Estudante do doutorado apresenta trabalho em Workshop de Mirmecologia na Áustria

A estudante do doutorado em Entomologia, Pollyanna Pereira Santos, participou do 5º Workshop de Mirmecologia da Europa Central, realizado de 3 a 10 de setembro, em Innsbruck, na Áustria. Durante o evento, Pollyanna apresentou o trabalho intitulado “Identification of the chemical compounds in the venom of the tropical ant Pachycondyla striata F. Smith (Formicidae: Ponerini)”.
Considerando que o veneno das formigas é uma mistura rica em alcaloides, hidrocarbonetos, ácidos carboxílicos, proteínas, peptídeos e outros compostos bioativos, utilizados na defesa individual ou da colônia, o trabalho buscou identificar os principais compostos presentes no veneno de Pachycondyla striata.
Para o estudo, realizado com a orientação do professor José Eduardo Serrão, foram coletadas diferentes colônias de P. striata em Viçosa (MG), sendo que operárias tiveram o reservatório de veneno dissecado. O veneno foi submetido a técnicas de separação e identificação de compostos como eletroforese mono e bidimensional, cromatografia líquida e cromatografia gasosa, seguida de espectrometria de massas.
Pelas análises, foram identificados compostos como proteínas de ação alergênicas, peptídeos com atividade antimicrobiológica, alguns ácidos – como o oleico e o hexadecanóico, além de diferentes tipos de hidrocarbonetos C20-C30. Os resultados da pesquisa sugerem uma mistura complexa de compostos que podem estar envolvidos tanto na defesa quanto na comunicação química da espécie.
A autora do trabalho, Pollyanna Pereira Santos, possui graduação e licenciatura em Ciências Biológicas, e mestrado em Zoologia pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Atualmente, Pollyana está no terceiro ano do doutorado em Entomologia da UFV, onde trabalha com caracterização bioquímica do veneno de diferentes espécies de formiga, isolando compostos a partir do veneno que apresenta atividade antimicrobiológica acerca de microrganismos de importância médica, além de avaliar o efeito neurológico do veneno em vertebrados.
Perfil: Farley William Souza Silva

Você conhece algum brasileiro que já foi à Estônia? Se sim, há de convir que não é muito comum! Se não, terá a oportunidade de conhecer um agora: Farley William Souza Silva, estudante do doutorado em Entomologia da UFV. Ele acaba de chegar ao Brasil, após passar um ano em Belfast, capital da Irlanda do Norte. Além do aprendizado, a temporada que Farley passou no exterior lhe permitiu conhecer boa parte da Europa. Farley, que desembarcou no Brasil no mês de setembro, trouxe na bagagem muita história para contar.
Formado em Agronomia pela UFMG, Farley fez mestrado em Entomologia na UFV e atualmente está no terceiro ano do doutorado, sob a orientação do professor Simon Luke Elliot. A ida de Farley para a Irlanda do Norte não surgiu ao acaso, ele foi por sugestão do seu orientador. Estudando sobre imunidade de insetos, parte da literatura que Farley utilizou para escrever a sua dissertação de mestrado foi de autoria da pesquisadora Sheena C. Cotter, professora da Queen’s University Belfast, na Irlanda do Norte. No doutorado, novamente Farley tomou como referência trabalhos de Cotter. Daí a sugestão do professor Simon para que ele fosse para a Irlanda do Norte fazer doutorado sanduíche.
Farley sempre quis fazer intercâmbio, mas não tinha preferência por nenhum país e nunca havia imaginado que um dia iria para a Irlanda do Norte. Mas ele aceitou a sugestão do professor Simon e eles fizeram contato com a pesquisadora Sheena C. Cotter, que prontamente se colocou à disposição para recebê-lo.
Após nove meses, alguns deles dedicados à obtenção do visto, Farley embarcou para a Irlanda do Norte, através do programa Ciência Sem Fronteiras. Farley afirma que teve receio no início, mas que a sua curiosidade foi bem maior que o medo. Até mesmo porque, se fosse ao contrário, não teria embarcado.
Na sua primeira semana na Irlanda do Norte, Farley ficou hospedado na casa de Cotter. Em seguida, alugou um quarto. Ele conta que por lá isso é muito comum.
Farley se surpreendeu positivamente com os irlandeses. Pela imagem que tinha devido à frieza propagada sobre os europeus, ele se espantou com tamanha receptividade. “Os irlandeses são parecidos com os brasileiros, gostam muito de conversar”. Essa semelhante, aliada à relativa proximidade que estava da sua esposa, facilitou a adaptação. No mesmo período, a esposa de Farley estava na Finlândia fazendo doutorado sanduíche.
Outro aspecto que também chamou a atenção de Farley no Reino Unido foi a organização. “Tudo funciona” – afirma ele admirado. Receptividade, organização e uma localização privilegiada fizeram da Irlanda do Norte um lugar ideal para o seu intercâmbio. Pela facilidade de entrada nos países europeus, Farley acabou conhecendo vários destinos, alguns antes inimagináveis. Dentre os destinos visitados estão: Holanda, Suécia, França, Inglaterra, Finlândia, Escócia, Rússia, Portugal e até a Estônia. Ele brinca que há pouco tempo nem passaporte tinha e, agora, além de ter, ele está carimbado por viagens de barco, avião e trem.
Sobre alguma situação embaraçosa que ele viveu ao longo desses doze meses no exterior, a única lembrança de Farley é sobre um voo que perdeu, em Helsinque, capital da Finlândia. Mesmo chegando cedo e estando dentro do aeroporto, Farley foi capaz de perder o voo! Ele achou que tinha mais um tempinho e acabou demorando a entrar na sala de embarque. Tarde demais!
Com relação às oportunidades que teve nesse período, além de aperfeiçoar o inglês, Farley destaca a sua participação no XIV Congresso da Sociedade Europeia de Biologia Evolutiva, realizado em Lisboa, no período de 19 a 24 de agosto de 2013. Ele conta que nesse Congresso teve contato com autores dos quais já leu vários livros.
Agora, no Brasil, Farley tem muito trabalho pela frente até finalizar sua tese. Mas já pensa na possibilidade de viver mais um ano no exterior para o pós-doutorado. Sobre o destino? Ele nem imagina qual será. Depois da experiência no Reino Unido, Farley se sente preparado para ir a qualquer lugar do mundo. E afirma: “a gente chega aonde quer. As barreiras existem, mas a gente é capaz de driblar”. E alerta: “tem bolsa sobrando. Hoje, só não vai para o exterior quem não quer”. Para quem está pensando em fazer intercâmbio, Farley tem um conselho bem simples: “Não pense duas vezes. Vá. O medo você vence”.
UFV promove Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação na próxima terça-feira

Na próxima terça-feira, dia 15, a UFV vai promover o Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação. O evento, aberto à comunidade universitária, discutirá os rumos, desafios e possíveis soluções para a área.
O Seminário será realizado no auditório da Biblioteca Central, das 8 às 12h e das 14 às 18h. Pela manhã, serão debatidas questões relacionadas à pesquisa. À tarde, o debate será sobre pós-graduação. Veja a programação do evento.
Semana do Fazendeiro estimula a troca de experiências

A UFV realizou, de 14 a 20 de setembro, a Semana do Fazendeiro. O evento de extensão universitária é pioneiro no Brasil, sendo realizado há 84 anos. Além de oferecer oportunidades de melhoria na produção e no bem-estar do produtor e de seus familiares, a Semana do Fazendeiro também oferece oportunidade para o desenvolvimento de docentes e estudantes, estimulando a troca de experiências, técnicas e metodologias.
Conscientes da importância da integração entre a universidade e a sociedade, diversos professores propõem cursos que enriquecem a programação da Semana do Fazendeiro. O professor Marcelo Coutinho Picanço é um deles. Há vários anos, Picanço vem repetindo esta experiência de sucesso. Na última edição, ele coordenou seis cursos na área de Controle de Pragas, alcançando ao todo cerca de 300 participantes.
Todos os cursos compreenderam aulas teóricas e práticas. A coordenação ficou a cargo do professor Picanço e a realização dos cursos ficou sob a responsabilidade dos estudantes que são orientados por ele. A parte teórica foi ministrada por estudantes de pós-graduação e a parte prática foi desenvolvida pelos estudantes de graduação.
A mestranda Mayara Cristina Lopes ministrou a parte teórica do curso Controle Alternativo de Pragas, coordenado por Picanço. O objetivo do curso foi ensinar os participantes a identificar pragas agrícolas e urbanas, e ensinar como controlar essas pragas utilizando produtos alternativos naturais. Além de Mayara, da pós-graduação, a realização do curso de Controle Alternativo de Pragas envolveu cinco estudantes de graduação, responsáveis pela parte prática.
Noutros anos, Mayara já havia ministrado cursos durante a Semana do Fazendeiro, mas este ano foi uma experiência diferente. Foi a primeira vez que ministrou a parte teórica, exigindo muita dedicação e preparo da parte dela. Mas o empenho valeu a pena. Mayara afirma ser uma experiência extensionista muito rica, que envolve um público diferente do qual os alunos estão acostumados. A maioria dos participantes são produtores rurais.
Durante dois dias, Mayara teve contato direto com mais de 50 participantes, vindos de diversos estados do Brasil. Mayara destaca que teve a oportunidade de conhecer a realidade dos produtores, que trouxeram a sua experiência para o curso. Sem contar a oportunidade que ela, enquanto estudante, teve para treinar a sua didática.
Além disso, Mayara afirma ser gratificante porque durante os cursos são passados conhecimentos que têm aplicação prática para o produtor. São técnicas simples, que eles podem empregar no seu dia a dia, como a utilização de caldas alternativas, inseticidas botânicos e a conservação de inimigos naturais para controlar as pragas.
Perfil: Mayra Vélez Ruiz

A equatoriana Mayra Vélez Ruiz, 26 anos, é estudante do mestrado em Entomologia, sob a orientação do professor Paulo Sérgio Fiuza Ferreira. Ela ingressou na pós-graduação através do convênio entre a Capes, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Grupo Coimbra.
No Brasil desde fevereiro de 2012, Mayra afirma que sempre desejou fazer pós-graduação, mas que o seu país não oferecia oportunidades. Quando buscou o intercâmbio, tinha três opções de universidades e a vaga poderia sair para qualquer uma delas. Mas Mayra revela que a sua torcida deu certo e ela veio para a UFV. Mayra afirma que a sua preferência pela instituição se deve ao grande reconhecimento que a UFV tem no Equador.
A adaptação de Mayra ao Brasil não foi nada fácil, sobretudo, com relação ao idioma e à culinária. Embora brasileiros tendam a compreender bem pessoas de língua espanhola, o inverso não procede. Pessoas que falam o espanhol não entendem falantes de língua portuguesa com a mesma clareza. E Mayra vivenciou isso intensamente no seu primeiro ano no Brasil.
No início, o excesso de gírias e as palavras iguais, mas com significados diferentes, dificultavam a comunicação com os anfitriões brasileiros. Assim, Mayra buscou apoio junto a outros estrangeiros de língua espanhola. Ela conta que as dificuldades iniciais a uniram a outros latinos que também chegaram ao Brasil na mesma época, principalmente, estudantes da Costa Rica, México e Colômbia, que acabaram se tornando amigos.
Para superar o idioma, Mayra frequentou um curso de português para estrangeiros, oferecido pelo Departamento de Letras da UFV. Além de ensinar a língua, o curso aborda aspectos culturais brasileiros. Mayra acredita que teve muita sorte, pois se deparou com pessoas muito boas no caminho. Nas disciplinas da pós-graduação sempre pôde contar com a compreensão e auxílio de estudantes e professores brasileiros.
Ela conta que o período mais difícil foi quando permaneceu no estado do Espírito Santo por um mês para realizar uma pesquisa, por meio de uma cooperação técnico-científica entre a UFV e o Instituto Capixaba de Pesquisa (Incaper). Essa foi a primeira vez que Mayra conviveu apenas com brasileiros. Ela afirma que o difícil não foi ficar esse período sem falar espanhol, mas foi acompanhar a fala rápida das pessoas e a compreensão de termos técnicos. Mayra desconhecia termos como “beira do rio” e “estiagem”, por exemplo. Apesar das dificuldades, ela considera que “essa experiência foi muito boa”.
Outro desafio que Mayra lida com ele dia a dia, diz respeito à culinária brasileira. No início da sua estadia no país, chegou a perder peso. “O jeito de cozinhar é muito diferente. No Equador, somos acostumados a ter muitos caldos nas refeições. Muitas frutas, legumes e vegetais fresquinhos.” – descreve. Se por um lado o idioma foi superado, Mayra acredita que a culinária nunca será. A não ser que no cardápio diário tenha feijão tropeiro ou feijoada, os dois pratos brasileiros mais apreciados por ela.
Sem contar a visão que ela tinha sobre o Brasil: “praia, calor e carnaval”. Quando Mayra chegou a Viçosa e se deparou com temperaturas de até 10ºC admirou: “Impossível, estou no Brasil!” – conta sorrindo, hoje já acostumada com a diversidade do país em diversos aspectos.
Mayra é graduada em Engenharia Agropecuária pela Escuela Politécnica del Ejército (Espe), no Equador. Ela conta que no país não tem muitas oportunidades para pós-graduação e que recentemente o governo equatoriano têm investido em programas que estimulem a qualificação de mão de obra. Mesmo assim, a maioria dos estudantes que buscam esses programas são homens – afirma Mayra. Por isso, para ela estar hoje no Brasil prestes a concluir o mestrado em Entomologia não é só uma realização pessoal e profissional, é também uma quebra de barreiras culturais.
Como a pesquisa científica no Equador não tem muita tradição, Mayra afirma que não era acostumada com as publicações. “Agora que comecei a entrar no mundo das publicações, dos artigos, vou continuar.” – ela assegura, revelando seus planos de permanecer no Brasil por mais algum tempo para fazer o doutorado. Mayra acredita que se retornar ao Equador com o mestrado concluído encontrará portas abertas numa das universidades do país. Mas o desejo dela vai além: “espero trabalhar na melhor”, por isso a opção por dar continuidade aos estudos. Ainda mais, agora, já adaptada ao Brasil.
Mayra avalia que mais pessoas deveriam ter uma oportunidade como esta que ela está tendo, porque o resultado dessa experiência enriquecedora é o aprendizado: “Aprende a se conhecer, perder a timidez, lidar com dinheiro, quebrar tabus, assumir dificuldades. O intercâmbio cultural vai acontecer de qualquer forma”. E quanto aos desafios ela adverte: “com um pouco de consciência e boa vontade eles são superados”.