Entomologia desenvolve pesquisas no Sultanato de Omã em parceria com a Vale

A Entomologia integra um importante projeto de internacionalização da ciência brasileira: a Cooperação Vale/UFV/Omã, que visa o combate de pragas na produção de manga e limão, produtos significativos para a economia omani. Atuando numa das frentes deste projeto, o estudante de doutorado em Entomologia, Renan Batista Queiroz, está desde maio deste ano, no Sultanato de Omã, país situado no Oriente Médio, desenvolvendo pesquisas visando à recomendação de manejo de doenças de limão galego (Citrus aurantifolia).

O doutorando descreve que nas últimas décadas, a produção de limão galego em Omã foi afetada gravemente por várias doenças, fazendo com que o país passasse de exportador de citrus a importador. A principal causa desse declínio na produção é a vassoura de bruxa do limoeiro (witches’ broom disease of lime, WBDL). A doença, causada por fitoplasma, foi detectada pela primeira vez em Omã, no ano de 1975, e tem se disseminado extensivamente pelo país. Para se ter ideia, em 1990, perdas de 50% da área cultivada de citrus foram associadas à WBDL. Hoje, estima-se que 98% das plantas de limão galego cultivadas em Omã estão infectadas com WBDL.

Renan afirma que no país, de maneira geral, inexistem estratégias efetivas para o controle de doenças de citrus. Assim, o doutorando permanecerá em Omã até março de 2014, acompanhando a flutuação populacional dos possíveis insetos vetores de WBDL em quatro áreas do país. Dentre os trabalhos em curso estão: análise molecular (PCR) com os insetos coletados em campo para confirmar a presença de fitoplasma e experimentos controlados em casa de vegetação para confirmar quais insetos são realmente capazes de transmitir o patógeno.

Próximo de completar seis meses de pesquisa em Omã, o doutorando fala sobre alguns resultados já obtidos. “Até o momento, já identificamos quatro espécies de insetos capazes de adquirir o fitoplasma. Estamos terminando os experimentos para confirmar a capacidade de transmissão. Também observamos que a pressão de inóculo pelos insetos é alta, uma vez que os insetos estão presentes em todas as regiões e durante todo o período em que avaliamos”.

Para desenvolver os trabalhos em Omã, a Entomologia conta com toda a infraestrutura da Sultan Qaboos University (SQU). As pesquisas são desenvolvidas no Laboratório de Fitopatologia, Departamento de “Crop Sciences”, da SQU, sob a orientação do professor Dr. Abdullah Al-Sadi, principal responsável por viabilizar o andamento dos trabalhos em Omã. Além da orientação do professor Dr. Abdullah Al-Sadi, Renan conta com o apoio do assistente de laboratório, Issa Hashil Said Al-Mahmooli. Renan destaca: “a SQU tem dado todo o suporte necessário para o desenvolvimento das pesquisas, tanto nos trabalhos de campo como no laboratório, que dispõe de excelente infraestrutura, possibilitando um bom trabalho em biologia molecular”.

O único fator que comprometeu um pouco o andamento dos trabalhos no início, especificamente a coleta de dados em campo, foi o calor. “No verão, a temperatura chega próximo dos 50 ºC. Mas, agora, está melhor, pois está começando o inverno e a temperatura está em torno de 35 ºC, facilitando a permanência no campo” – afirma o pesquisador.

A pesquisa da qual Renan faz parte é intitulada “Implementação e sustentabilidade do manejo de doenças de limão galego (Citrus aurantifolia) em Omã”. No Brasil, esta pesquisa é coordenada pelo professor da UFV, Simon Luke Elliot, e conta o trabalho do estudante de graduação, Gabriel Alves Vieira.

Esta pesquisa integra o projeto “Etiologia, tolerância e manejo de doenças de limão galego (Citrus aurantifolia) em Omã”, coordenado pela professora do Departamento de Fitopatologia, Claudine Carvalho. Este, juntamente com o projeto “Seca da mangueira, causada por Ceratocystis fimbriata sl, em Omã”, coordenado pelo professor do Departamento de Fitopatologia, Acelino Couto Alfenas, compõe a Cooperação Vale/UFV/Omã.

Cooperação Vale/UFV/Omã

A Cooperação Vale/UFV/Omã surgiu de uma parceria entre a UFV, a SQU e o Ministério de Agricultura de Omã. A parceria prevê o desenvolvimento de pesquisas até 2015, buscando soluções para controlar doenças das culturas de manga e de limão no país árabe. Ao longo dos quatro anos da sua vigência, a parceria contará com o total de R$ 8,5 milhões em investimentos feitos pela Vale, por meio do Instituto Tecnológico Vale (ITV). A empresa possui uma unidade pelotizadora em Omã.

A UFV foi escolhida pela Vale para firmar esta parceria por ser referência mundial em pesquisa agrícola. Durante visita à UFV, em dezembro de 2012, o gerente geral de Parcerias e Recursos do ITV, professor Sandoval Carneiro Júnior, informou: “Talvez este seja o maior convênio em termos de valor que temos, com financiamento direto da empresa. Isto demonstra que há um grande interesse neste projeto e na produção de seus bons resultados, tanto para o Brasil quanto para Omã”.

A Cooperação Vale/UFV/Omã tem como coordenador geral na UFV, o professor Acelino Couto Alfenas. A parceria, que vem sendo desenvolvida desde março de 2011, envolve ao todo, cerca de 40 pesquisadores, entre professores, estudantes de graduação e pós-graduação, e pós-doutores, dos departamentos de Entomologia, Fitopatologia, Fitotecnia e Solos.

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