Capes. Ele conta que a agência de fomento mandava e-mails periódicos de acompanhamento. E quando a República Tcheca sofreu fortes inundações decorrentes de chuvas torrenciais, a Capes entrou em contato com ele para saber se estava tudo bem, demonstrando uma atenção especial com os estudantes.

O clima foi mesmo um assunto para se preocupar. Das desvantagens sobre o período que passou em Praga, Paulo destaca o inverno cinzento. Amanhece às 10 h e anoitece às 15 h. A falta de sol foi o principal desafio para o brasileiro. “O frio, a roupa dá conta. Mas a falta de sol esbarra numa necessidade fisiológica mesmo” – afirma. Para não falar apenas de uma desvantagem, ele também inclui nesta pequena lista, a saudade.

Desde o mestrado, Paulo está sob a orientação do professor Og de Souza e pondera: “É muito cômodo trabalhar sempre com o mesmo orientador. Se você se permite viver uma nova experiência, você sai da sua zona de conforto”. E, claro, isso traz implicações. Mas como Paulo enfatiza, as desvantagens são tão pequenas perto das oportunidades. “Compreender como se faz e fazer bem feito o seu trabalho. Conhecer e mergulhar noutra cultura. Conhecer e aceitar pessoas diferentes. E melhorar o inglês, um idioma que você vai sempre precisar seguindo a carreira acadêmico-científica, tudo isso vale muito a pena” – ele conclui.

Entomologia UFV obtém nota máxima da Capes pela terceira vez consecutiva

O Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV obteve conceito 7 na Capes pela terceira vez consecutiva. O resultado da Avaliação Trienal 2013 foi divulgado nesta terça-feira, dia 10. Nas avaliações anteriores, realizadas em 2007 e 2010, a Entomologia UFV também obteve nota máxima, que é atribuída apenas aos cursos considerados de excelência internacional.

O Programa atua em diversas áreas: Entomologia Agrícola, Entomologia Médica, Ecotoxicologia de inseticidas, Ecologia, Morfologia, Fisiologia, Comportamento, Evolução, Taxonomia, Bioquímica, Fisiologia e Patologia de insetos. Atualmente, 110 estudantes estão vinculados aos cursos de pós-graduação em Entomologia da UFV, sendo 67 matriculados no doutorado e 43 no mestrado.

Durante o doutorado, o Programa incentiva seus estudantes a realizarem treinamento parcial, na modalidade sanduíche, em outras instituições internacionalmente reconhecidas. O Programa também recebe doutores de outras instituições nacionais e estrangeiras para treinamento em nível de pós-doutorado, bem como recebe alunos para doutorado sanduíche e intercâmbio.

No que se refere à inserção dos egressos no mercado de trabalho, 95,5% dos doutores que saíram da Entomologia estão em quadros de instituições de ensino, pesquisa e extensão. O setor público federal e estadual tem sido o maior empregador. Dos egressos, 50,5% atuam em instituições federais e estaduais de ensino superior, e 12,2% atuam em instituições públicas de pesquisa.

O corpo docente do Programa é composto por 25 membros, sendo um pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), um professor da University of Amsterdam (pesquisador colaborador) e 23 professores oriundos de diversos departamentos da UFV – Entomologia, Biologia Animal, Biologia Geral, Bioquímica e Engenharia Agrícola. Todos os docentes possuem doutorado e metade destes, pós-doutorado.

Em 2014, o Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV vai completar 30 anos. As atividades foram iniciadas em 1984, vinculadas ao Departamento de Biologia Animal. A princípio, era oferecido apenas mestrado. Em 1996, iniciou o doutorado. E em 2011, o Programa passou a ter sua base estabelecida no recém-criado Departamento de Entomologia.

Para saber um pouco mais sobre esta trajetória de excelência que a Entomologia vem construindo, veja alguns indicadores do Programa.

Kansas State University oferece bolsa para doutorado pleno na área de Genômica Ecológica/Fisiológica de Insetos

Quem deseja cursar doutorado pleno no exterior tem a oportunidade de concorrer a uma bolsa oferecida pelo Departamento de Entomologia da Kansas State University, nos Estados Unidos. A bolsa é para a área de Genômica Ecológica/Fisiológica de Insetos, com ingresso previsto para agosto de 2014.

Mestres que tenham proficiência em inglês (TOEFL) podem se inscrever para a seleção. Os interessados devem entrar em contato com o professor do Departamento de Entomologia da UFV, Raul Narciso Guedes.

Acesse entomology.k-state.edu e conheça o Departamento de Entomologia da Kansas State University.