Mestrado e Doutorado abrem inscrições para 2021

Foi publicado nesta quarta-feira, 25 de novembro, o edital para preenchimento das vagas do Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPGENT) da Universidade Federal de Viçosa, para Mestrado Acadêmico e Doutorado, no primeiro semestre letivo de 2021.
Não há ainda definição sobre o número de vagas. Os estudantes serão aceitos no Programa de acordo com o número de bolsas disponíveis. A quantidade de bolsas dependerá da liberação pelas agências de fomento (CAPES, CNPq e FAPEMIG), em seus respectivos sistemas.
As inscrições já podem ser feitas e serão recebidas até as 23h59 do dia 12 de janeiro de 2021, precisando ser confirmadas pelo PPGENT. A lista dos candidatos que tiveram a inscrição confirmada será disponibilizada a partir do dia 15 de janeiro. A realização da prova escrita está agendada para dia 22 de janeiro. Também será realizada análise de currículo. Os candidatos a uma vaga no Doutorado precisam passar ainda por uma arguição oral, no dia 05 de fevereiro.
A matrícula dos aprovados deverá ser feita no dia 5 de março, e as aulas iniciadas no dia 15 do mesmo mês.
Todas as condições e orientações para inscrição dos interessados estão disponíveis no edital, publicado aqui. O documento também traz detalhes sobre o processo seletivo e sugestão de leitura.
Abertas as inscrições para representação discente

O Programa de Pós-Graduação em Entomologia acaba de publicar edital de convocação para eleição dos representantes discentes junto à Comissão Coordenadora do Programa durante o ano de 2021.
Os estudantes interessados em registrar sua candidatura devem enviar os dados (nome do representante candidato e de seu suplente) para o email discentes.entomologia@gmail.com até o próximo dia 04.
A divulgação das chapas inscritas será feita no dia 07.
A eleição vai acontecer online, no dia 10 de dezembro.
Outras informações sobre o processo estão no Edital.
Professora de Groningen reabre seminários com palestra online

O Programa de Pós-Graduação em Entomologia inicia os seminários do segundo semestre letivo de 2020 nesta quinta, com palestra da pesquisadora brasileira radicada na Holanda Joana Falcão Salles. Joana é professora titular da Universidade de Groningen, na cidade de Groningen, onde se dedica, especialmente, à microbiologia de solo. Em seus trabalhos mais recentes, ela vem focando na aplicação deste conhecimento a estudos relacionados aos insetos, em sua condição de hospedeiros. Nesta quinta, ela fala pela primeira vez aos alunos da Entomologia sobre o tema, na palestra “A microbial perspective of insects”.
Graduada em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e mestre em fitotecnia pela UFRRJ e Embrapa, Joana cursou doutorado em ecologia microbiana na Universidade de Leiden, também na Holanda. “Eu sempre quis ter experiência internacional, por isso fiz o doutorado fora. A intenção era voltar para o Brasil, mas infelizmente na época em que terminei o doutorado, não existiam muitas oportunidades de trabalho no país”, conta a professora.
As pesquisas de Joana na Universidade de Groningen estão focadas nas causas e consequências das comunidade microbianas para os ecossistemas e os hospedeiros que elas habitam. “Comecei com solos e plantas, estudando como as comunidades microbianas se formam, como os microrganismos interagem entre si (causas). Também estudo como as comunidades microbianas contribuem para o funcionamento dos ecossistemas e hospedeiros. As principais perguntas são: qual é a importância da diversidade microbiana para o desenvolvimento do hospedeiro – ou para processos associados ao solo, como ciclagem de nutrientes (no caso de microrganismos de vida livre)? Comunidades mais diversas são mais estáveis e resilientes a distúrbios? Como a interação entre microorganismos e outros organismos (plantas, insetos) contribui para a capacidade do ambiente de lidar com distúrbios associados à mudança climática?”, exemplifica ela.
Na etapa atual de seu trabalho, Joana busca os princípios que unificam as teorias de ecologia microbiana em hospedeiros, investigando, por exemplo, como se formam as comunidades microbianas, qual controle o hospedeiro tem sobre esse processo e quais espécies de microrganismos são essenciais para o hospedeiro. “Os insetos representam um hospedeiro interessante pois permitem responder a essas perguntas através de experimentos de laboratório e campo, além da conhecida importância de microorganismos para insetos do ponto de vista de nutrição. Também trabalho com pássaros, plantas, artrópodes e ratos.”
Intercâmbio
Apesar de estar na Holanda desde o doutorado, concluído em 2005, Joana mantém contato constante com a comunidade científica brasileira. “Temos ótimos profissionais de ecologia microbiana no Brasil, com o quais trabalho mais diretamente, e a qualidade dos alunos brasileiros é normalmente superior a dos alunos europeus”, avalia dela, destacando que dentre os 11 alunos de doutorado que ela orientou, os dois com melhor desempenho são brasileiros, escolhidos através de processo seletivo holandês, e com financiamento total do Governo local. Em seu laboratório na Holanda, a professora também já recebeu vários alunos para doutorado sanduíche, com bolsas do CNPq e CAPES. “Infelizmente essas bolsas estão cada vez mais escassas e, no meu grupo atual, de 17 alunos, temos várias nacionalidades, menos a brasileira.”
Segundo a pesquisadora, a decisão de cursar o doutorado fora do Brasil – e em seguida solidificar sua carreira em ambiente internacional – a ajudou a dimensionar as qualidades do modelo de ensino brasileiro. “A oportunidade que temos de começar com a iniciação científica tão cedo, assim como o amplo currículo da biologia, agronomia, etc, são aspectos que não damos valor enquanto estudantes, e talvez até mesmo como profissionais. Tive a sorte de fazer parte de um grupo seletivo que cursou uma universidade pública, e tenho orgulho do nível acadêmico e científico que encontrei nos meus anos no Brasil.” Na Holanda, os cursos de bacharelado duram três anos e, segundo a professora, oferecem pouca oportunidade de pesquisa nesse período. “Isso influencia muito a maturidade e interesse dos alunos.”
Na avaliação de Joana, os pesquisadores brasileiros são, de forma geral, bem vistos na Holanda (e também em outras partes a Europa). Isso não elimina, porém, os desafios vividos por ela ao longo dos anos. “Ser estrangeira e mulher na ciência na Holanda não é fácil, e tenho que dizer que apesar de ter ótimos colegas, ainda sofro, quase que diariamente, preconceito por conta de sexo ou nacionalidade. Acho que o fato de ser mulher, inclusive, pesa mais do que ser estrangeira (menos de 20% dos professores titulares da Holanda são mulheres)”, conta ela, que tem outros seis colegas brasileiros entre os professores titulares da mesma universidade. “São todos ótimos profissionais e, curiosamente, a maioria mulheres!”
Entomologia tem dois professores entre os mais citados do mundo

Os professores Raul Narciso Carvalho Guedes e José Eduardo Serrão, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, estão entre os cientistas mais citados do mundo, de acordo com estudo feito na universidade americana de Stanford e publicado em outubro pelo Plos Biology. Para chegar à lista de nomes, os autores do estudo consideraram as citações da base de dados Scopus ao longo da carreira dos cientistas (até o ano passado) e também, em um recorte específico, no ano de 2019. O estudo lista ainda os pesquisadores mais influentes por campo de atuação.
Motivação e intercâmbio
O professor Raul, atual Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV, é o 29.274º entre os 100 mil cientistas, de todos os campos de pesquisa, mais citados em 2019. “Em termos pessoais, é claro que tenho uma medida de satisfação pelo fato de que nossa produção tem se mostrado útil de alguma forma para os colegas de área. Em termos práticos, contudo, pouco muda no meu cotidiano de trabalho e nas minhas perspectivas, pois minha motivação se mantém elevada apesar das dificuldades que sempre aparecem (ou até mesmo por causa delas)”, conta ele.
A relevância internacional da produção acadêmica de Raul começou a ser sentida por ele há dez ou 15 anos, quando ele intensificou sua presença em eventos ao redor do mundo. “Eu me dei conta de que fazíamos algo diferente quando colegas começavam a brincar comigo nestes eventos no exterior e indagar sobre um ou outro trabalho que tínhamos feito”, conta. “O mais curioso é que recursos de pesquisa nunca foram particularmente abundantes, mas a partir de 2008 as oportunidades de viagens e interações internacionais aumentaram bem”.
Em 2019, o professor dedicou-se, entre outras pesquisas, a dois temas que têm despertado especial atenção: a resistência a inseticidas na traça-do-tomateiro e a flexibilização e o emprego da técnica de eletropenetrografia em diferentes contextos. “Este último caso representa um esforço colaborativo com o pessoal do Departamento de Agricultura nos EUA, que aceitou bem a ideia e nos deu suporte na aplicação dela – Elaine Backus, que na realidade desenvolveu o equipamento mais moderno, e os colegas James Throne e Spencer Walse. No caso da traça, os colegas Marcelo Picanço do nosso departamento, e Herbert Siqueira, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), vem fazendo ótimo trabalho a respeito e tive a oportunidade de trabalhar com ambos”, explica ele, destacando também parcerias com o Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INRA), na França, e a Universidade da Catânia, na Itália.
Parceria e atualização
O professor Serrão aparece em outra lista, incluída no mesmo estudo, dos 2% mais influentes cientistas por área de conhecimento. “Penso que todo trabalho científico é relevante no momento em que expande o conhecimento da humanidade. A importância desse reconhecimento é indicar que talvez eu esteja no caminho certo, contribuindo para o avanço do conhecimento humano”, diz ele, que tem mais de 300 trabalhos publicados ao longo de sua carreira. “Ciência funciona assim: para cada pergunta que encontramos uma resposta, surgem dezenas de outras. Então quando influencio os demais pesquisadores, é porque eles também estão muito interessados em produzir conhecimento para melhoria do mundo em que vivemos”.
Nos últimos anos, Serrão tem se dedicado a entender como os órgãos internos dos insetos são formados e, especialmente, como esses organismos se relacionam com o ambiente, resistindo a alterações climáticas e a produtos tóxicos e poluentes. “Isso obviamente demanda uma parceria com pesquisadores de diversas áreas – toxicologia, taxonomia, controle de pragas, biólogos, agrônomos, químicos -, são vários os parceiros envolvidos. A gente vai sempre atualizando com ferramentas modernas, sempre adicionando novas tecnologias”, explica ele.
Na avaliação do professor, não há um trabalho ou parceria que, sozinho, tenha sido determinante para a relevância internacional de sua produção, e sim uma sequência de esforço e tempo dedicado. “Se analisarmos os trabalhos, veremos claramente que eles foram mudando ao longo dessas duas décadas. Isso é fruto do avanço do conhecimento e para que nossa contribuição possa ocorrer é importante estar sempre atualizado, acompanhando o que vem sendo desenvolvido por outros pesquisadores e como isso pode impactar de forma positiva nossa linha de pesquisa”, avalia ele, já valorizando o que está por vir. “Eu diria que o momento determinante é quando concluímos nosso último trabalho para iniciarmos o próximo.”
Doutoranda inicia etapa internacional de projeto na Bélgica

A doutoranda Juliana Vieira, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, iniciou em setembro, na Universidade de Ghent, na Bélgica, a etapa internacional de seu projeto de pesquisa. Desde 2018, Juliana se dedica ao estudo da diversidade genética e da resistência a inseticidas em populações do percevejo-das-panículas, sob orientação do professor Raul Guedes, da UFV, em parceria com Alexandre Barrigossi, da Embrapa Arroz e Feijão, e com o professor Guy Smagghe, da Universidade de Ghent. “Com o auxílio da equipe da Embrapa e da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), de janeiro até abril deste ano, coletei populações de percevejos em arroz irrigado e de terras altas nos estados do Tocantins e de Goiás, bem como, realizei os bioensaios de resistência a inseticida. Em seguida, retornei a Viçosa, extrai o DNA dos insetos coletados e com esse material obtido estou na Bélgica realizando o estudo da diversidade genética com marcadores moleculares”, conta ela.
A parceria com o professor Guy Smagghe começou a ser construída no ano passado, quando ele esteve em Viçosa para integrar o Simpósio de Ecotoxicologia. “Eu e o professor Raul nos reunimos com ele, discutimos juntos o projeto e em seguida, iniciei os procedimentos de submissão à Universidade de Ghent.” O professor belga é colaborador atuante no PPGEnt, sendo responsável inclusive pela co-orientação de outros estudantes do programa. “Portanto, a escolha foi em razão da consolidada relação com professor Smagghe, e pelo mérito e qualidade dos projetos de pesquisa que ele executa, contando com um laboratório bem equipado e produtivo em estudos de genética molecular e controle de pragas”, explica Juliana.
Essa é a primeira experiência acadêmica internacional de Juliana, que espera ganhar segurança na língua inglesa e abrir portas para sua carreira fora do Brasil. “Minha expectativa é que além de proporcionar aprendizado pessoal nas técnicas de estudo de genética de populações, a experiência propicie o reconhecimento do meu trabalho por meio de publicações em revistas com reconhecido fator de impacto. Como consequência prática, ambiental e socioeconômica, espero que meu projeto possa colaborar na tomada de decisão para o manejo das duas espécies de percevejos-das-panículas, minimizando o uso irracional de inseticidas e potenciais perdas na produção do arroz”.

Adaptação
Juliana, que foi contemplada com uma bolsa pelo programa Capes/Print, é a primeira aluna do programa a iniciar a etapa internacional de pesquisa depois da chegada da pandemia do Coronavírus. Apesar das restrições que o momento impõe, a doutoranda já conseguiu estabelecer uma rotina no laboratório, trabalhando na testagem da metodologia a ser empregada em seu projeto. A Universidade está em alerta desde o fim de outubro, em função do aumento do número de casos na Bélgica e adoção nacional de medidas mais restritivas em todo o país. “Na prática, as medidas que tenho tomado quando estou na Universidade são registrar em formulário online os locais que utilizo, respeitar a lotação máxima dos espaços, higienizar as mãos toda vez que entro e saio de algum local, usar máscara facial e não compartilhar objetos de uso pessoal.”
A Universidade de Ghent, segundo Juliana, é muito internacionalizada e a cidade, bastante plural. “Cotidianamente tenho interagido com estudantes e pesquisadores de diversas nacionalidades, o que tem me feito destravar para o inglês e aprender com as diferenças. Eu acredito que quanto mais desbravamos o novo, melhor entendemos nós mesmos: quem somos e onde queremos chegar. Realmente tem sido uma experiência transformadora.”
Trajetória
Juliana é estudante da UFV desde a graduação, em Ciências Biológicas, concluída em 2015. Imediatamente depois, ela iniciou o mestrado, já sob orientação do professor Raul, com que trabalhou como estagiária ainda durante a graduação. “Durante meus dois anos de Programa de Educação Tutorial (PET) fui estagiária voluntária no laboratório do professor Raul e em seguida, obtive mais dois anos de bolsa de iniciação científica da Fapemig. Nesses quatro anos de estágio eu trabalhei diretamente com uma mestranda e duas doutorandas, desenvolvendo projetos com comportamento e fisiologia de carunchos (do milho e do feijão) frente a exposição inseticida e a supressão endossimbionte”. Foi essa a linha de pesquisa que Juliana seguiu no mestrado, concluído em 2017. “Quando decidi fazer o doutorado, eu sentia que tinha consolidado uma boa formação em técnicas de biologia molecular, mas queria integrar isso a experimentos de campo, pois não tinha tido esse tipo de vivência profissional.”