Perfil: Paulo Fellipe Cristaldo

A República Tcheca foi o destino escolhido pelo estudante do doutorado em Entomologia, Paulo Fellipe Cristaldo, para aprofundar sua pesquisa na área de Ecologia Química. Paulo passou um ano na cidade de Praga estudando sinais químicos de cupins, com o objetivo de compreender como tais sinais estão envolvidos na convivência de diferentes espécies em um mesmo ninho. Ele se dedicou ao estudo de dois tipos de feromônios: de trilha e de alarme, além de estudar sinais de reconhecimento entre indivíduos.

Em Praga, Paulo contou com o suporte da Infochemical Team do Instituto de Química Orgânica e Bioquímica (IOCB), filiada à Academia Tcheca de Ciências. Paulo afirma que a Química fornece grande contribuição para compreender sobre o comportamento de insetos sociais. Contudo, no Brasil não tem pesquisadores que trabalham especificamente com Ecologia Química de cupins.

Durante os doze meses em que ficou na República Tcheca, Paulo se dedicou a analisar os resultados dos experimentos que fez no Brasil. Ele conta que antes de embarcar para Praga, em julho de 2012, três pesquisadores de lá vieram ao Brasil auxiliá-lo na coleta dos dados. Além da contribuição para o trabalho, garantindo a coleta correta, isso facilitou a sua adaptação quando chegou a Praga.

Há três meses de volta ao Brasil, Paulo está muito satisfeito com os resultados do doutorado sanduíche. O aprendizado de novas técnicas é um dos pontos que Paulo mais destaca. “O jeito deles fazerem ciência é diferente. Eles entendem bastante de teoria e têm foco no trabalho, tudo é sempre para ontem” – descreve.

Até mesmo o idioma que poderia, à primeira vista, parecer um empecilho à sua permanência no país, não foi. O idioma oficial do país é a língua tcheca. Para Paulo, estar num país que não tem o inglês como língua mãe torna a adaptação de um estrangeiro mais fácil, pois, com relação ao segundo idioma, o estrangeiro acaba ficando na mesma situação dos nativos. Paulo conta que os seminários no Infochemical Team, antes ministrados em tcheco, passaram a ser em inglês quando ele chegou a Praga.

Das cidades que já conheceu, Paulo garante que Praga é a mais bonita, confirmando aquilo que o seu co-orientador no Brasil havia lhe informado. O professor Eraldo Rodrigues de Lima falava: “Você está indo para uma das cidades mais lindas do mundo” – ele conta. Além da beleza, Paulo revela que a atmosfera da cidade também é impressionante. “A cidade ainda vive resquícios de um comunismo recente”. O regime comunista acabou a pouco mais de 20 anos no país.

Embora pareça um pouco inusitado ir para a República Tcheca, possivelmente o país poderia ser um destino desejado para muitos estudantes: “Lá tem uma das melhores e mais baratas cervejas do mundo” – Paulo informa. De modo geral, o baixo custo de vida em Praga também o impressionou. “Sempre tem aquela apreensão quando se vai para fora se a bolsa vai dar” – Paulo lembra ao afirmar que não há com o que se preocupar em relação a isso.

Paulo também destaca o apoio dado pela Capes durante o período em que esteve fora. Ele foi para a República Tcheca através do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) da Capes. Ele conta que a agência de fomento mandava e-mails periódicos de acompanhamento. E quando a República Tcheca sofreu fortes inundações decorrentes de chuvas torrenciais, a Capes entrou em contato com ele para saber se estava tudo bem, demonstrando uma atenção especial com os estudantes.

O clima foi mesmo um assunto para se preocupar. Das desvantagens sobre o período que passou em Praga, Paulo destaca o inverno cinzento. Amanhece às 10 h e anoitece às 15 h. A falta de sol foi o principal desafio para o brasileiro. “O frio, a roupa dá conta. Mas a falta de sol esbarra numa necessidade fisiológica mesmo” – afirma. Para não falar apenas de uma desvantagem, ele também inclui nesta pequena lista, a saudade.

Desde o mestrado, Paulo está sob a orientação do professor Og de Souza e pondera: “É muito cômodo trabalhar sempre com o mesmo orientador. Se você se permite viver uma nova experiência, você sai da sua zona de conforto”. E, claro, isso traz implicações. Mas como Paulo enfatiza, as desvantagens são tão pequenas perto das oportunidades. “Compreender como se faz e fazer bem feito o seu trabalho. Conhecer e mergulhar noutra cultura. Conhecer e aceitar pessoas diferentes. E melhorar o inglês, um idioma que você vai sempre precisar seguindo a carreira acadêmico-científica, tudo isso vale muito a pena” – ele conclui.

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