Insectum completa um ano com podcast e meta de internacionalização

O Insectum – Grupo de Estudos em Entomologia da UFV – completa esta semana seu primeiro ano de atuação. Criado por iniciativa dos próprios estudantes, o grupo trabalha pela capacitação pessoal e profissional dos discentes, promovendo discussões de artigos e eventos diversos na área da Entomologia, envolvendo não só os estudantes do Programa de Pós-Graduação da UFV, mas também discentes e profissionais espalhados por todo o mundo. “Ao participar no Insectum, além de se capacitar, aprender um conteúdo novo fora da sua zona de conforto, o estudante aprende a conviver e liderar um grupo. Profissionalmente, essa interação é muito importante”, destaca o coordenador de divulgação do Insectum, Douglas Ferreira.
O professor Frederico Salles, orientador do grupo, destaca que trabalhos como o desenvolvido pelo Insectum beneficiam todos os discentes do programa. “Para os alunos envolvidos, ele traz uma série de ganhos, uma vez que amplia o leque de atividades que eles podem desempenhar na pós-graduação, os coloca em contato direto com diversos profissionais da área e os prepara ainda melhor para o mercado de trabalho. Para os discentes não envolvidos diretamente, assim como para a comunidade interessada em entomologia como um todo, as atividades do grupo complementam a sua formação teórica e trazem à discussão uma série de assuntos relevantes e atuais.”
Pandemia
O grupo precisou reorganizar sua forma de atuação logo nos seus primeiros meses de vida, em função da pandemia do coronavirus. “Fizemos desse limão uma limonada”, avalia Douglas. “No início, pensamos que o grupo não iria sobreviver, pois fazíamos reuniões presenciais para discutirmos os artigos e os assuntos do Insectum. Achávamos que as reuniões online não iriam funcionar.” Sete meses depois, os estudantes comemoram a realização de diversos eventos remotos, que expandiram a atuação do grupo e deram visibilidade ao trabalho realizado na Entomologia. “Reunimos pesquisadores renomados, com palestras em português, inglês e espanhol. Conseguimos realizar também três eventos grandes – Debates Entomológicos, II Workshop Internacional de Dispersão de Pragas (junto com o professor Marcelo Picanço, que rendeu milhares de visualizações), e mais recentemente o SIA (Semana de Integração Acadêmica). Ou seja, nós, além de nos capacitarmos, conseguimos capacitar milhares de pessoas junto”, comemora Douglas.
“Nós docentes, especialmente neste ano atípico, tivemos um belo exemplo de como podemos desempenhar atividades remotamente e mantendo a qualidade da Entomologia. Não tenho dúvidas que este foi apenas o primeiro de muitos anos que virão. Se o grupo foi capaz, neste pouco tempo de existência, de desempenhar tantas atividades relevantes, posso dizer que estou confiante com o futuro do Insectum e ansioso pelo o que está por vir”, diz Frederico.
Internacionalização
Entre as metas para os próximos meses, estão a criação de um podcast e estratégias para expansão do público internacional. “Pretendemos aumentar o número de eventos em inglês e espanhol, assim como produzir vídeos e conteúdo em ambas línguas. Adicionalmente, queremos criar uma rede de trabalho colaborativa entre o Insectum e outros grupos de estudos e pesquisa internacionais, que facilitem o desenvolvimento de futuras parcerias e projetos”, explica o coordenador geral do grupo, Jhon Lopez. “Ao longo deste ano, conseguimos um significativo intercâmbio de conhecimento com instituições nacionais e internacionais; principalmente na divulgação de temas relevantes na Entomologia usando diferentes ferramentas digitais como vídeos, blogs, redes sociais e transmissões ao vivo”.
Atualmente, o Insectum reúne 17 estudantes. A previsão é de que um novo edital para seleção de participantes seja aberto no início do próximo período.
Fóssil raro de inseto aquático é encontrado no Ceará

Um fóssil de inseto aquático foi encontrado no sul do estado do Ceará por um grupo de pesquisadores brasileiros, incluindo o professor e orientador do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV, Frederico Salles. O fóssil é um raro representante da ordem Ephemeroptera, também conhecidos como efêmeras, que são insetos voadores que vivem poucos dias durante sua vida adulta, às vezes até minutos. Durante a sua fase larval, estes insetos vivem nos ambientes aquáticos. A descoberta está descrita em artigo publicado nesta quarta-feira na revista Plos One, assinado por Frederico Salles e pelos pesquisadores Arianny P. Storari (Universidade Federal do Espírito Santo/UFES), Taissa Rodrigues (UFES) e Antônio Álamo F. Saraiva (Universidade Regional do Cariri/URCA). O exemplar foi localizado na unidade geológica Formação Crato, no município de Nova Olinda, pertencente à Bacia do Araripe, por uma equipe de paleontólogos da URCA, como parte da pesquisa de mestrado de Arianny, realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFES. Frederico é co-orientador de Arianny, que atualmente cursa o doutorado.
O fóssil coletado é um inseto adulto que representa, além de uma nova espécie, um novo gênero e também uma nova subfamília, dadas suas peculiaridades. A rocha onde o fóssil foi encontrado é datada do Cretáceo Inferior, entre 113 e 125 milhões de anos atrás, quando a África e América do Sul ainda estavam se separando. O fóssil, que foi incluído na família Oligoneuriidae, foi nomeado Incogemina nubila. Incogemina, em latim, significa geminação incompleta, uma referência ao padrão das veias de suas asas. O termo nubila significa nublado, e foi escolhido em função da coloração acinzentada do calcário em que o fóssil se preservou. “Para nós, pesquisadores que estudamos a sistemática dos organismos, encontrar um fóssil como esse é como encontrar uma peça extremamente importante de um quebra-cabeça”, comemora Frederico. “Além de ser um fóssil raro, ele está muito bem preservado. Em função dessa preservação, nós fomos capazes de avaliar praticamente todas as veias da sua asa, que por serem características relevantes na sistemática dos insetos, nos permitiram inferir as relações dessa espécie com os demais membros da sua família. E claro, quando conseguimos contar melhor a história de uma família, como a Oligoneuriidae nesse caso, isso também nos ajuda a montar o quebra-cabeça sobre a evolução da ordem Ephemeroptera como um todo”.

Os fósseis desta ordem de insetos aquáticos são abundantes na Formação Crato, porém aqueles da família Oligoneuriidae, em particular, são muito raros. Este é apenas o segundo fóssil de um adulto desta família encontrado no mundo, e os pesquisadores constataram que um outro fóssil conhecido e reportado na literatura também representa a espécie Incogemina nubila. “Uma das explicações para a escassez de fósseis deste grupo pode se dar pelo seu hábito de vida. Durante a fase jovem, a maioria das larvas da família Oligoneuriidae vive em ambientes com fluxo d’água corrente. Esse tipo de ambiente não é propício para a preservação de um inseto tão delicado, dado que a correnteza destruiria suas partes mais sensíveis, dificultando a fossilização”, explica a pesquisadora Arianny Storari.

Portas abertas
A paleontóloga Taissa Rodrigues, orientadora do trabalho de Arianny, destaca o fato de a Incogemina nubila ter sido encontrada em um local conhecido da Bacia do Araripe. “Apesar de outras espécies de efêmeras serem conhecidas para este depósito fossilífero, elas foram coletadas de forma ocasional, e não há nenhuma informação sobre o local do achado. Como conhecemos o local onde a Incogemina nubila foi encontrada, é possível planejar coletas para buscar mais fósseis dessa espécie rara”, adianta.
O paleontólogo Álamo Saraiva também acredita que a descoberta abrirá portas para significativos avanços em pesquisa. “Agora que a primeira escavação controlada na Formação Crato foi realizada pela equipe do Laboratório de Paleontologia da URCA, certamente novas informações acerca da evolução das efêmeras devem surgir, além de dados sobre o ambiente pretérito da Formação Crato, área de intensa exploração do calcário laminado”, diz. Informações obtidas através da análise desses insetos tão abundantes podem dizer muito sobre o ambiente em que essa paleobiota viveu e até sobre estresses climáticos que eles possam ter experimentado, principalmente suas larvas aquáticas. Hoje em dia, muitos representantes desse grupo são considerados importantes bioindicadores de qualidade da água, já que são sensíveis às variações do meio onde vivem.
Parceria
Os trabalhos que resultaram na descoberta do fóssil na Formação Crato foram iniciados em 2018, quando Arianny ingressou no mestrado, com coorientação do professor Frederico. “Há algum tempo tenho interesse em estudar fósseis de Ephemeroptera. Em 2017, quando fui procurado por Arianny para conversarmos sobre um possível mestrado, eu sugeri que ela procurasse a professora Taissa, especialista em pterossauros, e verificasse a possibilidade de unirmos a vontade da Arianny de estudar insetos, o meu conhecimento em sistemática de Ephemeroptera e o conhecimento da professora Taissa em fósseis. Foi assim que surgiu a nossa parceria”, explica o professor do PPGENT.
Insectum oferece três mesas redondas no SIA 2020

O grupo de estudos Insectum oferece esta semana, entre os dias 20 e 22 de outubro, três mesas redondas dentro da programação do Simpósio de Integração Acadêmica (SIA) da UFV. O evento acontece esse ano em formato especial, totalmente online, com palestras diversas, mesas redondas e minicursos. O tema da edição 2020 do SIA é “Inteligência Artificial: A Nova Fronteira da Ciência Brasileira.”
Na terça-feira, dia 20, a mesa-redonda tem como tema “Divulgação Científica de Zoologia e Entomologia nos Meios Digitais”, e reunirá o mestrando Carlos Neves (UFV), o doutorando Edwin Dominguez (UFV) e os professores Rafael Rigolon (UFV) e Elidiomar Ribeiro (Unirio). Na quarta, o tema em debate é “Ecotecnologia: a Tecnologia em Prol da Ecologia”, com a presença do doutorando Rodrigo Cupertino (UFV) e do professor Lucas Paolucci (UFV). E na quinta-feira, dia 22, o professor Ângelo Pallini (UFV), a professora Madelaine Venzon (UFV/Epamig), e o doutorando Elizeu Farias (UFV) debatem o tema “Controle Biológico: a Tecnologia como Aliada.”
Em todos os casos, haverá emissão de certificado. “Nós escolhemos os temas das mesas redondas com base no interesse do público, que em sua maioria é da graduação. Porém, iremos abrir o evento para todos, mesmo quem não esteja participando do SIA, basta acessar o link do YouTube e preencher a lista de presença”, diz Douglas Ferreira, do Insectum.
O SIA acontece entre os dias 19 a 24 de outubro de 2020. Veja a programação completa do evento aqui.
Entomologia encerra semestre letivo superando desafios de aulas exclusivamente remotas

Oferecendo disciplinas exclusivamente remotas em função da pandemia do Coronavírus, o Programa de Pós-Graduação em Entomologia chega esta semana ao fim do primeiro semestre letivo de 2020. E se alunos e professores sentem falta do olho no olho e da chance de esticar os debates e o aprendizado sem o intermédio da internet, também não há dúvidas de que inúmeros desafios foram superados. “Fiquei surpresa com o bom desempenho e boa adaptação às plataformas usadas para o ensino remoto, e inclusive achei que a organização do conteúdo ficou muito boa”, conta a mestranda Kárenn Christiny Pereira Santos, que cursou três disciplinas diferentes neste semestre. Para ela, a possibilidade de acessar o conteúdo das aulas a qualquer momento se tornou um recurso positivo do modelo que se impôs em todo o mundo ao longo de 2020.
As ferramentas utilizadas pelos professores e orientadores do programa foram as mesmas de muitas outras instituições de ensino – Google Meet, Google Classroom, e menos frequentemente PVANet e Zoom -, mas coube aos docentes a adaptação de conteúdos, muitas vezes práticos, para a tela do computador. “A adaptação foi melhor que eu esperava. Houve perdas, é claro, achei que os alunos participaram menos do que durante as atividades presenciais, mas exercitar a flexibilidade e aprender a lidar com as adversidades e com novas ferramentas foram ganhos evidentes”, avalia a professora Maria Augusta Lima Siqueira, uma das primeiras a oferecer suas aulas adaptadas durante a pandemia. Entre as boas oportunidades trazidas pela crise, ela destaca a derrubada das barreiras geográficas. “Posso convidar, por exemplo, um especialista do exterior para contribuir ao vivo em aulas de assuntos que não tenho conhecimento aprofundado, de maneira mais simples, sem precisar mudar de plataforma ou sem ser necessário que ele se desloque até Viçosa.”.
“Eu estou terminando o semestre animado com a forma de ensinar”, conta o professor Eraldo Lima. Ele identifica as perdas impostas pelo novo modelo, e diz que a maior delas é a falta de convívio com os alunos. “O olhar do estudante, para os mais ‘experientes’, demonstra precisamente se o assunto foi entendido, se é necessária uma outra abordagem. Isso se perdeu!” Por outro lado, o professor destaca o surpreendente comprometimento dos alunos, que fez o tempo dedicado às aulas ser muito proveitoso. “As sabatinas online foram feitas como esperado e de forma semelhante à situação presencial, mas com a sensação de que os alunos responderam com muito mais responsabilidade, assiduidade e desejo de aprender”, avalia ele.

O mestrando André Mazochi chegou há pouco ao programa, e viveu o desafio de se adaptar ao curso sem a oportunidade do convívio presencial. “Sinto falta da comunicação entre colegas e professores, pois não se chega mais adiantado na aula para conversar um pouco e nem se fica na sala após a aula para debater qualquer coisa”, lamenta ele, que apostou no grupo de estudos Insectum para se aproximar dos colegas e do ritmo de trabalho da Entomologia. Ainda assim, ele está otimista para o próximo semestre. “Espero realizar as disciplinas matriculadas com foco, e quero continuar nesta universidade após o mestrado para fazer as tão esperadas aulas práticas que não vão estar presentes no meu mestrado”.
Para o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV, Raul Guedes, o saldo do semestre, tão atípico, superou as expectativas. “As disciplinas de pós-graduação tiveram boa resposta e elogios por parte dos discentes”, diz ele, destacando ainda o suporte operacional que a equipe de Pós-Graduação ofereceu também à graduação, que vive desafios ainda maiores. “No caso da Pós-Graduação, o ajuste é mais simples pois concentra-se no instrutor da disciplina facilitando articulações e tomada de decisão. Foi o meu caso com a Toxicologia de Inseticidas no período especial de outono.” Para o próximo semestre, Raul espera uma dinâmica ainda mais tranquila. “O fato de conseguirmos manter o calendário letivo e o ingresso regular para 2021 ajuda também na manutenção do fluxo de alunos e no funcionamento dos programas.”
Madelaine Venzon integra comissão coordenadora

A pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Madelaine Venzon é a nova integrante da comissão coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Entomologia. A pesquisadora, indicada pelos colegas em reunião na última sexta-feira, dia 02 de outubro, ocupa o posto deixado pelo professor Og Francisco Fonseca de Souza, que em breve assume o cargo de Diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Pelotas, com mestrado em Fitossanidade pela Universidade Federal de Lavras, doutorado em Biologia Populacional pela University of Amsterdam e Pós-Doutorado na University of California Davis, Madelaine é orientadora do programa desde 2006. Seu trabalho é voltado especialmente para a área de Agronomia, com ênfase em controle biológico e alternativo de pragas. “Trabalho desde aspectos básicos de biologia, comportamento e ecologia de insetos predadores até técnicas de aplicação do campo, com o intuito de diminuir os danos causados pelas pragas na agricultura, através de um método seguro ao homem e ao meio ambiente.”
Além de orientar alunos do programa de Pós-Graduação – não só da Entomologia, como também de Defesa Sanitária Vegetal -, Madelaine ministra na UFV a disciplina de controle biológico, junto com o professor Angelo Pallini. Na Epamig, ela trabalha com pesquisas aplicadas e ações de extensão. “Temos o campos experimentais que são utilizados pelos estudantes para os trabalhos, assim como o apoio como carros para viagens de campo, etc. Essas facilidades e o contato com os agricultores é muito positiva para os estudantes do programa. Da mesma forma, a atuação dos estudantes nos projetos de pesquisa na Epamig amplia nossas ações e perspectivas. A presença dos estudantes na Epamig é muito bem vinda, são considerados parte da empresa.”
O professor Marcelo Picanço, que sugeriu o nome de Madelaine à comissão, destaca a experiência, a capacidade de trabalho e a visão de equipe da pesquisadora, características que têm contribuído para o padrão de excelência do programa. “A Dra. Madelaine é uma pessoa ética e dedicada às atividades de ensino, pesquisa e extensão, e é querida pelos alunos e colegas.” O professor também cita a forte atuação de Madelaine na Epamig e como bolsista de produtividade nível 1 do CNPq como indicadores de sua qualidade profissional. “Além disto, dar mais espaço à visão feminina nesta comissão coordenadora muito contribuirá para o programa.”
Para a professora, a chegada à comissão trará a oportunidade de interagir ainda mais com os colegas e os estudantes do programa. “Além das atividades próprias da comissão, espero contribuir com sugestões que valorizem atividades relacionadas à aplicação da pesquisa e à popularização dos resultados obtidos nos trabalhos dos estudantes do programa”, diz.
Junto com a pesquisadora, integram atualmente a comissão os professores Simon Luke Elliot, Gustavo Ferreira Martins e Frederico Falcão Salles, além dos representantes discentes Vanessa Farias da Silva e Douglas da Silva Ferreira.
(Foto: Assessoria Fazu)