Insetos em Cena: alunos produzem vídeos para difundir conhecimento

Transformar conhecimento acadêmico em informação clara e atraente para a comunidade sempre foi uma das metas do projeto Insetos em Cena, organizado pelos alunos da disciplina Fisiologia de Insetos, oferecida pelo professor Eugenio Oliveira, no Programa de Pós-Graduação em Entomologia. A quinta edição da mostra, porém, precisou deixar as instalações físicas da UFV e acontecer via internet, como quase todas as demais atividades do programa neste primeiro semestre de 2021. Organizados em grupos, os alunos produziram quatro vídeos com temas diferentes, mantendo a opção por transformar curiosidades em informação de fácil compreensão.
“O objetivo dos vídeos é alcançar um público não-especialista em entomologia, muito embora os entomologistas sejam sempre muito bem-vindos. O impacto que buscamos é tentar trazer respostas para questões do dia-a-dia que envolvem insetos”, explica Eugenio. Dois dos vídeos foram produzidos em português – “Como as abelhas produzem mel?” e “Por que alguns insetos fedem?” – e outros dois, em inglês – “Do insects get drunk?” e “Why firefliers glow?”. “Nós gostamos de chamar este espaço de ‘provocações entomológicas’. Os estudantes tentam trazer embasamentos acadêmicos para perguntas que aguçam nossa curiosidade, mas sempre levando em conta que a linguagem precisa alcançar os não-especialistas”, acrescenta o professor.
Clique nos links abaixo para ver os vídeos:
“Como as abelhas produzem mel?”
“Por que alguns insetos fedem?”
“Optamos por uma linguagem fácil, simples e engraçada, pois não queremos apenas que as pessoas acessem o vídeo, mas que o assistam por completo, sorriam e entendam o conteúdo. A ciência é útil e não precisa ser maçante – e queremos mostrar isso para todos, leigos e profissionais”, diz Renata Santos, cujo grupo escolheu como tema o cheiro de alguns insetos. Ela conta que a experiência de transformar conhecimento em um produto de livre acesso do público – especialmente um produto audiovisual – foi desafiadora. “Estamos tão acostumados com a linguagem científica e formal, que transpor as informações para uma linguagem democrática e atraente é difícil, mas contamos com a orientação do professor Eugenio, a capacitação oferecida pela Cead, e a dedicação do grupo, que facilitou o processo.”
O jornalista Tim Gouveia, técnico em Produção Audiovisual da Coordenadoria de Educação Aberta e à Distância (Cead) da UFV, acompanhou o trabalho dos grupos, oferecendo capacitação. “Fizemos minicursos similares aos oferecidos aos alunos de programas de tutoria em 2020. É importante que todos saibam que mesmo usando equipamentos simples, como um smartphone, por exemplo, é possível produzir bons conteúdos educacionais. Ao perceber tal potencial, as pessoas podem quebrar o paradigma de que produção de vídeos educacionais depende mais da tecnologia do que da capacidade de divulgar conhecimentos”, avalia ele. A capacitação foi oferecida de modo 100% remoto, na intenção de auxiliar na tarefa de adaptar o modelo de transmissão de conteúdo até então desenvolvido nos eventos presenciais para a internet.

“Foi muito legal. Nós tivemos um curso para aprender a editar vídeos e áudios, foi bem proveitoso e ampliou a nossa capacidade de elaboração de materiais. O trabalho em grupo também foi legal, pois cada um tem uma visão diferente e contribuiu de maneiras diversas para a elaboração do vídeo”, relata Livia Maria Negrini, uma das autoras do vídeo “Do insects get drunk?”. “A produção desse vídeo foi diferente das avaliações que a gente costuma fazer na pós-graduação. Mas isso não significa que o vídeo foi mais simples, o processo de simplificação da informação é tão difícil quanto transmitir informações mais complexas.”
Intercâmbio
O nigeriano Temidayo John Soneye cursou a disciplina e pode participar do projeto exatamente em função do caráter excepcional que levou as atividades para a internet. Ele, que nunca esteve no Brasil, é bolsista de um programa organizado pela Arifa (Agricultural Research and innovation Fellowship for Africa), Fara (Forum for Agricultural Research in Africa) e Tetfund (Tertiary Education Trust Fund). “Essas instituições avaliaram a UFV e a escolheram como primeira parceira para a realização de seus projetos. Tive todas as minhas aulas de Lagos e, embora eu tenha precisado investir em recursos de internet para garantir uma transmissão boa, não foi um problema”, conta o estudante. O grupo de Temidayo desenvolveu o tema “Why firefliers glow?”. “Hoje, a maior ameaça à existência humana são as próprias ações humanas, por isso é tão importante fazer com que todos tenham acesso a informações científicas e possam compreender os efeitos que nossas ações e inovações têm no meio-ambiente.”
O mestrando Vinícius de Menezes Estrela Santiago, que junto com o seu grupo apresentou o processo de produção de mel pelas abelhas, também defende a popularização da informação científica. “É algo essencial. O conhecimento tem que ser algo público e temos que aprender a nos comunicar com a sociedade para que possamos expandir o muro de nossas universidades, ou seja, além da popularização, também devemos pensar na democratização da informação. Na pandemia do Covid-19 vimos claramente a importância da divulgação científica, da popularização e democratização da ciência, e como a descredibilidade da ciência pela população pode trazer diversos problemas.” Pra ele, o projeto também trouxe a oportunidade de desenvolver novas habilidades. “Foi desafiador e enriquecedor principalmente pela proposta de um vídeo curto, com bastante conteúdo e em uma linguagem acessível. Além disso, a participação nesse projeto possibilitou que eu e outros alunos tivéssemos a oportunidade de aprender a utilizar ferramentas de edição de áudio, vídeo e até para a criação de animações.”
Publicada lista de selecionados para o doutorado

O Programa de Pós Graduação em Entomologia publica nesta terça-feira, 13 de julho, o resultado final do processo seletivo para o doutorado, com ingresso no segundo semestre letivo de 2021.
Veja aqui o resultado final do doutorado.
A matrícula dos candidatos selecionados deve ser feita no próximo dia 29 de julho. Nesta data, também se matriculam os aprovados para o mestrado.
As aulas do segundo semestre letivo terão início em 02 de agosto, de forma remota.
Publicado resultado final do mestrado e classificados para próxima etapa do doutorado

O Programa de Pós Graduação em Entomologia publica nesta quarta-feira, 7 de julho, o resultado final do processo seletivo para o mestrado e o resultado parcial do doutorado, para ingresso no segundo semestre letivo de 2021. No caso do doutorado, os candidatos classificados ainda passarão por uma arguição oral, a ser realizada no próximo dia 13.
Veja aqui o resultado final do mestrado.
Veja aqui a lista de classificados para a arguição oral no processo seletivo para o doutorado.
Todos classificados para a arguição oral do doutorado devem confirmar seu interesse em participar da etapa final do processo pelo email ent@ufv.br. A arguição será feita através do aplicativo Google Meet, e as informações sobre horário e acesso ao link serão enviadas por email, após a confirmação feita pelo candidato.
Neste semestre, o programa oferece quatro vagas para o mestrado e três para o doutorado.
Mayara Lopes assume disciplina Entomologia Geral

O Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPGEnt) recebe, a partir deste mês de julho, o reforço da professora e pesquisadora Mayara Lopes. A professora, cuja formação inicial é em agronomia, tem fortes vínculos com o PPGEnt, onde cursou seu mestrado e pós-doutorado. Como professora substituta, ela lecionará a disciplina Entomologia Geral, e tem planos de seguir desenvolvendo suas atividades de pesquisa e extensão.
A entomologia entrou na vida de Mayara ainda no período da graduação, quando ela teve a oportunidade de iniciar, por meio de um estágio, seu trabalho no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UFV, sob orientação do professor Marcelo Picanço. Hoje ela soma 12 anos de dedicação ao laboratório, que considera sua segunda casa. “Por meio deste trabalho, já tive a oportunidade de atuar em disciplinas de graduação e pós-graduação, coorientar estudantes da graduação, e desenvolver pesquisas que me renderam publicações. Sou muito grata ao professor Picanço pelo incentivo, amizade e confiança, que com certeza contribuíram para minha formação pessoal e profissional”, diz ela.
Ao longo destes anos, Mayara concluiu seu mestrado, pelo PPGEnt, o doutorado, em Fitotecnia, e mais recentemente o pós-doutorado, que a trouxe de volta à Entomologia. Em todo esse percurso, ela trabalhou com o professor Picanço. “Tenho muitas expectativas para essa nova etapa, como professora substituta em um programa tão conceituado e reconhecido mundialmente. Pretendo, além de lecionar, continuar a desenvolver atividades de pesquisa e extensão. Além disso, me coloco à disposição dos professores e estudantes para ajudar no que for preciso. Espero contribuir para o programa, além de corresponder às expectativas depositadas em mim.”
Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves
Estudo relaciona queda na virulência à estratégia de sobrevivência de vírus que ataca a soja

Um artigo publicado na revista Virus Research revela a relação entre a redução da virulência e o crescimento da diversidade e da adaptabilidade do cowpea mild mottle virus (CPMMV), que ataca plantações de soja em todo o Brasil. O trabalho “Experimental evolution of cowpea mild mottle virus reveals recombination-driven reduction in virulence accompanied by increases in diversity and viral fitness”, assinado por pesquisadores dos departamentos de Fitopatologia e de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Universidade Federal do Ceará, apresenta experimentos feitos em laboratório e em casa de vegetação, envolvendo neste último caso a mosca-branca (Bemisia tabaci), transmissora do CPMMV. A infecção por CPMMV causa sintomas variados e tem grande impacto na cultura da soja por sua capacidade de causar necrose sistêmica na planta.
Em laboratório, os pesquisadores descobriram que o vírus perde virulência à medida que novas gerações de plantas vão sendo infectadas, umas pelas outras. “Partimos de uma planta infectada, dela vieram 3, e depois, de cada uma dessas, outras 12, e assim em diante, até que passamos por seis gerações. E à medida que íamos inoculando as gerações, o sintoma ia ficando mais brando, mais leve. O vírus estava se modificando, e fomos percebendo que a variação do sintoma (da doença) que é descrita no campo também era causada pelas novas variantes”, explica Larissa Zanardo, primeira autora do texto, que realizava na época do experimento seu trabalho de doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento da UFV, e hoje cursa seu pós-doutorado pelo Departamento de Fitopatologia.
A tese de Larissa teve orientação dos professores Francisco Murilo Zerbini e Claudine Carvalho, do departamento de Fitopatologia da UFV. A equipe recebeu o reforço da entomologia com o trabalho de Tiago Trindade, que na época cursava seu mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPGEnt), com orientação do professor Simon Elliot e colaboração de Arne Janssen. Diante das constatações em laboratório, o grupo passou a investigar se a mesma queda de virulência acontecia nas plantações, no contato do CPMMV com a mosca-branca, e que impacto essa variação de virulência teria na sobrevivência do próprio vírus e do vetor. “O que observamos é que a redução da virulência é benéfica para ambos, e pode ser considerada uma estratégia de sobrevivência”, conta Tiago, que é técnico de laboratório do Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas. “Se o vírus causa necrose e morte da planta, as ninfas da mosca-branca não vão conseguir sobreviver e chegar até a fase adulta – e são os adultos que dispersam o vírus para novas plantas. Nos nossos testes, nenhuma ninfa sobreviveu e chegou até a fase adulta em plantas infectadas com o isolado que causa sintomas de necrose, enquanto que a sobrevivência e o desenvolvimento de ninfas em plantas infectadas de forma mais leve foram similares ao que acontece em plantas controle (não infectadas)”.
A presença da necrose da haste da soja, neste contexto, pode ser explicada por outra estratégia de sobrevivência do vírus, que está relacionada à forma de transmissão. “O CPMMV é transmitido de forma não-persistente, ou seja, o vírus é adquirido e transmitido muito rápido (minutos ou até mesmo segundos). Isolados que causam necrose podem, portanto, reduzir a permanência das moscas brancas na planta infectada e ainda assim promover a transmissão do vírus, por meio da dispersão dos insetos para novas plantas”, acrescenta Tiago.
Para Larissa, o mapeamento da diversidade e da virulência do vírus chama ainda mais atenção para os cuidados que devem ser tomados nas plantações. “O sintoma brandos do vírus podem ser confundidos com deficiência nutricional, então às vezes os produtores nem percebem o problema. É preciso lembrar do CPMMV quando estiver fazendo o melhoramento da soja, ficar de olho no inseto vetor e usar um cultivar resistente a esse vírus.”
O artigo publicado na Virus Research tem assinatura também dos pesquisadores Talita Mar, Tarsiane Barbosa, Diogo Milanesi, Murilo Alves, Roberta Lima e Eduardo Mizubuti, que colaboraram em diferentes etapas do trabalho.
Foto: Larissa Zanardo