A Royal Society Open Science publicou neste mês de dezembro um artigo de autoria do doutor em Entomologia, Renan Batista Queiroz, fruto de pesquisas desenvolvidas durante o seu período de doutorado sanduíche no Sultanato de Omã, país situado no Oriente Médio. No trabalho intitulado “Invasive mutualisms between a plant pathogen and insect vectors in the Middle East and Brazil” foi avaliado o sistema envolvendo o fitopatógeno fitoplasma e os insetos vetores do mesmo. O fitoplasma causa a doença conhecida como vassoura de bruxa do limoeiro (WBDL em inglês).

Para o estudo, o sistema foi avaliado em dois países: “Em Omã, a vassoura de bruxa do limoeiro tem ocasionado sérios problemas e dizimado plantios, com sintomas bem evidentes. Já no Brasil, apesar de termos o patógeno, as plantas infectadas são assintomáticas” – destaca o primeiro autor do trabalho.

Os pesquisadores testaram a capacidade de dois insetos invasores, Diaphorina citri e Hishimonus phycitis, como potenciais vetores do fitoplasma. Depois testaram a influência do fitoplasma no fitness da espécie invasora D. citri e o potencial de plantas daninhas como reservatórios desse fitopatógeno. Por fim, testaram a pressão de inóculo via insetos vetores infectados, para identificar em qual período do ano e em qual local a transmissão do fitoplasma é maior.

No estudo, identificou-se que duas espécies de plantas daninhas, Phyllantus maderaspatensis e Ageratum conyzoides, muito comuns nos cultivos de citros em Omã, são hospedeiras do fitoplasma. De acordo com os resultados obtidos, Renan recomenda que “a produção de limão galego em climas e estações do ano mais frias pode ser uma estratégia para diminuir a pressão de inóculo e produzir mudas sadias e, consequentemente, restabelecer a produção de citros em Omã”.

O pesquisador alerta que “por ser uma interação relativamente recente (fitoplasma e inseto vetor), pelo fitoplasma já ter sido identificado no Brasil em plantas assintomáticas e pelo inseto vetor D. citri estar presente em várias regiões brasileiras, a doença da vassoura de bruxa pode se tornar um grave problema para a produção de citros também no Brasil”.

Esse estudo faz parte das pesquisas desenvolvidas no âmbito do projeto de cooperação Vale/UFV/Omã, que visa o combate de pragas na produção de manga e limão, produtos significativos para a economia omani. A cooperação é uma parceria entre a UFV, a Sultan Qaboos University (SQU) e o Ministério de Agricultura de Omã, com pesquisas financiadas pela Vale, empresa que possui uma unidade pelotizadora em Omã.

Renan atuou numa das frentes desse projeto de cooperação internacional, desenvolvendo pesquisas para a recomendação de manejo de doenças de limão galego (Citrus aurantifolia). Ele concluiu o seu doutorado em Entomologia em 2014 e desde então é pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Mas Renan destaca que as pesquisas tiveram prosseguimento: “Após a minha saída, foi dado continuidade ao projeto, com pesquisas no Brasil, principalmente, pelo Dr. Philip Donkersley, a quem gostaria de agradecer por toda a ajuda. Além dos demais autores que contribuíram muito e deram todo o suporte para que esse trabalho e, consequentemente, o artigo fosse publicado” – finaliza.