Orientadora Madelaine Venzon integra Comitê de Assessoramento de Agronomia do CNPq

A orientadora do Programa de Pós-Graduação em Entomologia e pesquisadora da Epamig Madelaine Venzon é, a partir de agora, parte integrante do Comitê de Assessoramento de Agronomia do CNPq. Com um grupo de outros 12 pesquisadores ligados a universidades e institutos de pesquisa brasileiros, Madelaine terá, entre outras funções, a missão de julgar as propostas de apoio à pesquisa e de formação de recursos humanos na área no Brasil. 

A pesquisadora ocupa uma vaga de titular, e fica no cargo até junho de 2027. “Fiquei muito feliz com a indicação e com o reconhecimento da minha trajetória de pesquisadora. Estar em um comitê nacional para analisar propostas de outros pesquisadores é uma honra para mim”, diz Madelaine. que entre as experiências acumuladas ao longo de sua carreira, já foi membro de uma das câmara de assessoramento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). 

Para ela, é a variedade de experiências acumuladas ao longo do tempo que a possibilita compor o comitê, junto a colegas com perfis tão variados. “Somos um grupo com diferentes especialidades. Eu creio que eu possa contribuir muito, também porque tenho uma vivência prática de pesquisadora e não somente acadêmica.”

Os Comitês de Assessoramento (CAs) do CNPq reúnem mais de 300 pesquisadores, entre titulares e suplentes, selecionados de acordo com sua área de atuação e conhecimento. Eles são escolhidos periodicamente, com base em consulta feita à comunidade científico-tecnológica nacional.

Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves

Orientadores da Entomologia integram missão da UFV na Austrália e Nova Zelândia

Os orientadores do Programa de Pós-Graduação em Entomologia Maria Augusta Lima Siqueira e Raul Narciso Carvalho Guedes, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), estiveram com uma comitiva de professores da UFV em missão na Oceania. A viagem foi feita entre os dias 11 e 26 de maio, por meio do programa Capes Print, com o intuito de prospectar possíveis parcerias em países estratégicos. A comitiva integrada por pesquisadores de diversas áreas visitou, pela primeira vez, três universidades na Austrália e duas na Nova Zelândia. 

“Esses destinos têm uma característica interessante, porque as universidades são muito boas,  com recursos e poucos alunos, principalmente na pós-graduação, uma vez que o mercado costuma contratar os estudantes antes mesmo de concluírem a graduação. Os colegas com quem estivemos foram, de uma forma geral, muito receptivos ao nosso grupo”, conta Raul. 

Na Austrália, uma das paradas da delegação foi na Murdoch University

A primeira parada da delegação foi em Perth, na Austrália, onde visitou a Murdoch University, que já é parceira da UFV, e a University of Western Australia. Ainda na Austrália, em Brisbane, a comitiva esteve na University of Queensland, com quem também os brasileiros já tinham contato prévio. “Para a entomologia, eu destacaria o potencial da Murdoch University, que tem um entomologista, professor Wei Xu, muito simpático, que nos recebeu bem. A Murdoch tem as áreas agrária e ambiental fortes, os professores demonstraram interesse pela nossa pesquisa e já existe uma prospecção de parceria em andamento. Acredito que isso facilitará os caminhos daqui pra frente”, avalia Raul. 

Na Nova Zelândia, foram duas as universidades visitadas pela comitiva: a Massey University, na cidade de Palmerston North, e a Lincoln University, já parceira da UFV, em Lincoln. “Eu particularmente tive uma experiência muito positiva na Massey. Conversei com dois professores que me receberam muito bem”, conta Maria Augusta. “A Lincoln University também tem dois pesquisadores na área da entomologia, com um viés bem taxonômico, e devem contratar mais um, com viés mais aplicado à agricultura. E a informação é que estão dispostos a trabalhar junto conosco, com parcerias”, completa Raul.  

A expectativa dos professores é que as visitas rendam pesquisas desenvolvidas em conjunto, visitas ao Brasil e oportunidades de estudo para os alunos brasileiros interessados em uma temporada fora do país. “Acho que temos muito boas perspectivas”, avalia Maria Augusta. “As universidades têm bem estabelecidas linhas de pesquisa que têm interseção com coisas que a gente faz aqui, como o trabalho que eles fazem na Costa Leste da Austrália com as abelhas sem ferrão. É um trabalho muito reconhecido e são poucos os grupos que trabalham com essas abelhas, porque embora elas tenham distribuição global, em clima tropical, são poucos os países que têm financiamento para essas pesquisas. Por outro lado, as parcerias trarão também novas possibilidades. A Nova Zelândia, por ser uma ilha, traz questões biogeográficas que são muito interessantes para quem trabalha com entomologia mais básica, e que tem pouco na nossa instituição. Então, vejo que a gente tem como enriquecer pesquisas com as quais a gente já trabalha, ao mesmo tempo que poderíamos acrescentar estudos que exploramos pouco”. A experiência da Austrália e Nova Zelândia com sistemas quarentenários e espécies invasoras é outro destaque a ser considerado, que propicia bons pontos de interação com os grupos de pesquisa da UFV.

Professores e estudantes da Entomologia trabalham para produzir Congresso revolucionário em setembro

A próxima edição do Congresso Brasileiro e Latino-Americano de Entomologia está sendo construída com uma participação inédita do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV. Pela primeira vez, a comissão de organização do Congresso reúne vários representantes do programa, entre professores e estudantes. Trabalhando desde o ano passado para que tudo esteja pronto em setembro, o grupo espera produzir um evento revolucionário, com atividades em novo formato e perfil cuidadosamente inclusivo. 

“A gente está fazendo um congresso com uma temática equilibrada entre a ciência básica e a aplicada para atrair todos os públicos. Isso já está sendo revolucionário. Também temos foco na igualdade entre os palestrantes – 50% homens e 50% mulheres – e estamos inserindo mais palestrantes LGBT, mais negros. Sabemos que ainda não é o suficiente, mas estamos focados nessa reparação, tomando esse cuidado em um espaço que majoritariamente foi ocupado até hoje por homens brancos”, diz o doutorando Douglas Ferreira, que é vice-presidente do Congresso. 

O professor Frederico Salles, vice-presidente da comissão científica do Congresso, já esteve em Uberlândia para conhecer o espaço e planejar algumas das novidades que o evento trará. “O que eu acho mais interessante é que esta vai ser uma edição muito diversificada, em termos de programação. O Congresso de Entomologia, tradicionalmente, é muito voltado para a área agrícola, sempre foi. Quando eu aceitei participar, a ideia minha e da professora Tathiana Guerra Sobrinho (UFES), presidente da comissão, era justamente diversificar. Queremos atrair os entomologistas de diferentes áreas.” A comissão científica já fechou toda a programação de palestras e fóruns, incluindo especialistas brasileiros e de diversos outros países.

As novidades preparadas pela organização são não apenas no conteúdo, mas também na forma. Pela primeira vez, o Congresso será realizado em um auditório único, com capacidade para duas mil pessoas. No palco, um telão de 30 metros será dividido em quatro espaços, que apresentarão quatro palestras simultâneas. Os participantes, com fone de ouvido, poderão escolher qual das quatro palestras ouvir. A programação também vai incluir fóruns e a apresentação dos trabalhos submetidos pelos congressistas. “Essa programação vai das 9h às 16h”, explica o professor Angelo Pallini, que é presidente da Sociedade Entomológica do Brasil (SEB), responsável pela organização do Congresso. “Mas outra novidade é que o evento volta à noite, em quatro pubs da cidade, onde realizaremos o Entomopub, com bate-papos sobre vários temas diferentes. A gente espera que esse seja um ambiente descontraído para fazermos a popularização da ciência, não só entre os congressistas, mas também com a presença da população em geral. Queremos mais um ambiente de network entre empresas, pesquisadores, produtores rurais e estudantes.”

Os professores Frederico Salles e Angelo Pallini estiveram em Uberlândia para o planejamento de uso do espaço

A “marca” da Entomologia da UFV também estará presente na Corrida Entomológica, evento que, pela primeira vez, acontece dentro do Congresso. Tradicionalmente realizada em Viçosa (com uma edição feita pela SEB em Londrina, em 2019, durante o Siconbiol), o evento chama a comunidade para a prática esportiva em meio a ações voltadas para a troca de conhecimento e a divulgação científica. “Essa é uma iniciativa importante, muito eficiente para integração de todos. Aqui no Brasil ainda realizamos isso pouco, e fico feliz que a SEB esteja atenta a essa necessidade. Minhas expectativas são as melhores possíveis”, diz o professor Eugênio Oliveira, idealizador da Corrida. Outra novidade da programação é a Arena do Produtor, coordenada pela professora Madelaine Venzon, pesquisadora da Epamig. Pela primeira vez, o espaço contará com a participação efetiva de vários produtores rurais, convidados a dividir com a comunidade suas experiências e resultados recentes. 

Para Pallini, a reestruturação do evento é fundamental para que se possa promover, também, a renovação da própria Sociedade. “Estou fazendo esse papel de transição, para uma sociedade mais jovem, que represente toda a entomologia brasileira, feita em todos os cantos do país. Vamos tentar, portanto, coisas diferentes, criando algo que envolva e seja um espetáculo para os congressistas e que fortaleça o ambiente de network e negócios.” 

Neste sentido, a colaboração do PPG vai além de palestras de alto nível e trabalhos inéditos que serão apresentados por dezenas de pesquisadores que irão viajar de Viçosa até Uberlândia. “A gente tem discutido muito a pauta de uma entomologia mais inclusiva na UFV, e queremos utilizar o congresso como uma plataforma para expandir isso. A ideia é transformar a entomologia em um lugar onde todo mundo possa se ver, e não somente homens, brancos e héteros. A gente quer transformar essa visão e acho que estamos, aos pouquinhos, conseguindo”, resume Douglas. 

Divulgação científica: alunos do PPG produzem vídeos e levam conhecimento para fora da universidade

Os alunos da disciplina Fisiologia de Insetos publicaram quatro videos de divulgação científica, voltados principalmente para o público em idade escolar. A iniciativa faz parte das atividades programadas pelo professor Eugênio Oliveira, responsável pela disciplina, com o intuito de contribuir ativamente na missão de levar conhecimento científico para a comunidade. Em maio, o mesmo grupo de alunos realizou mais uma edição do Bar com Ciência, projeto que leva informação e bate-papo científico para a mesa do bar. 

“Os vídeos são pensados para o público infantil, mas abrange também os adultos. Nós buscamos uma linguagem acessível, tornando o processo de aprendizagem facilitado”, conta a estudante Damaris Freitas. Os temas foram escolhidos pelos próprios alunos, tendo como base os conteúdos da disciplina. Todo o processo de roteirização, produção e edição do vídeo foi feito pelos próprios estudantes. “Essas atividades nos ajudam a desenvolver em outras áreas além da acadêmica, como o processo de comunicação oral, também importante para a nossa carreira.”

Veja aqui os vídeos: 

Bar com Ciência
Como nos anos anteriores, a oitava edição do Bar com Ciência reuniu dezenas de pessoas. “O evento é um grande sucesso, que impressionou em número de participantes. Tivemos muita interação entre os apresentadores e o público. O momento foi de muita descontração, mas não deixando de lado nosso objetivo central, que era discutir os temas propostos.”

Na galeria abaixo, alguns registros feitos pelo fotógrafo Rodrigo Carvalho Gonçalves.

Em cargos de liderança, estudantes LGBTQIA+ inspiram e ampliam contribuição com a ciência brasileira

Se há dez ou 20 anos esse era um cenário difícil de imaginar, hoje é realidade. Jovens cientistas representantes da comunidade LGBTQIA+ – que este mês celebra seu orgulho -, ocupam lugar de liderança e são responsáveis por ações e resultados importantes para a entomologia brasileira. 

Douglas Ferreira, doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia, é o coordenador da SEB Jovem e vice-presidente da edição 2024 do Congresso Brasileiro de Entomologia, evento organizado pela Sociedade Entomológica do Brasil. Samuel dos Santos, também doutorando, já foi representante discente do PPG e hoje é um dos líderes da comissão de divulgação do Congresso. A mestranda Larissa Cuesta (na foto acima) acaba de assumir a coordenação do Grupo de Estudos Insectum. E mais: há poucos meses, o programa realizou a sétima edição do Simpósio de Entomologia, evento internacional que reuniu centenas de especialistas em Viçosa. Dos dez membros da comissão principal de organização, quatro eram homens gays. 

Douglas está à frente da SEB Jovem

“A nossa presença nesses lugares é importante porque há muitas pessoas como a gente, mas muitas não têm coragem de expor quem realmente são. Aqui, nesses cargos, a gente consegue influenciar e ‘normalizar’ algo que obviamente já é normal, mas que infelizmente não é visto”, avalia Douglas. A caminhada dele até esse lugar de destaque não foi curta, mas a coragem para se afirmar e seguir produzindo um trabalho de qualidade tem rendido frutos que vão muito além da sua própria realização. “Um momento que me marcou foi quando eu estava dando aula na Entomologia, na disciplina Estágio e Ensino, e um aluno me disse que se sentia muito feliz por ter um professor negro, gay, dando aula para ele, o que era uma novidade. Isso me emocionou muito, me fez lembrar da minha época de graduação, quando eu tive um único professor negro e gay que me despertou a consciência de que eu poderia ir pra esse caminho também, que há espaço pra mim dentro da academia.”

Recém-chegada ao cargo de coordenadora do Insectum, Larissa também sente a responsabilidade de inspirar outras pessoas. “Sei que a minha liderança não causa estranhamento no Insectum, mas ainda me provoca um pouco de insegurança quando eu penso que estou assumindo um dos papéis de frente. Sou eu que represento o grupo em muitas situações, e pensar como as pessoas vão reagir é algo que me causa ainda alguma insegurança,. Mas isso faz eu ter o dobro de cuidado, de responsabilidade, de tato, e em nenhum momento penso em recuar”, conta ela. 

Samuel destaca a oportunidade de contribuir com ciência e outras competências

Além de representatividade e inspiração, a presença destes profissionais em cargos de liderança abre espaço ainda para que não apenas a sua capacidade intelectual, mas outras habilidades possam ser vistas e, o mais importante, incorporadas em alguma medida à rotina da produção científica. “Falo em habilidades artísticas e culturais, sobre a nossa forma de ver as coisas. De uma forma geral, pessoas LGBT têm aspectos culturais, referências e vivências diferenciadas que nos ajudam, por exemplo, a resolver problemas de um jeito diferente, e isso também é uma contribuição”, destaca Samuel. “Ou seja, é muito mais do que abrir espaço para que todos sejam respeitados. É contribuir de forma ampla com a cultura e o modo de fazer ciência.” 

Os frutos dessa “abertura” podem ser sentidos em diversas ações e trabalhos realizados dentro do PPG, com destaque para o Simpósio de Entomologia. “Foi um sucesso total, um ponto fora da curva entre os eventos de entomologia do Brasil, em termos não só científicos, mas visuais e financeiros. E quanto mais sucesso o evento faz, mas a gente alimenta os nossos espaços”, diz Douglas. 

Caminho árduo
Resultados e trabalhos de alta qualidade, porém, não impedem que o grupo ainda sofra preconceitos e encontre barreiras em seu caminho. “Eu vejo que a gente é bem-vindo para dar uma cara nova, atual para o programa, e somos reconhecidos pela nossa criatividade e nossas habilidades. Por outro lado, ainda é difícil mexer em coisas estruturais, ainda há uma força resistente muito pesada”, diz Samuel. Ao mesmo tempo em que agradecem a acolhida de professores que abriram portas e os encorajaram a ocupar seus espaços, o grupo destaca que esse é um caminho trilhado pelos próprios estudantes, com iniciativas diversas tomadas, dia após dia, em busca de novas oportunidades. “Sempre que eu posso, eu tento trazer pessoas que eu sei que são inferiorizadas, desvalorizadas, mas que têm um grande potencial, para trabalhar comigo nestas posições de liderança. Isso não agrada a todo mundo, mas as pessoas acabam tendo de ceder quando veem o resultado do que estamos fazendo.”

“Vejo que nosso programa é bastante acolhedor, mas a comunidade científica, no geral, se assusta um pouco. Mas aí é que está: isso faz com que a gente trabalhe bem e se divulgue mais. Quanto mais a gente trabalha, quanto mais a gente está em destaque, mais a gente ocupa esse espaço aqui, que é nosso”, finaliza Larissa.