Perfil: Raul Narciso Carvalho Guedes

“O fato é que insetos incitam a minha curiosidade e se apresentam como modelos de trabalho muito interessantes para mim”. A constatação pessoal é do pesquisador que conquistou a última edição do Prêmio Funarbe de Reconhecimento em Pesquisa, o professor Raul Narciso Carvalho Guedes. O Prêmio visa “homenagear os pesquisadores comprometidos com a captação de recursos e a produção científica de excelência”. Características que, por sua vez, permeiam a carreira do professor titular do Departamento de Entomologia da UFV. São 25 anos de docência, dedicados à formação de recursos humanos e à pesquisa dos efeitos adversos de inseticidas em “sistemas entomológicos”. Uma busca constante pela produção científica de qualidade, que se iniciou enquanto ele ainda era estudante na UFV e foi paulatinamente alcançando inserção internacional.

Antes de tudo, vale fazer uma breve passagem pelo seu currículo. Em 2011, ele foi nomeado Fellow of the Royal Entomological Society. Foi coordenador do PPG em Entomologia (2009-2013). Membro da comissão coordenadora do PPG em Bioquímica Agrícola (2010-2014) e membro do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFV (2009-2011). Foi membro da Câmara de Assessoramento de Ciências Biológicas e Biotecnologia da Fapemig entre 2010 e 2012. Diretor-Científico da Funarbe entre 2011 e 2014. É membro da Câmara de Biologia Aplicada da Research Foundation – Flanders (Bélgica) e docente adjunto da Dalhousie University (Canadá). É membro do comitê permanente da International Working Conference on Stored Product Protection e integra o comitê editorial de vários periódicos científicos.

 Produção científica

Ao todo são 289 artigos completos publicados em periódicos até hoje. Tomando como referência apenas uma base de dados, só na Web of Science, ele totaliza 236 trabalhos, 3139 citações e Fator H 31. Nos últimos 15 anos, o professor Raul captou cerca de 1,2 milhões de reais em projetos não institucionais, gerenciados pela Funarbe. Ele avalia que essa é “uma captação razoável de um pesquisador ativo da instituição” e vê, “com pesar, tal captação ser pouco frequente”. Para o pesquisador, “o destaque cabe mais ao fato de conseguir reverter uma captação mediana em uma produção científica de qualidade e consistente ao longo do tempo e que tem sido efetivamente consultada, utilizada”.

Basta dar uma olhada no seu currículo Lattes para perceber que, sem dúvidas, a sua bibliografia é referência na área de Ecotoxicologia de Inseticidas. Dentre todos os trabalhos realizados, ele afirma não ser possível destacar um: “Acredito que o melhor ainda é aquele que eu vou fazer. Tenho tido a satisfação de integrar alguns trabalhos em áreas bem diferentes nos últimos anos. A interação com alguns docentes mais jovens da UFV tem sido particularmente profícua e criativa. Outros colegas mais antigos sempre renderam boas colaborações e vários dos meus trabalhos mais interessantes são exatamente com eles. Na realidade, uma coisa que gosto na UFV é a receptividade que tenho em termos de colaborações com outros colegas explorando ideias diferentes. Mais recentemente tenho recebido muitos convites para escrever artigos de revisão e opinião, o que tem sido extremamente instrutivo. Tenho gostado desta experiência, pois me possibilita desenvolver novas ideias ao identificar lacunas de conhecimento ou percepções questionáveis, além de me incentivar a buscar novas metodologias e abordagens. Este exercício tem sido prazeroso, apesar de demandar esforço extra”.

 Início na UFV

Esforço pelo visto foi o que não lhe faltou desde que chegou a Viçosa (MG), em 1985, como estudante do curso de Agronomia. “Sempre gostei de biologia animal, com uma queda por genética e evolução. O meu primeiro ano foi curioso e importante, pois nele descobri que gostava de cálculo diferencial e integral, que química e física aplicadas tinham seus apelos, e biologia não representava grande surpresa em termos de aptidão”.

Da vida estudantil, o professor Raul recorda várias histórias, “todas na UFV, pois vivíamos imersos nela. A maioria refletindo as dificuldades e apertos do período, já que o nível de exigência da UFV era bem elevado, requerendo que tirássemos um mínimo de 75% para não irmos para prova final. No caso da minha turma, como pegamos mudança de currículo de Agronomia, passando de um mínimo de quatro para cinco anos e nossas novas disciplinas sem sequer aprovação pelo Conselho Universitário, a coisa foi bem complicada. Fiz disciplinas que ninguém mais fez depois, inclusive, Meteorologia Agrícola. Todas obrigatórias. Só no final do curso pudemos escolher cursar duas ou três disciplinas optativas de um total de seis” – relembra. Nessa época também ele teve aulas com “algumas figuras mitológicas da UFV”, como os professores Matozinhos (Fitotecnia) e Sérvulo (Solos), e teve breve contato com os professores Milgar (Entomologia) e Hélio (Meteorologia), só para citar alguns.

As suas primeiras oportunidades na Universidade foram como monitor de Genética Básica e depois como estagiário no Departamento de Solos. “Somente depois destas oportunidades tentei estágio na Entomologia, onde não consegui. Contudo, acabei conseguindo estágio em Entomologia de Produtos Armazenados no Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (Centreinar), onde tive bolsa de iniciação científica e depois cheguei a trabalhar por um ano, antes de ser contratado pela UFV como professor assistente”.

 Área de interesse

Após a graduação, ele ingressou no mestrado em Entomologia, também na UFV, sob a orientação do professor José Oscar Gomes de Lima. “Um bônus adicional do meu mestrado foi o incentivo em tentar o doutorado no exterior, em minha área de interesse – Toxicologia de Inseticidas, que era muito carente no Brasil. Na verdade, a carência ainda persiste, mas uma nova geração promissora de colegas promete reverter o quadro” – pondera com otimismo. O desejo de seguir no doutorado foi adiado, já que ele havia passado no concurso para professor da UFV.

O professor Raul começou as atividades docentes em novembro de 1992. “O meu início na UFV foi interessante, com muitas aulas, mas em boa companhia com os novos colegas – Marcelo Picanço e Angelo Pallini. Ainda assim foi possível explorar alguns experimentos em colaboração com o Marcelo, com quem me diverti muito à época. O Og estava completando o doutorado na Inglaterra e só vim a interagir com ele após o meu retorno do doutorado. Uma grata surpresa que tive no período inicial da minha docência foi que descobri gostar de dar aulas, o que tinha minhas dúvidas a respeito”.

Entomologia Agrícola_18 mar 2016

Após dois semestres como professor na UFV, o pesquisador foi para os Estados Unidos, fazer doutorado em Entomologia, na Kansas State University.  “O meu retorno ao Brasil aconteceu em meados de 1997, com novas ideias e conceitos a serem postos em prática e testados. O meu reenquadramento na UFV aconteceu logo após o meu retorno, quando passei a professor adjunto”.

 Inserção internacional

Além das novas ideias e conceitos, o recém-doutor trouxe consigo o desejo ainda mais evidente de inserção internacional. Mas ele sabia que isso seria fruto de um desenvolvimento paulatino e consistente do seu trabalho. “Logo que retornei ao Brasil, notei que teria mais dificuldade de publicar aqui do que no exterior, pois a minha área de pesquisa foi e ainda é fruto de negligência no país, onde tem foco extremamente restrito. Assim, a dificuldade é maior para se conseguir revisores adequados, incorrendo em atrasos e problemas. No exterior, o meu material era mais facilmente compreendido e aceito, até porque a minha área estava em plena expansão na América do Norte e Europa. Até hoje a minha pesquisa ainda desfruta de boa receptividade nestas regiões, inclusive porque foge um pouco das priorizações nelas. Acabo favorecido como um elemento reconhecido como de inesperada criatividade nestas regiões e que tem tido boa aceitabilidade. Até quando eu não sei, mas sempre é possível explorar aspectos novos, mesmo em coisas, conceitos ou situações antigas”.

O pesquisador desfruta de grande reconhecimento no exterior. Em 2013, esse reconhecimento veio em forma de premiação. Naquele ano, o Departamento de Entomologia da Kansas State University, onde o professor Raul fez o doutorado, conferiu a ele o Alumnus Distinguished Award, prêmio entregue anualmente a um ex-aluno que construiu uma carreia de sucesso.

 Aperfeiçoamento

Além da Kansas State University, o pesquisador teve passagem por outras instituições fora do Brasil. Foram três pós-doutorados: na University of Leicester, na Inglaterra (2002); no USDA Grain Marketing and Production Research Center, nos Estados Unidos (2007); e na Carleton University, no Canadá (2008). Atualmente, ele vive período sabático nos Estados Unidos, onde após viabilizarem auxílio financeiro para sua ida e estadia, o professor Raul deverá cumprir contrato de trabalho com duração prevista de dois anos, no USDA. “A expectativa é de que esteja definitivamente de volta ao Brasil em junho de 2018. Tenho mantido meu envolvimento com a UFV e a pós em Entomologia via e-mail, Skype e videoconferência. Até tem funcionado melhor do que o esperado, apesar de eu ainda guardar desconforto em manter interlocução remota com meus orientados” – avalia. Raul e alunos

Para ele, a relação que mantém com os alunos é bem tranquila (pelo menos é o que ele acha!). “Eu era bem exigente e particular no início da minha carreira na UFV e sem muita paciência com burocracia ou falta de conformidade ou empenho (pelo menos como eu percebia tal empenho). Acho que fui melhorando com o tempo e sabendo lidar melhor com a diversidade de pessoas com o qual a gente encontra, e a forma com que pensam ou executam as coisas. Neste aspecto, o doutorado nos EUA foi bem importante, assim como minha estadia na Inglaterra. Com o tempo, acho que passei a reconhecer melhor até onde poderia ir com cada estudante e possibilitar a eles mais autonomia. Os de maior potencial e dinamismo usufruem melhor disto, os demais cumprem as metas e quesitos necessários conseguindo uma boa formação. Normalmente, todos excedem minhas expectativas iniciais, o que me deixa gratificado”.

 Desafios

As mudanças não pararam por aí. Outra situação que lhe era bastante desconfortante, hoje já não o é como antes.  As apresentações orais (e em outro idioma) eram um verdadeiro desafio, mas ele acredita que vêm melhorando. “O pessoal é bem paciente e de forma geral aceita bem meus maneirismos. Acho que estou melhorando nas minhas apresentações. Ainda gasto um tempo grande para prepará-las, mas elas têm saído como pretendido e a receptividade anda boa. O pessoal continua me convidando para palestras, mesmo sabendo que eu preferiria evitá-las (ao menos em outro idioma), ou talvez exatamente por isto. Costumam, inclusive, me ajudar nas apresentações. Em uma apresentação plenária na Tailândia, o sistema de projeção congelou e me deixou sem ação, apesar dos slides iniciais da minha apresentação terem causado até certa euforia em alguns. Contudo, alguns colegas resolveram quebrar o protocolo e adiantaram perguntas enquanto o pessoal ajeitava o sistema. Foi legal e pude retribuir o favor já em duas ocasiões, inclusive em sessão do Congresso Internacional de Entomologia”.

Se por um lado alguns desafios vêm sendo superados a contento, outros, nem tanto. “O nosso foco é o desenvolvimento de recursos humanos de alta qualificação e isto ainda tem sido um desafio, principalmente na minha área. Já tive a oportunidade de participar da formação de gente muito boa, extremamente gabaritada. Contudo, o número é bem aquém do que se faz necessário frente ao contexto atual de utilização de pesticidas e particularmente, de inseticidas e acaricidas no Brasil, com os riscos inerentemente impostos por estes. No desenvolvimento destas atividades, projetos e publicações, além de interações no Brasil e exterior, as formações vão se consolidando. Esta rede de colegas precisa ser ampliada e melhor integrada”.

Entre aulas, pesquisas, orientações, cooperações internacionais, desafios passados e presentes, prêmios e reconhecimentos, para ele o que realmente importa é gostar do que se faz: “Algumas conquistas são almejadas e esperadas, mas fazer isto bem, com prazer, é fundamental. Um colega da Bélgica me disse certa vez nós levávamos uma vantagem estratégica importante: nosso hobby era nossa profissão. O trabalho é diversão. Concordei com ele na época e continuo concordando hoje”.

Nesta quinta-feira tem bate-papo com os novos estudantes da pós

Os representantes discentes, Wilson Rodrigues Valbon e José Augusto Roxinol, convidam os novos estudantes da pós para um bate-papo sobre a Entomologia UFV.

 Será nesta quinta-feira, dia 09/03, às 17h (no horário do seminário), no auditório do Bioagro. Participe! Será uma excelente oportunidade para esclarecer dúvidas e também já fazer novas amizades.

Entomologista brasileira conquista vaga de professora na Universidade da Flórida

Após construir uma sólida e respeitável carreira no Brasil, a pesquisadora Silvana Vieira Paula-Moraes, egressa da Entomologia UFV, começa a construir uma nova carreira em território americano, como Assistant Professor na Universidade da Flórida. No Brasil, ela atuou em algumas das instituições mais desejadas pelos profissionais das Ciências Agrárias, como por exemplo, Embrapa e Ministério da Agricultura. Mas o desejo de colaborar com a formação de pessoas fez com que a experiente pesquisadora começasse uma nova carreira nos Estados Unidos. E engana-se quem pensa que o Brasil “perdeu mais um talento”. Como Silvana destaca, “o Brasil está ganhando porque são pontes que a gente constrói”. O país ganhou mais uma parceira em solo americano, já que intensificar as cooperações com pesquisadores brasileiros é um dos seus objetivos como professora do Entomology and Nematology Department, na Universidade da Flórida.

Tudo começou quando a então caloura do curso de Agronomia da UFV chegou a Viçosa (MG), em 1988, buscando formação de qualidade em uma das universidades mais respeitadas na área. A escolha de ir para Viçosa também contou com a influência do seu pai, cuja família é natural da cidade de Teixeiras (MG). O pai de Silvana tinha o sonho de ver um filho estudando na UFV, já que ele não pôde estudar.

Na Universidade, Silvana foi moradora do Alojamento Feminino, no “213”, quarto que ela dividia com mais cinco alunas de graduação. Ela lembra com carinho a boa convivência que tinha com as colegas do “213”. Silvana, que faz parte da primeira geração de sua família a ingressar no ensino superior, destaca o aspecto inclusivo que a UFV tinha, e ainda tem, de permitir que estudantes de baixa renda tenham moradia e alimentação gratuitas durante o curso.
Marcelo Picanço e Silvana

 Encontro com a Entomologia

Na graduação, a rotina era dividida entre as aulas do curso de Agronomia, o trabalho no Restaurante Universitário, onde ela era bolsista alimentação, e a monitoria em Entomologia. O encontro de Silvana com a Entomologia mudou os seus planos. Quando ela ingressou na UFV, o desejo era seguir para a Economia Rural. Entretanto, quando foi aprovada para monitora I e passou a trabalhar com Entomologia Agrícola, percebeu que ali estava o seu futuro.

Nessa época, Silvana trabalhou diretamente com os professores Angelo Pallini e Marcelo Picanço, que estavam iniciando a carreira docente na UFV. Ela integrou a equipe do professor Marcelo no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas (MIP). Sabendo da importância de ter um bom currículo, deixou a monitoria em Entomologia para também se dedicar à iniciação científica, entretanto, no Departamento de Solos, onde havia conseguido uma bolsa do CNPq.

Concluída a graduação, Silvana retornou à Entomologia em 1994, para fazer o mestrado. Ela foi a primeira estudante de pós-graduação a ser orientada pelo professor Marcelo Picanço. Na pós, ela também foi monitora e em seguida foi aprovada no concurso para professora substituta na UFV.

 Oportunidades

A vontade de seguir trabalhando fez com que em 1997, ela se mudasse para Belo Horizonte (MG), para atuar no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), já que tinha sido aprovada no concurso para analista técnico. Ela ficou na capital mineira até 1999, quando se mudou para Brasília (DF), sua cidade natal e onde ela residiu até encerrar a sua carreira no Brasil.

Silvana foi para a capital federal para trabalhar como bolsista da Embrapa, mas logo depois foi aprovada no concurso do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ela conta que a princípio o concurso do MAPA não era o que ela mais queria, mas a oportunidade de emprego falou mais alto, já que na época ela era bolsista da Embrapa. “Eu reconheço que trabalhar no MAPA foi fundamental para conhecer um lado da defesa agropecuária no âmbito nacional e internacional que até hoje é algo que me soma”.

Ela ocupou o cargo de fiscal agropecuário no MAPA até o ano de 2005, quando foi convocada em outro concurso que também havia sido aprovada, desta vez, para pesquisadora da Embrapa. Emocionada, Silvana recorda o dia exato em que foi convocada pela Empresa, enquanto ela estava numa reunião entre Brasil e China, para fechamento de um acordo entre os países. Ali, parecia ter chegado a oportunidade que ela tanto esperava, já que trabalhar com pesquisa sempre foi um objetivo.

 Inserção internacional

Dia de campo sobre H armigeraNa Embrapa Cerrados, Silvana cumpriu todos os requisitos iniciais do cargo e, em seguida, no ano de 2008, embarcou com a família para os Estados Unidos, para fazer doutorado na University of Nebraska Lincoln, sob a orientação dos professores Tom Hunt e Bob Wright. Os quatro anos de doutorado foram fundamentais para que a pesquisadora repensasse a sua carreira: “A vontade de voltar para a universidade se fortaleceu depois do doutorado”.

As parcerias internacionais também foram se fortalecendo ao retornar ao Brasil em 2012: “Quando cheguei ao Brasil, os produtores da Bahia, principalmente produtores de algodão, estavam enfrentando problemas com uma nova praga, a Helicoverpa armigera. Com isso, as oportunidades de trabalho com os Estados Unidos e também com a Austrália aumentaram”.

Já com grande inserção na pesquisa internacional, quando surgiu a oportunidade de participar do processo seletivo para a Universidade da Flórida, Silvana que já queria voltar para o ambiente acadêmico, ser professora novamente e fazer pesquisa, não pensou duas vezes e se aplicou para a seleção, um processo que ela considera “muito concorrido, mas também muito justo e transparente”.

 Caminho a ser desbravado

Aprovada, desde o fim de novembro de 2016, Silvana mudou-se para o oeste da Flórida, na região da cidade de Pensacola. Ela trabalha numa estação de pesquisa onde está sendo estruturada a área de Entomologia. “Este início é como se eu estivesse entrando num novo caminho a ser desbravado. Eu fui muito bem acolhida, principalmente, pelo fato de ser uma entomologista na região. A pesquisa agropecuária nos Estados Unidos tem um peso muito grande, existe uma ponte muito fortalecida entre a universidade e os produtores. Aqui, tem muita tradição, tem um entendimento claro que a sua pesquisa vai ajudar e fortalecer a produção da região”.

Sivana painelMonitora, professora substituta na UFV, analista técnico do IMA, bolsista da Embrapa, fiscal agropecuário do MAPA, pesquisadora da Embrapa e, agora, Assistant Professor na Universidade da Flórida. À primeira vista, parece que a trajetória profissional de Silvana foi fácil, onde ela foi conquistando etapa por etapa. Mas ela garante: “Não é sorte. Foram degraus de muita luta. Meu pai sempre falava: ‘Pensa grande, sonha grande, que os sonhos vão acontecer’. A vida dá oportunidades para a gente, mas é claro que tem que se esforçar. Não tem facilidade. É muito trabalho, 99% transpiração” – resume.

 “Ser entomologista é parte do que eu sou”

A pesquisadora afirma que, além de muito trabalho, as conquistas profissionais só foram possíveis porque ela tem uma base familiar muito boa. Ela também assegura que não existe separação entre o lado profissional e o pessoal: “É tudo junto e misturado. Ser entomologista é parte do que eu sou. Eu sou mãe, esposa, entomologista”.

Mãe coruja, ela é só elogios à filha Mariana, 17 anos, que desde pequena está imersa neste universo da Entomologia. “A Mariana veio para provar que você tem que cuidar do lado pessoal também. Quando ela nasceu, eu era bolsista da Embrapa, não tinha licença maternidade. Voltei a trabalhar com 26 dias. Mas a alegria de ter uma filha compensa tudo”. Silvana e Família

Silvana se considera abençoada, e o motivo não é só as conquistas profissionais, mas, sobretudo, a família que ela tem. Além da filha, ela não esconde a admiração que tem pelo marido, Antonio Roosevelt, a quem ela define como o seu companheiro de vida, um amor conquistado nos tempos de UFV. “Casei com o meu melhor amigo, antes de começar o mestrado. Conheci o meu marido na graduação em Agronomia. E a nossa jornada tem sido juntos. Eu não faria tudo isso se não tivesse uma pessoa do meu lado como eu tenho ele”.

Dessa época também vem a melhor amiga, Cristina Schetino. As duas se conheceram no Laboratório de MIP da UFV.

 “Viçosa é a minha casa”

Para Silvana, onde quer esteja, a UFV sempre será a sua casa: o lugar onde ela se formou e do qual ela muito se orgulha. Por isso inclusive, o desejo dela de agora fortalecer as cooperações com o Brasil, principalmente, com a UFV. Silvana destaca que, nos Estados Unidos, ela trabalha com pesquisa aplicada, com MIP, que são ferramentas universais, aplicadas mundialmente. “Então, eu ter vindo para a Flórida fortalece trabalhos que podemos fazer juntos. Aumenta o nosso leque de cooperação”.

Olhando para a sua carreira, Silvana acredita que o êxito que ela vem obtendo até aqui tem muito a ver com aproveitar oportunidades e inspirar-se em pessoas que sejam referências. Se ela pudesse dar alguma dica para quem está buscando construir uma carreira de sucesso seria: “Tem que saber português muito bem, tem que saber inglês, investir em publicações e ter muito foco, saber o que você quer. ‘O que faz vencer na vida não é a pressa, não são os talentos, é a direção’” – finaliza.

Pesquisadores do USDA participam de defesa de tese na UFV por videoconferência

Dois pesquisadores do USDA (United States Department of Agriculture), Dra. Elaine A. Backus e Dr. Felix A. Cervantes, participaram da banca de defesa de tese de Edmar Tuelher, no dia 8 de fevereiro. A defesa foi realizada na CEAD (Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância), por meio de videoconferência. Além dos dois pesquisadores do USDA, outro membro da banca, o professor Raul Narciso Guedes, também está nos Estados Unidos. A banca de defesa da tese “Susceptibility to chlorantraniliprole, competition abilities and stylet probing behavior of heteropteran pests” também contou com a participação dos professores Eugênio Eduardo de Oliveira (presidente/orientador) e Marcelo Coutinho Picanço.

Foi a primeira vez que os pesquisadores americanos participaram de uma banca de defesa de tese brasileira. Ambos demonstraram satisfação com a experiência e se colocaram à disposição para repetir a experiência em outras ocasiões. Dra. Backus conta que já recebeu outro estudante brasileiro em seu laboratório para doutorado sanduíche, mas não chegou a participar da sua banca de defesa de tese. Edmar foi o primeiro aluno brasileiro, que além de ser orientado por ela no San Joaquin Valley Agricultural Sciences Center, também contou com a participação da pesquisadora em sua banca. Para a Dra. Backus, foi uma experiência maravilhosa. Ela ainda destacou o entusiasmo de Edmar durante a sua experiência de imersão vivendo na Califórnia.

De acordo com Dr. Cervantes, Edmar fez um excelente seminário de defesa e respondeu com precisão as perguntas feitas durante o exame oral em inglês sobre o seu trabalho de investigação relacionado ao comportamento alimentar de insetos e danos às plantas.

Edmar TuelherEdmar explica que sua tese é constituída de três capítulos, “buscando auxiliar no entendimento da mudança de status ou da importância de algumas espécies de percevejos fitófagos da cultura da soja. Dentre as hipóteses, foram testadas: a resposta do percevejo marrom da soja (Euschistus heros) após exposição subletal ao inseticida clorantraniliprole e os possíveis efeitos sobre o fitness reprodutivo; e a influência da competição inter e intraespecífica sobre a população de dois percevejos fitófagos da cultura da soja – o percevejo marrom, Euschistus heros e o percevejo verde pequeno, Piezodorus guildinii. Adicionalmente, foi utilizada a técnica de Eletropenetrografia (EPG) para caracterização do comportamento alimentar de um percevejo fitófago (Lygus lineolaris) e a evolução das injúrias causadas pela alimentação deste inseto em folhas de algodoeiro”.

Os estudos sobre EPG foram realizados durante período de doutorado sanduíche no USDA. Edmar passou onze meses nos Estados Unidos, de onde retornou no dia 22 de novembro de 2016. No USDA, ele foi orientado pela Dra. Backus, que trabalha com EPG há mais de 20 anos. Edmar destaca que “pelo fato do EPG permitir o estudo do comportamento alimentar de percevejos fitófagos, que são importantes em culturas agrícolas brasileiras, esta técnica será uma ferramenta adicional a ser utilizada em nossos trabalhos no Brasil”.

UFV vai sediar XIII Congresso de Ecologia do Brasil

O XIII Congresso de Ecologia do Brasil (XIII CEB) será realizado no período de 08 a 12 de outubro, na UFV, em Viçosa (MG). Com o tema Múltiplas ecologias: evolução e diversidade, o XIII CEB será realizado em conjunto com o III International Symposium of Ecology and Evolution (III EcoEvol).

O professor José Henrique Schoereder, orientador do PPG em Entomologia, é o presidente da comissão organizadora do XIII CEB.  Em mensagem divulgada na página do evento, ele destaca que o objetivo principal é realizar um congresso que seja atrativo ao mesmo tempo para alunos de graduação, pós-graduação e pesquisadores na grande área de Ecologia e Evolução. “Para isso, o evento será dividido entre apresentações de minicursos, plenárias, mesas-redondas, apresentações orais e de painéis que abordem temas de interesse dos ecólogos do Brasil nas grandes áreas de ecologia teórica e aplicada”.

Para saber todas as informações sobre o XIII Congresso de Ecologia do Brasil, acesse  www.ecologia2017.com.br.