Carreira docente oferece oportunidades e desafios profissionais

A expansão do ensino superior brasileiro nos últimos anos e a consequente demanda por professores nas universidades federais tem atraído muitos profissionais para a carreira docente. Para se ter ideia, tomando como base apenas a Entomologia, de acordo com dados apurados em 2013,  49% dos doutores egressos estão empregados em instituições públicas de ensino superior. Mas essa oportunidade de inserção profissional  traz seus desafios, sobretudo no início da carreira.

Preparar e ministrar disciplinas, desenvolver pesquisas, participar de reuniões, atender aos alunos e cumprir a burocracia fazem parte de uma rotina que a professora Sabrina da Silva Pinheiro de Almeida conhece bem. Trabalhando no Campus da UFV Rio Paranaíba desde fevereiro de 2013, Sabrina compartilha um pouco da sua experiência docente: “O primeiro ano como professora você vive para preparar aulas. Tudo é muito novo e cada dia dentro da sala de aula é de aprendizado. Mas passado o primeiro momento, fica mais natural e prazeroso, pois você já sabe o que esperar. O que ninguém conta é a grande parte da burocracia necessária para que as coisas funcionem. Toma tempo e paciência, pois muitas vezes você tem que deixar de se dedicar ao ensino e à pesquisa para cuidar de papéis”.

Bióloga formada pela Universidade Federal de Ouro Preto, Sabrina fez mestrado na Universidade Federal de Lavras e doutorado e pós-doc em Entomologia, na UFV, sob a orientação do professor Carlos Sperber. Desde o mestrado ela pesquisa sobre a ecologia de besouros escarabeíneos, popularmente conhecidos como besouros rola-bosta. Em Rio Paranaíba, a professora Sabrina dá aulas para o curso de graduação em Ciências Biológicas, onde ministra várias disciplinas, como Ecologia Geral, Ecologia de Populações, Ecologia de Comunidades, Biogeografia, Educação e Interpretação Ambiental  e Trabalho de Conclusão de Curso I e II.

A professora  explica que como o Campus é relativamente novo, os professores ainda não conseguem ministrar apenas as disciplinas em que são especialistas e isso é “desgastante”. No que se refere às pesquisas, a professora Sabrina tem desenvolvido projetos de Iniciação Científica com alunos do curso de Ciências Biológicas, dando continuidade à linha que ela já trabalhava no doutorado e pesquisando sobre ecologia de outros organismos detritívoros em áreas de Cerrado da Região do Alto Paranaíba.

As atividades acadêmicas da UFV em Rio Paranaíba tiveram início no segundo semestre de 2007. Atualmente, o Campus oferece 12 cursos de graduação e um curso de pós-graduação, o mestrado acadêmico em Produção Vegetal.  De acordo com a professora Sabrina, “trabalhar em um campus novo traz grandes desafios, especialmente no que diz respeito à infraestrutura, como falta de equipamentos e laboratórios. Porém, trabalhar em um campus novo nos traz coisas boas também, como pessoas novas na carreira, com muito pique para o trabalho. Participar da construção daquilo que você acredita ser certo, ao invés de entrar em um sistema pré-estabelecido”.

Além da professora Sabrina, mais três egressos da Entomologia também atuam no Campus da UFV Rio Paranaíba, os docentes: Ézio Marques da Silva, Flávio Lemes Fernandes e Vinícius Albano Araújo.

Doutorandos participam de curso de Ecologia Química nos Estados Unidos

Os doutorandos Hernane Dias Araújo e Antônio Cláudio Ferreira da Costa participaram do Insect Chemical Ecology – ICE 14, curso realizado no período de 1º a 15 de junho, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Os estudantes, orientados do professor Eraldo Lima, apresentaram os trabalhos: “Discrimination of host plants and mating preference in two host strains of the fall armyworm, Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae)” e “Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) in Brazil: can an invasive species interfere with the chemical communication of a native species?”.

Durante duas semanas, os participantes ouviram palestras ministradas por 22 especialistas de diferentes países. A programação contou com uma viagem de campo para pomares no sul da Pensilvânia, onde foi possível acompanhar a utilização de semioquímicos de forma aplicada. Além da apresentação de trabalhos e sessões de discussão em grupo, houve ainda uma experiência prática de laboratório utilizando várias técnicas em pesquisa com semioquímicos.

O Insect Chemical Ecology é realizado desde 2003. A cada edição o curso é sediado em um local diferente, alternando entre o Centro de Ecologia Química da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State University), a Universidade Sueca de Ciências Agrícolas (SLU Alnarp) e o Instituto Max Planck de Ecologia Química, na Alemanha.

Perfil: Katherine Girón Pérez

Há seis meses, a colombiana Katherine Girón Pérez concluiu o doutorado em Entomologia e assumiu o cargo de pesquisadora associada sênior na DuPont Pioneer no Brasil, multinacional norte-americana que atua no mercado de híbridos de alta tecnologia. Katherine defendeu sua tese no final de novembro de 2013, e no início do mês seguinte já estava atuando na DuPont.

Katherine se diz realizada com a oportunidade de seguir aprendendo  e continuar fazendo pesquisa, que é o seu principal objetivo: “Sempre quis ser pesquisadora. Ter como base a descoberta, o porquê das coisas”. Mas a pesquisadora ressalva: não dá para separar a Katherine pessoa da profissional.

Por isso, quando questionada sobre o seu êxito em sair direto da pós-graduação para o mercado de trabalho, ela  atribui a aspectos da sua formação acadêmica e da sua personalidade. Segundo Katherine, para conquistar a vaga de pesquisadora na DuPont Pioneer, foi fundamental ela ter trabalhado com uma “área promissora” durante o doutorado, a sua pro-atividade e o domínio do inglês, além de ter como  primeiro idioma o espanhol.

Engenheira agronômica formada pela Universidad Nacional de Colombia, Katherine fez mestrado na ESALQ e doutorado na UFV, onde contou com a orientação do professor da Entomologia, Eliseu José Guedes Pereira. Durante o doutorado, ela trabalhou com manejo de resistência de insetos a plantas transgênicas. Katherine conta que o seu interesse por estudar  transgênicos surgiu em função da sua curiosidade. De tanto ouvir a respeito dos transgênicos no senso comum, ela foi buscar no rigor científico a resposta para alguns questionamentos.

Katherine avalia que fazer doutorado é difícil: “não basta ter preparo, é preciso ir além. Tem gente muito boa. Muitos têm conhecimento, mas atitude, poucos”. E foi com essa visão, muita determinação e força de vontade, que ela se inscreveu no processo seletivo da DuPont.

Katherine busca usar o medo a seu favor: “ou o medo te paralisa ou te estimula a superá-lo” – e claro, ela fica com a segunda opção. Com muita convicção,  Katherine conta que quando foi para a entrevista de seleção, ela não chegou apenas para aquela etapa, ela chegou para ficar. “Eu fui atrás. Tem que se impor. E deu certo” – resume.

Na véspera do início da Copa do Mundo no Brasil, a colombiana prepara as malas para os Estados Unidos, onde fará um treinamento na área de manejo de resistência. Ela embarcará no dia em que a Copa começa e garante que vai torcer a distância. Mas que desculpem os amigos brasileiros: a torcida é para a seleção da Colômbia.

Futebol à parte, a colombiana que fixou residência no interior de São Paulo destaca: “o brasileiro gosta de compartilhar com outros povos e as oportunidades são boas no país”. Contudo, ela deixa claro: “como a terra da gente não tem igual. Morar fora é pesado. Você abre mão de muita coisa”. Mas como Katherine bem sabe “é preciso driblar as adversidades. O sucesso depende da nossa capacidade de sair da zona de conforto”.

Entomologia divulga o resultado final do Processo Seletivo 2014/II

Saiu o resultado final da seleção ao Doutorado e ao Mestrado. Confira!

Resultado final MESTRADO

Resultado Final DOUTORADO 

Pesquisa demonstra que plantio associado de café com outras plantas melhora o controle de pragas

Uma investigação conduzida pela estudante de doutorado em  Entomologia, Maíra Queiroz Rezende, demonstrou que a associação de árvores de ingá com café em sistemas agroflorestais, pode melhorar o controle natural de duas importantes pragas: o bicho-mineiro e a broca-do-café. Isso porque os nectários extraflorais do ingá são alimento para os inimigos naturais. Em outras palavras, a maior oferta de alimento atrai mais predadores e parasitoides, que são responsáveis pelo controle natural dessas pragas.

Os resultados da pesquisa, que contou com a orientação da pesquisadora da Epamig e professora da Entomologia, Madelaine Venzon,  foram publicados na  Agriculture, Ecosystems & Environment, no mês de abril. No artigo “Extrafloral nectaries of associated trees can enhance natural pest control”, os autores descrevem que a diversidade vegetal pode aumentar populações de inimigos naturais, porque algumas plantas podem fornecer alimentação alternativa. E o néctar pode ser um desses alimentos.

Nectários são estruturas vegetais que segregam o néctar, solução açucarada que atrai insetos, aves e outros animais. Os nectários que se encontram em porções vegetativas das plantas são denominados nectários extraflorais. Plantas produtoras desses nectários são conhecidas por sofrer menos com a herbivoria. Mas até então, pouco se sabia sobre o efeito dessas plantas na herbivoria de plantas vizinhas.

Assim, o objetivo do trabalho foi investigar se nectários extraflorais de uma planta associada ao café pode melhorar o controle natural do bicho-mineiro e da broca-do-café, as duas pragas de maior relevância na cafeicultura. Existem diversas espécies de plantas consorciadas com café que possuem nectários extraflorais. O estudo se dedicou a investigar o ingá porque é uma árvore bem comum em sistemas agroflorestais e também pelo fato dos agricultores relatarem a sua capacidade no controle de pragas. O estudo foi desenvolvido no período de janeiro a maio de 2010, em cinco sistemas agroflorestais de café no município de Araponga (MG), localizado na Mata Atlântica.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos visitantes de nectários florais do ingá foram predadores e parasitoides, sendo que a maior parte dos predadores visitantes são inimigos naturais de pragas do café. Com mais visitantes nos nectários, o parasitismo do bicho-mineiro aumentou. Já a proporção de folhas de café minadas e de frutos brocados diminuiu, demonstrando assim, o benefício dos nectários extraflorais de árvores associadas para o controle natural de pragas na cafeicultura.