Mayara Lopes assume disciplina Entomologia Geral

O Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPGEnt) recebe, a partir deste mês de julho, o reforço da professora e pesquisadora Mayara Lopes. A professora, cuja formação inicial é em agronomia, tem fortes vínculos com o PPGEnt, onde cursou seu mestrado e pós-doutorado. Como professora substituta, ela lecionará a disciplina Entomologia Geral, e tem planos de seguir desenvolvendo suas atividades de pesquisa e extensão.
A entomologia entrou na vida de Mayara ainda no período da graduação, quando ela teve a oportunidade de iniciar, por meio de um estágio, seu trabalho no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UFV, sob orientação do professor Marcelo Picanço. Hoje ela soma 12 anos de dedicação ao laboratório, que considera sua segunda casa. “Por meio deste trabalho, já tive a oportunidade de atuar em disciplinas de graduação e pós-graduação, coorientar estudantes da graduação, e desenvolver pesquisas que me renderam publicações. Sou muito grata ao professor Picanço pelo incentivo, amizade e confiança, que com certeza contribuíram para minha formação pessoal e profissional”, diz ela.
Ao longo destes anos, Mayara concluiu seu mestrado, pelo PPGEnt, o doutorado, em Fitotecnia, e mais recentemente o pós-doutorado, que a trouxe de volta à Entomologia. Em todo esse percurso, ela trabalhou com o professor Picanço. “Tenho muitas expectativas para essa nova etapa, como professora substituta em um programa tão conceituado e reconhecido mundialmente. Pretendo, além de lecionar, continuar a desenvolver atividades de pesquisa e extensão. Além disso, me coloco à disposição dos professores e estudantes para ajudar no que for preciso. Espero contribuir para o programa, além de corresponder às expectativas depositadas em mim.”
Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves
Estudo relaciona queda na virulência à estratégia de sobrevivência de vírus que ataca a soja

Um artigo publicado na revista Virus Research revela a relação entre a redução da virulência e o crescimento da diversidade e da adaptabilidade do cowpea mild mottle virus (CPMMV), que ataca plantações de soja em todo o Brasil. O trabalho “Experimental evolution of cowpea mild mottle virus reveals recombination-driven reduction in virulence accompanied by increases in diversity and viral fitness”, assinado por pesquisadores dos departamentos de Fitopatologia e de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Universidade Federal do Ceará, apresenta experimentos feitos em laboratório e em casa de vegetação, envolvendo neste último caso a mosca-branca (Bemisia tabaci), transmissora do CPMMV. A infecção por CPMMV causa sintomas variados e tem grande impacto na cultura da soja por sua capacidade de causar necrose sistêmica na planta.
Em laboratório, os pesquisadores descobriram que o vírus perde virulência à medida que novas gerações de plantas vão sendo infectadas, umas pelas outras. “Partimos de uma planta infectada, dela vieram 3, e depois, de cada uma dessas, outras 12, e assim em diante, até que passamos por seis gerações. E à medida que íamos inoculando as gerações, o sintoma ia ficando mais brando, mais leve. O vírus estava se modificando, e fomos percebendo que a variação do sintoma (da doença) que é descrita no campo também era causada pelas novas variantes”, explica Larissa Zanardo, primeira autora do texto, que realizava na época do experimento seu trabalho de doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento da UFV, e hoje cursa seu pós-doutorado pelo Departamento de Fitopatologia.
A tese de Larissa teve orientação dos professores Francisco Murilo Zerbini e Claudine Carvalho, do departamento de Fitopatologia da UFV. A equipe recebeu o reforço da entomologia com o trabalho de Tiago Trindade, que na época cursava seu mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPGEnt), com orientação do professor Simon Elliot e colaboração de Arne Janssen. Diante das constatações em laboratório, o grupo passou a investigar se a mesma queda de virulência acontecia nas plantações, no contato do CPMMV com a mosca-branca, e que impacto essa variação de virulência teria na sobrevivência do próprio vírus e do vetor. “O que observamos é que a redução da virulência é benéfica para ambos, e pode ser considerada uma estratégia de sobrevivência”, conta Tiago, que é técnico de laboratório do Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas. “Se o vírus causa necrose e morte da planta, as ninfas da mosca-branca não vão conseguir sobreviver e chegar até a fase adulta – e são os adultos que dispersam o vírus para novas plantas. Nos nossos testes, nenhuma ninfa sobreviveu e chegou até a fase adulta em plantas infectadas com o isolado que causa sintomas de necrose, enquanto que a sobrevivência e o desenvolvimento de ninfas em plantas infectadas de forma mais leve foram similares ao que acontece em plantas controle (não infectadas)”.
A presença da necrose da haste da soja, neste contexto, pode ser explicada por outra estratégia de sobrevivência do vírus, que está relacionada à forma de transmissão. “O CPMMV é transmitido de forma não-persistente, ou seja, o vírus é adquirido e transmitido muito rápido (minutos ou até mesmo segundos). Isolados que causam necrose podem, portanto, reduzir a permanência das moscas brancas na planta infectada e ainda assim promover a transmissão do vírus, por meio da dispersão dos insetos para novas plantas”, acrescenta Tiago.
Para Larissa, o mapeamento da diversidade e da virulência do vírus chama ainda mais atenção para os cuidados que devem ser tomados nas plantações. “O sintoma brandos do vírus podem ser confundidos com deficiência nutricional, então às vezes os produtores nem percebem o problema. É preciso lembrar do CPMMV quando estiver fazendo o melhoramento da soja, ficar de olho no inseto vetor e usar um cultivar resistente a esse vírus.”
O artigo publicado na Virus Research tem assinatura também dos pesquisadores Talita Mar, Tarsiane Barbosa, Diogo Milanesi, Murilo Alves, Roberta Lima e Eduardo Mizubuti, que colaboraram em diferentes etapas do trabalho.
Foto: Larissa Zanardo
Entomologia confirma inscrições para processo seletivo de mestrado e doutorado

O Programa de Pós -Graduação em Entomologia confirmou nesta quinta-feira, 24 de junho, o recebimento de 12 inscrições para o mestrado e outras 9 para o doutorado. Este é o segundo processo seletivo de 2021. Ao todo, 21 inscritos disputam as vagas para ingresso no segundo semestre letivo deste ano. O prazo para inscrições se encerrou no último dia 21.
Veja aqui a lista dos candidatos que tiveram as inscrições confirmadas.
A realização da prova escrita está agendada para o próximo dia 29. Também será realizada análise de currículo. Os candidatos a uma vaga no Doutorado precisam passar ainda por uma arguição oral, agendada para 13 de julho.
A matrícula dos aprovados deverá ser feita no dia 29 de julho, de forma remota. As aulas serão iniciadas no dia 02 de agosto de 2021.
Orientadores debatem avanços no controle biológico em seminário internacional

Os pesquisadores Angelo Pallini e Madelaine Venzon, orientadores do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV, participam nesta quarta-feira, dia 16 de junho, do seminário internacional “Desafios da Ciência em um novo pacto global do alimento – Como transitar de uma economia industrial para uma bioeconomia tropical do conhecimento?” O evento online reúne, entre os dias 15 e 16, autoridades brasileiras e especialistas internacionais em uma série de painéis temáticos em torno do desafio de impulsionar a produção de alimentos no Brasil de forma sustentável.
Angelo e Madelaine são debatedores do painel “Os avanços do controle biológico de pragas – Cenário 2030”, que será moderado pelo ex-reitor da UFV e atual Presidente do CNPq, Evaldo Vilela. O terceiro debatedor do painel é o professor Steven Spoel, da University of Edimburgh. Estima-se que, no início da próxima década, pelo menos 30% do mercado nacional será orientado por controle biológico. Juntos, os especialistas vão abordar os desafios e as estratégias do setor, destacando os avanços já conquistados e a necessidade de foco não só na pesquisa tradicional, mas também no mapeamento do valor econômico, ambiental e social do controle biológico.
O seminário é organizado pelo Instituto Fórum do Futuro e pelo Sebrae, e marca o lançamento do projeto Biomas Tropicais, que propõe um novo pacto pela alimentação, conectando ciência, natureza, energia e alimento, apresentando alternativas para a produção de alimentos cada vez mais saudáveis, com impacto mínimo para a natureza. A programação completa pode ser vista aqui.
Para assistir ao evento, os interessados devem acessar este link. Não é necessário fazer inscrição. O painel que recebe os professores Angelo e Madelaine abre as atividades de quarta-feira, dia 16, às 8h.
Foto: Madelane Venzon
Trybomia é nova alternativa para controle biológico da broca-do-café em sistemas agroflorestais

Sistemas agroflorestais têm sido fortes aliados no cultivo do café ao longo dos anos, e as razões para isso não param de aumentar. Uma pesquisa coordenada desde 2010 pela orientadora do Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPGEnt) Madelaine Venzon, na Zona da Mata mineira, inclui entre os agentes de controle biológico natural da broca-do-café um tripes do gênero Trybomia, cuja presença nos cafezais está fortemente associada à manutenção de árvores de Ingá nas plantações. O tripes se alimenta e se fortalece utilizando o néctar encontrado nas árvores de Ingá, mas para se reproduzir precisa também ingerir ovos e larvas da broca-do-café, agindo como um inimigo natural da praga, que é uma das principais ameaças do café.
Essa hipótese surgiu ainda em 2010, durante o desenvolvimento do trabalho de mestrado de Maíra Queiroz Rezende, uma das autoras do projeto. Maíra foi orientada de Madelaine (também no doutorado) e hoje é docente do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), no Campus Teófilo Otoni. “No mestrado, avaliei se as árvores de Ingá plantadas em sistemas agroflorestais cafeeiros poderiam contribuir para o controle biológico das pragas do café. Percebi que as árvores de Ingá tinham tripes associados. Um dia, observei em campo o mesmo tripes saindo de um fruto brocado de café. A partir daí surgiu a hipótese de que esse tripes poderia ser um predador da broca-do-café”, conta Maíra, cujo trabalho também teve apoio dos professores Arne Janssen, da University of Amsterdam, e Irene Cardoso, do Departamento de Solos, da UFV.
Outra espécie de tripes já havia sido documentada na África como predadora da broca-do-café, mas é a primeira vez que o Trybomia é colocado nesta condição. “O controle desta praga é difícil porque ela vive dentro do fruto do café. Então, uma só estratégia não é eficiente, precisamos associar alternativas para aumentar a eficiência do controle”, diz a professora Madelaine, que é também pesquisadora da Epamig, onde parte da pesquisa é realizada. A técnica proposta pelo projeto já vem sendo testada, com bons resultados. “A planta de Ingá associada ao café pode contribuir para que o Trybomia permaneça no campo por mais tempo, através do fornecimento de áreas de refúgio e de fontes de alimentos para os tripes. Alguns cafeicultores familiares da Zona da Mata mineira já realizam essa associação e é possível observar que, próximo às plantas de Ingá, é mais difícil encontrar frutos de café brocados”, diz o doutorando Gabriel Pantoja, que integrou a equipe do projeto durante seu mestrado.
Veja aqui vídeo em que a professora Madelaine apresenta o projeto.
A pesquisa também integrou o projeto de mestrado de Thais Coffler, quando teve início a colaboração do professor Élison Fabrício B. Lima, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que é taxonomista de tripes. Ele foi coorientador de Thais. Nas próximas etapas do projeto, a equipe está realizando coletas e expandindo as áreas onde a pesquisa é feita. “Estamos agora preparando análise molecular para confirmação da espécie do predador. Vamos também avaliar a ocorrência do predador em outras regiões de Minas Gerais, onde há Ingá associado ao café e fazer outros testes de casa-de-vegetação. Estamos também elaborando os manuscritos para submissão”, adianta Madelaine.
Foto: Madelaine Venzon