Cooperação científica internacional: Entomologia receberá mais cinco pesquisadores visitantes

Durante três anos, cinco pesquisadores do Canadá, Inglaterra e Estados Unidos vão desenvolver projetos no Brasil em parceria com professores da Entomologia, através do programa Ciência sem Fronteiras. Ao longo deste período, os pesquisadores devem permanecer no Brasil de 30 a 90 dias por ano, em estadias contínuas ou não. A estadia dos cinco visitantes na UFV intensifica o intercâmbio e a cooperação, proporcionando aos estudantes e orientadores da Entomologia, a oportunidade de trabalhar diretamente com pesquisadores de destaque na produção científica internacional.
Três visitantes virão do Canadá: O professor Jeremy McNeil, da University of Western Ontario, em trabalho conjunto com os professores Eliseu José Guedes Pereira e Eraldo Rodrigues de Lima. O professor Murray Isman, da University of British Columbia, que desenvolve um projeto em parceria com o professor José Cola Zanuncio. E o professor G. Christopher Cutler, da Dalhousie University, em parceria com o professor Raul Narciso Carvalho Guedes.
O visitante dos Estados Unidos é o professor Marcelo Ramalho-Ortigão, da Kansas State University, que desenvolve um projeto com o professor Gustavo Ferreira Martins. Já o pesquisador da Inglaterra, o professor Philip L. Newland, da University of Southampton, desenvolve pesquisas com o professor Eugênio Eduardo de Oliveira.
A modalidade de bolsa para Pesquisador Visitante Especial, do programa Ciência sem Fronteiras, tem como objetivo o apoio financeiro a projetos de pesquisa que visem promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade no Brasil.
A vinda dos cinco pesquisadores à UFV foi aprovada numa chamada realizada no ano passado. Mas esta não é a primeira vez que a Entomologia é contemplada. O Programa já conta com a cooperação de um pesquisador do México. Há dois anos, o professor Octavio Miramontes Vidal, da Universidad Nacional Autónoma de México, participa de um projeto em parceria com o professor Og DeSouza. Eles investigam a organização social de cupins, por meio da aplicação de sistemas complexos. O professor Octavio já é conhecido na Entomologia. Frequentemente ele vem ao Brasil para dar continuidade ao trabalho que desenvolve com a equipe do Laboratório de Termitologia da UFV. Saiba um pouco mais sobre essa parceria.
Confira o calendário das próximas defesas de tese e dissertação

Autor: Tales Vicari
Título: Desenvolvimento das espermatecas durante o estágio pupal de Aedes aegypti
Data: 25/07/2014
Horário: 8h
Local: Edifício Chotaro Shimoya (prédio da Biologia) – Sala ECS 210
Autor: Marcus Duarte
Título: Alternative food promotes broad mite biological control in chilli pepper plants
Data: 25/07/2013
Horário: 14h
Local: Sala de reunião da Entomologia
Autora: Juliana Chamorro
Título: Revisão taxonômica do gênero Agraecia Audinet-Serville (Orthoptera: Ensifera: Tettigonioidea)
Data: 28/07/2014
Horário: 14h
Local: Sala de reunião da Entomologia
Autora: Carla Arce
Título: Indirect interaction between above- and below-ground herbivores in Solanaceae plants
Data: 07/08/14
Horário: 8h30min
Local: Sala de reunião da Entomologia
Entomologia realiza seminário com pesquisador italiano nesta quinta-feira

Nesta quinta-feira, dia 24/07, às 17h, no auditório do Bioagro, o pesquisador do Istituto per la Protezione delle Pianteitaliano (Itália), Massimo Georgini, vai ministrar o seminário “Symbiotic interactions between parasitoid hymenopterans and intracellular bacteria”. O seminário é aberto à participação de todos os interessados.
Foto: www.ipp.cnr.it
Perfil: Octavio Miramontes Vidal

Por mais organizados que os insetos sociais sejam, você já parou para pensar que pode existir uma densidade populacional que favoreça essa organização e a interação entre os indivíduos? Pois bem, o físico Octavio Miramontes Vidal e o professor Og DeSouza, juntamente com a equipe do Laboratório de Termitologia da UFV, vêm se dedicando a investigar a organização social de cupins, por meio da aplicação de sistemas complexos. É a Física dando a sua colaboração para a Entomologia.
Octavio Miramontes é professor do Instituto de Física da Universidade Nacional Autônoma do México e, há dois anos, é pesquisador visitante do Departamento de Entomologia da UFV, pelo programa Ciência Sem Fronteiras. Embora essa modalidade de bolsa para pesquisadores seja recente no Brasil, a parceria entre Octavio e o professor Og é de longa data. Há 25 anos, o físico mexicano e o agrônomo brasileiro se conheceram na Inglaterra, quando faziam doutorado. Desde aquela época eles compartilhavam “ideias particulares sobre a sociabilidade de insetos”, que ao longo dos anos se tornaram pesquisas científicas.
Segundo Octavio, “os físicos pensam em grandes princípios ou leis do universo. Formulam grandes hipóteses que generalizam muitos aspectos da natureza. A gente não trabalha com casos particulares. E uma das ideias desenvolvidas na Física é sobre auto-organização. A ordem que nós vemos na natureza é autogerada. Na Física tem muitas aplicações, mas na Biologia começa a ser acolhida”.
Ele explica: “As sociedades, de maneira geral, são produtos da interação dos seus indivíduos. E dependendo do tamanho do grupo que está interagindo, você terá condutas diferentes. É diferente a conduta de um indivíduo ou dois e de mil. Existem condutas latentes e muitas não estão presentes dependendo do tamanho do grupo”.
Atualmente, no período pós Copa do Mundo, fica fácil entendermos. Basta tomar como exemplo, a comparação entre torcedores num estádio ou assistindo aos jogos em casa com a família. Certamente, a manifestação da torcida será diferente em cada um desses grupos. “Então, é fundamental o tamanho do grupo para que você tenha condutas em potencial que se expressam quando são socialmente induzidas. Existe uma densidade crítica para ter condutas sociais plenamente desenvolvidas” – afirma o pesquisador.
Octavio já tinha experiência com a aplicação de sistemas complexos na organização social de formigas, mas o trabalho era apenas teórico. Graças à parceria com o professor Og, o trabalho passou a ser experimental, diretamente com cupins: “Eu faço teorias, modelos matemáticos e no Laboratório de Termitologia se faz o trabalho experimental” – descreve.
Em um dos experimentos, os pesquisadores colocaram cupins em tubos de ensaio sem alimento e água. Os insetos que ficaram sozinhos morriam mais rapidamente do que os cupins que estavam em grupo. Octavio explica que esse tipo de interação pode ser observado em vários seres sociais. O pesquisador cita como exemplo, pacientes hospitalizados. Quando eles têm companhia se recuperam mais rapidamente do que se ficarem isolados.
De acordo com o físico, a densidade ideal pode até ser quantificada, mas encontrar um número correspondente não é o objetivo da pesquisa. “Estamos interessados em desvendar como são as transições dos indivíduos ao seu grupo e as manifestações sociais que vão acompanhar essas transições”.
Para desvendar esses fenômenos, nada mais propício do que a comunicação entre áreas aparentemente diferentes, num “país que vive seu grande momento” – como Octavio descreve o Brasil. Ele afirma que nunca viu o país tão bem como agora e garante que, como estrangeiro, tem certa autoridade para falar, pois visita o Brasil há 20 anos. “Antigamente, todas as áreas do conhecimento no Brasil eram voltadas para si mesmo. Mas nos últimos dez anos o país teve mudanças muito significativas. E nós vemos isso com muita admiração. Definitivamente, o país está na vanguarda do desenvolvimento científico. Está investindo muito dinheiro em pesquisa e educação. Não tem ninguém lá fora, no México ou nos Estados Unidos, que vai ter uma visão negativa do Brasil. O número de doutores que está formando é espetacular. Os artigos publicados em revistas internacionais de prestígio têm aumentado muito. Em congressos internacionais, os brasileiros são maioria dentre os participantes da América Latina. Na área de Física, o Brasil está participando dos projetos internacionais mais caros e ambiciosos do mundo da ciência” – avalia.
A visão tão otimista do pesquisador mexicano sobre o Brasil se baseia na comparação que ele faz com outros países: “Viajo muito, posso comparar. Tenho uma opinião sobre o Brasil diferente da opinião de muitos brasileiros”. Essa diferença de percepção causa em Octavio uma grande inconformidade: “Os brasileiros definitivamente não conseguem enxergar esse momento favorável. Eles se queixam muito e o Brasil está bem melhor que muitos países da Europa que eles admiram. Se eu pudesse pegaria um microfone e falaria: ‘Acordem! Vocês devem ficar cheios de orgulho da nação que vocês têm agora! ’”.
Para ele, a Copa é o evento mais recente que deixa bem claro essa visão dos brasileiros sobre o país: “ ‘O Brasil não pode organizar a Copa’! Uma ideia de que o brasileiro é incapaz de fazer alguma coisa de porte. Os brasileiros organizaram a festa e ficaram com medo de curtir essa festa. Eu não entendo essa sensação” – questiona.
Buscando uma possível causa para esse pessimismo, Octavio fala de uma perda de autoestima da população: “ Uma pena essa crise de autoestima. Curioso, o brasileiro é um personagem que gosta de interagir muito, mas agora falta autoestima. O sentimento modula a interação social. Se a interação dos brasileiros fosse estar cheios de ânimo, isso se multiplicaria. O momento é bom e poderia ser ainda melhor se o sentimento fosse outro” – avalia o pesquisador que se dedica a compreender a organização de seres sociais.
Pesquisa identifica escala espacial que mais contribui para conservação regional de espécies de formigas

Considerando que vários processos ecológicos e evolutivos podem provocar mudanças na diversidade em diferentes escalas espaciais, a professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Tatianne Marques, pós-doutora em Entomologia pela UFV, realizou um estudo em fragmentos de Mata Seca imersos em cinco biomas brasileiros. O estudo, que contou com a orientação do professor José Henrique Schoereder, teve como objetivo identificar a escala espacial que mais contribui para a conservação regional de espécies de formigas. No artigo “Ant diversity partitioning across spatial scales: Ecological processes and implications for conserving Tropical Dry Forests”, publicado na Austral Ecology, os autores afirmam que a diversidade de formigas observada entre fragmentos e entre ecorregiões foi maior do que o esperado ao acaso.
Foram amostradas formigas em fragmentos de Mata Seca e bioma adjacente: Mata Atlântica (Bahia), Caatinga (Minas Gerais), Cerrado (Goiás), Pantanal (Mato Grosso do Sul) e Pampas (Rio Grande do Sul). A amostragem foi realizada uma vez em cada fragmento, entre os meses de janeiro e maio, nos anos de 2008 e 2009, sempre próximo da estação chuvosa de cada região. Em cada fragmento foram distribuídos 15 pontos de amostragem, a 15 m de distância um do outro. Em cada ponto foi instalada uma armadilha com isca de sardinhas e mel nos microhabitats arbóreo, epigéico e hipogéico.
Para examinar os padrões de diversidade de formigas, construiu-se um projeto hierárquico com três escalas espaciais: fragmentos de Mata Seca (escala local), Mata Seca e vegetação circundante (escala de paisagem) e ecorregiões brasileiras (escala regional). Também foi utilizado um modelo nulo para identificar variações na distribuição aleatória através de escalas espaciais.
Duas hipóteses foram testadas: I) em larga escala, as diferenças entre as ecorregiões têm mais influência na riqueza de espécies de formigas e a substituição de espécies locais variam entre fragmentos dentro das ecorregiões; e II) o grau de dissimilaridade na composição de espécies de formigas é maior entre os fragmentos de Mata Seca e a vegetação circundante do que entre Matas Secas das diferentes ecorregiões, indicando que tais florestas são relíquias de uma distribuição mais ampla dessa vegetação.
A partição espacial mostrou que a diversidade de formigas observada entre fragmentos e entre ecorregiões foi maior do que o esperado ao acaso. Quando se analisou o particionamento separadamente para cada região, a diversidade entre os fragmentos (Mata Seca e vegetação circundante) foi maior do que o esperado em todas as ecorregiões do Brasil. Isso demonstra que o filtro histórico que age na maior escala espacial analisada determina a diversidade de espécies de formigas.
Além disso, os resultados revelam que cerca de 75% das espécies de formigas não são compartilhadas entre os fragmentos (Mata Seca e bioma circundante) de uma mesma ecorregião. Assim, apesar das Matas Secas ocorrerem em manchas dispersas entre os diferentes biomas brasileiros, elas mantém sua identidade auxiliando a conservação das espécies pertencentes a esse ambiente.
Com base na composição e diversidade de espécies padrões, os autores destacam a importância da criação de mais áreas protegidas em toda a área de cobertura de Matas Secas, favorecendo um processo de conservação mais eficiente.