Aulas online da disciplina BAN 773 contribuem para manter ritmo de estudos durante a pandemia

Todo primeiro semestre, a disciplina BAN 773 – Insetos Sociais é ofertada aos alunos do PPG em Entomologia da UFV. Mas neste ano, os dez estudantes matriculados na disciplina estão tendo uma nova experiência. As aulas presenciais, que em 2020 não tiveram tempo nem de começar, deram espaço para a realização de aulas online, um formato novo para muitos, inclusive para docentes, que estão tendo a oportunidade de se reinventar em salas de aula virtuais. A professora Maria Augusta Lima Siqueira, que ministra a BAN 773, abraçou a oportunidade e assegura que, apesar do momento atual que vivemos, “a experiência está sendo inédita e gratificante”.

Utilizando plataformas como o PVANet, da UFV, e o Google Meet, docente e alunos completaram a oitava semana de aulas. A professora Maria Augusta descreve como tem organizado a disciplina: “Há atividades de estudo e aulas em tempo real, com temas específicos. Posto material para leitura no PVANet, juntamente com um roteiro de estudo. Depois da leitura, temos um encontro online, por meio do Google Meet, para discussão dos textos, retirada de dúvidas e esclarecimento de conceitos. Além das atividades semanais, estou orientando o preparo dos trabalhos por e-mail e pelo PVANet. Pretendo que os trabalhos só sejam apresentados presencialmente, após a normalização das atividades”.
Parece simples, mas não é, nem mesmo para professores experientes como Maria Augusta, pois exige domínio de técnicas e conhecimentos no ambiente virtual até então pouco explorados para quem sempre atuou no ensino presencial. Mas a docente garante: “Embora o preparo das aulas online exija maior dedicação do que a necessária para as aulas presenciais, estou aprendendo muito. Os alunos estão tendo um ótimo aproveitamento até agora, participando ativamente das aulas e atividades propostas. Como poucas disciplinas estão sendo ofertadas nessa modalidade, acho que ela também está sendo útil para manter o ritmo de estudo dos alunos. A interação com os alunos também superou as minhas expectativas. Eles estão contribuindo muito também com ideias para melhorar a disciplina, pois a modalidade é nova para mim”.
A mestranda Lara Jardim Collares ingressou na Entomologia UFV neste semestre e está cursando a BAN 773. A interação na disciplina também a surpreendeu e as aulas estão a ajudando a estabelecer uma rotina durante a pandemia. “Como caloura da pós-graduação, estou bem animada com o curso. Além da disciplina online, estou realizando cursos gratuitos ofertados por plataformas digitais do governo e estou trabalhando de forma teórica no meu projeto, para que não fique atrasada com o cronograma. Além disso, semanalmente participo de uma reunião promovida pelo meu orientador, o professor Raul Carvalho Narciso Guedes, com todos os meus colegas de laboratório, que está sendo bem produtiva. As atividades que estou realizando estão sendo essenciais para a construção da minha rotina, o que contribui muito com a minha produtividade”.

O doutorando Raul Marques Pisno também está cursando a BAN 773 e conta como tem organizado o seu tempo durante esse período de isolamento: “Eu tenho aproveitado para ler artigos e adiantar a escrita de um. Mesmo que eu só tenha dados parciais, tento adiantar o que dá. Agora com a disciplina de Insetos Sociais, consigo ter algo mais para direcionar minhas leituras”. Para ele, a interação durante as aulas também merece destaque: “A maioria dos alunos participa, e nós até debatemos alguns assuntos com uma naturalidade maior do que eu esperava de uma aula a distância”. Mesmo considerando que “a experiência online tem sido proveitosa”, Raul sente “falta do ambiente da universidade”, assim como todos nós.
Mas enquanto não podemos nos reencontrar na UFV e retomar as atividades presenciais, experiências como as aulas da disciplina de Insetos Sociais contribuem para aproveitar o tempo atual e otimizar o que virá, pois como bem sinaliza a professora Maria Augusta, “realizar a matéria online está sendo também positivo para adiantar as atividades do semestre, que imagino que será exaustivo após o retorno, para professores e alunos”.
Doutorando cria software capaz de avaliar automaticamente comportamento animal

Numa época como a atual, em que dia após dia se evidencia a importância da pesquisa científica para propor soluções, o doutorando do PPG em Entomologia da UFV Rodrigo Cupertino Bernardes inova e cria uma solução tecnológica, utilizando inteligência artificial e visão computacional, capaz de avaliar automaticamente comportamento animal. Ele desenvolveu o software Ethoflow, cujo nome combina termos relacionados ao estudo de comportamento animal (Ethology) e operações de matrizes em cadeia (Flow), que ocorrem em modelos de inteligência artificial. A partir de um vídeo registrado com uma câmera digital, o software Ethoflow analisa automaticamente vários parâmetros cinemáticos do comportamento, possibilitando inclusive que essa análise seja feita em experimentos de campo. O doutorando explica que também é possível analisar comportamentos específicos, como por exemplo, a trofalaxia, que é um comportamento social complexo de troca de alimentos entre companheiros de ninho.
Registrado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o software é compatível com os sistemas operacionais Linux, Windows e macOS e possui uma interface gráfica intuitiva. Isso contribui para a sua usabilidade e múltiplas possibilidades de aplicação. De acordo com Rodrigo, “o Ethoflow não demanda grande familiaridade com ferramentas computacionais para ser utilizado, podendo ter aplicação multidisciplinar. Utilizando heurísticas desenvolvidas para o software, o usuário pode gerar, automaticamente, dados de treinamento para os modelos de inteligência artificial, possibilitando avaliar novos comportamentos com diferentes animais. Isso expande as possibilidades de aplicações do Ethoflow para além da entomologia. O software pode ser utilizado, por exemplo, para o monitoramento de comportamentos em sistemas de criação de animais na pecuária de precisão”.
Entomologia, inteligência artificial e visão computacional
Mas afinal, como surgiu essa ideia inicial de se unir entomologia, inteligência artificial e visão computacional num projeto de doutorado? Rodrigo conta que desde que ingressou na pós-graduação, ele procurou obter uma formação multidisciplinar, focando principalmente em disciplinas de estatística e engenharia. “Com o embasamento adquirido nessas disciplinas, aprofundei meus conhecimentos em inteligência artificial e visão computacional para aplicar em estudos e soluções relacionadas à entomologia. O estudo de comportamento animal tem bastante importância na entomologia”.
Integrando a equipe do professor Gustavo Ferreira Martins, seu orientador no doutorado, com coorientações dos professores Raul Narciso Carvalho Guedes e Maria Augusta Lima Siqueira, Rodrigo conta que a solução por ele proposta partiu de uma necessidade identificada na sua prática científica. “O grupo de pesquisa que componho trabalha com ecotoxicologia de pesticidas, onde é muito importante avaliar comportamento animal como parâmetro de efeitos subletais. Entretanto, havia uma demanda por um software robusto que pudesse lidar com análises em ambientes heterogêneos e que avaliasse vários indivíduos em grupos, mantendo suas identidades. Dessa forma, uma das diretrizes principais do meu projeto de doutorado foi desenvolver um software que preenchesse essa lacuna, utilizando modernas ferramentas de visão computacional e inteligência artificial”.

Nas aplicações realizadas até o momento, o Ethoflow mostrou alta velocidade e precisão no processamento, e está sendo utilizado por pesquisadores das áreas de entomologia, biologia celular e zootecnia, em pesquisas com diferentes animais. Por enquanto, o software ainda não está disponível para downloads em plataforma digitais. Mas outros pesquisadores que também tenham interesse em utilizá-lo, podem contatar diretamente o criador Ethoflow pelo bernardesrodrigoc@gmail.com . O doutorando planeja ministrar futuramente cursos sobre a utilização do software para os interessados.
Animado com a obtenção de registro de patente do Ethoflow, Rodrigo destaca que além de contribuir de forma relevante para a avaliação do Programa de Pós-Graduação como inovação tecnológica, “o software desenvolvido é uma ferramenta de suporte útil para aplicações técnico-científicas e tem ampla aplicação em pesquisas com comportamento animal”. Ele avalia que o desenvolvimento desse projeto acrescentou muito na sua formação: “Tive a oportunidade de aprofundar os meus conhecimentos no campo da inteligência artificial e visão computacional. O pioneirismo dessa proposta amplia as áreas de pesquisa na entomologia, como manejo integrado de pragas, taxonomia, entre outras, que podem utilizar esses recursos computacionais para auxiliar nas tomadas de decisões pelos pesquisadores”.
Grupo de Estudos em Entomologia da UFV promove lives semanais durante a pandemia

Na próxima quarta-feira, dia 20, às 16h, no Instagram , será realizada a primeira live de uma sequência proposta pelo Insectum – Grupo de Estudos em Entomologia da UFV. O convidado será o professor Gustavo Ferreira Martins, que abordará o tema “Aedes aegypti: na intimidade de um pequeno grande inimigo”.
A proposta dos estudantes da pós é promover toda semana uma live no Instagram @insectum.ufv . De acordo com o mestrando Douglas Ferreira, “nós do Insectum vamos realizar lives em forma de palestra/bate-papo sobre diversos temas, com os professores do nosso Programa, com os pós-docs, e estamos tentando trazer professores de outras universidades e de outros países”.
O objetivo é que, neste período de pandemia, os estudantes se mantenham conectados, bem informados e que aprendam temas novos. Douglas destaca que “o intuito da live é trazer ciência para todos da melhor forma possível, mas ao mesmo tempo reforçar a importância de ficar em casa, do isolamento social para salvarmos vidas”.
Então, não deixe de participar da primeira transmissão, com o professor Gustavo Ferreira Martins, na quarta-feira dia 20, às 16h, noPandemia impõe nova rotina a pesquisadores da Entomologia UFV

Nesta semana completam dois meses que as atividades acadêmicas foram suspensas na UFV em virtude da pandemia causada pelo novo coronavírus. Desde o dia 16 de março, todos buscam se adequar à nova realidade. Laboratórios fechados ou funcionando parcialmente, escala de trabalho com equipes reduzidas, apresentações de projeto por videoconferência, reuniões remotas, discussão de artigos online, pesquisas interrompidas, defesas comprometidas. Essa é a atual rotina de milhares pesquisadores Brasil afora. Em Viçosa (MG) não é diferente e na Entomologia UFV, tão pouco.
O Laboratório de Ultraestrutura Celular, coordenado pelo professor José Eduardo Serrão, por exemplo, está fechado desde o dia 23 de março, quando a Prefeitura Municipal de Viçosa determinou o distanciamento social. “Assim, todas as atividades estão suspensas no momento e os estudantes estão em home office” – relata o professor Serrão. Já o Laboratório de Acarologia, coordenado pelo professor Angelo Pallini, está funcionando por meio de revezamento de equipes. O orientador destaca: “Nos reunimos duas vezes por semana via Zoom, onde além de leitura de artigo e discussão em grupo, discutimos o dia-a-dia das atividades para a semana. Montamos horários onde apenas uma ou no máximo duas pessoas estarão presentes. Aqueles que não estão podendo fazer experimentação, estão analisando dados ou escrevendo artigos”.
Para não deixar as criações morrerem, já que o seu laboratório se encontra fechado, a pesquisadora da Epamig Madelaine Venzon e duas de suas orientandas estão cuidando de criações de insetos em casa. Além disso, a pesquisadora mantém contato diário com os seus orientados via WhatsApp e e-mail. De acordo com a orientadora do PPG em Entomologia, “o laboratório está fechado, seguindo as instruções da Epamig. Somente eu e um aluno de iniciação científica estamos nos revezando para molhar as plantas da casa de vegetação”.
No Laboratório de Bioinformática e Evolução, coordenado pela professora Karla Yotoko, a situação é parecida: “O Laboratório está em funcionamento por causa das linhagens de Drosophila que precisam ser mantidas. Estou revezando com dois doutorandos os cuidados necessários. Os outros estudantes do Laboratório estão em suas casas, em outras cidades, mas estamos em contato pelo Google Meet. Estou dando o curso de Filogenia Molecular para eles duas vezes por semana”.
Parte da equipe liderada pelo professor Frederico Falcão Salles também retornou para as cidades de origem. Outros estudantes permanecem em Viçosa. O curador do Museu de Entomologia destaca que “independentemente de onde estejam, todos estão trabalhando em artigos ou na elaboração de suas dissertações, teses ou projetos. Nenhum dos meus estudantes têm frequentado o Museu, mas eu tenho ido duas vezes por semana para verificar as condições de umidade da coleção”.

Já o professor Og DeSouza relata que a estrutura física do Laboratório de Termitologia está funcionando de forma bem reduzida e manifesta a sua preocupação com a manutenção dos equipamentos que lá estão: “Há uma escala de estudantes que vão periodicamente ao Laboratório para verificar se os aparelhos estão funcionando normalmente. Nos preocupa bastante a lupa de alto desempenho, pois há risco de desenvolvimento de fungos, já que o desumidificador está com defeito”.
No que se refere às orientações dos estudantes, Og conta que elas estão acontecendo online, com reuniões periódicas via Zoom e mensagens por e-mail e WhatsApp. “Já reestruturei todas as teses, ativando o plano B que havia sido previamente acordado individualmente para cada tese desde a entrada do estudante. Isso inclui capítulos teóricos para complementar o trabalho, caso a quarentena comprometa a coleta de novos dados. Temos ainda um banco de dados extenso no Laboratório (mantido para emergências deste tipo) que pode ser usado para gerar vários trabalhos distintos”.
Seja no Laboratório de Termitologia, Ecologia, Interações Inseto-Planta, Semioquímicos, Fisiologia e Neurobiologia de Invertebrados, Controle Biológico, Manejo Integrado de Pragas, Biologia Estrutural, Mirmecologia, Interações Inseto-Microrganismo, Ecotoxicologia ou em outros laboratórios, cada um à sua maneira busca se adequar a esta realidade que já vivenciamos há 60 dias, tentando minimizar o impacto da pandemia no andamento das pesquisas e os prejuízos para a comunidade acadêmica e a sociedade em geral, e sobretudo buscando proteger a saúde de todos.
Fotos: Paulo Santana Jr.
Comunicado da Comissão Coordenadora sobre prorrogação das bolsas

Prezados membros do PPG-Entomologia,
A Comissão Coordenadora resolveu solicitar à CAPES e ao CNPq prorrogações de bolsas dos discentes cujas programações tenham sido prejudicadas pela pandemia de Covid-19.
Todos os discentes que quiserem pleitear esta prorrogação excepcional deverão:
- Enviar email endereçado à Comissão Coordenadora para os seguintes e-mails:
- selliot@ufv.br
- ent@ufv.br
- [email institucional do seu orientador]
- Incluir no corpo do email (obs. anexos serão desconsiderados):
- seu nome completo,
- seu CPF,
- sua matrícula,
- se a sua bolsa é da CAPES ou do CNPq (no caso do CNPq, incluir o n° processo institucional de bolsa)
- uma justificativa para solicitação de prorrogação, explicitando o tempo extra que considere necessário (até três meses para CAPES; até sessenta dias para CNPq).
Todos os orientadores que apoiam esta solicitação precisam responder a todos dando ciência e acordo à solicitação.
(É recomendável que a justificativa seja preparada junto ao seu orientador.)
No caso da CAPES, a solicitação e o email do orientador precisam ser enviados até sexta-feira dia 15 de maio.
No caso do CNPq, a solicitação e o email do orientador precisam ser enviados até quinta-feira dia 21 de maio.
Lembramos a todos que a prorrogação é extraordinária, e vai implicar em custos para o país, o Programa e eventuais ingressos (bolsas que não serão concedidas a novos alunos). Portanto, pedimos que pensem se a extensão é de fato necessária.
Futuramente, poderemos reavaliar cada caso considerando se as suas metas foram atingidas e se a prorrogação continua de fato necessária.
Atenciosamente,
Simon Luke Elliot
Coordenador, PPG-Entomologia
Leia as informações divulgadas :
CAPES: CNPq: