Um tour pela história do Museu Regional de Entomologia

O museu de Entomologia da UFV possui um acervo regional do estado de Minas Gerais com mais de 100 mil exemplares, compreendendo diferentes ordens de insetos. Todo esse acervo, com representantes de diversos ecossistemas, fica disponível para consulta no Departamento de Entomologia. Os esforços para montar as primeiras coleções entomológicas tiveram início no ano de 1927. Nessa época, eram cerca de 40 mil exemplares, na sua maioria, insetos de importância econômica agrícola. No ano de 1978, o professor Paulo Sérgio Fiuza assumiu a curadoria do Museu Regional de Entomologia. Desde então, ele e a sua equipe são responsáveis pela ampliação, organização e preservação da coleção dentro dos moldes internacionais.
Os pesquisadores Diogo Alves de Mello, Edson Jorge Hambleton, Henrique Floriano Galante Sauer, Benjamim Thomaz Snipes e Frederico Vanetti foram responsáveis pelas primeiras coleções entomológicas na UFV. Trabalho que foi dado continuidade anos mais tarde pelo professor Fiuza. Desde que ele assumiu a curadoria do Museu, as principais contribuições para a ampliação do acervo têm sido por exemplares provenientes de projetos, teses e dissertações. Fiuza destaca que “a partir da década de 70, o horizonte de pesquisas se ampliou e vários projetos financiados por órgãos governamentais têm dado suporte a estudos sobre biodiversidade e análises entomofaunísticas em ecossistemas naturais e planos de manejo ambiental, que culminam em importantes relatórios, publicações e comunicações científicas, e farto material entomológico”.
Professor Paulo Sérgio Fiuza, curador do Museu Regional de Entomologia
O Museu Regional de Entomologia dá suporte às pesquisas através de identificações, empréstimos e consultas ao acervo. As coleções didáticas viabilizam disciplinas do Programa de Pós-Graduação em Entomologia e cursos de extensão para treinamento em taxonomia. O Museu ainda propicia estágios nas áreas de sistemática, taxonomia e organização de coleções entomológicas para técnicos, universitários, professores e pesquisadores.
Na última contagem, realizada em 2000, foram catalogados: 4267 espécies, 2043 gêneros pertencentes a sete ordens e 144 famílias. Embora seja necessária uma recontagem para atualização, esses números mostram a diversidade desse acervo entomológico regional. Segundo Fiuza, “o acervo de uma coleção entomológica é ‘a prova arquivada’ de exemplares de espécies que fizeram parte de pesquisas e abre recursos para novas descobertas e estudos. A diversidade do acervo de uma coleção regional tem uma grande importância para o histórico da biodiversidade, evolução ou degradação de um ecossistema que é alterado e, às vezes, deixa de existir pelo avanço das áreas agrícolas e pastoris. Ela é fundamental para a identificação de espécies como: pragas agrícolas, florestais, vetores de patógenos para a medicina humana e medicina veterinária; identificação e estudo de espécies que fazem parte de vários processos interativos ecológicos; identificação de espécies de risco que seja necessário à interceptação e quarentena de mercadorias no âmbito nacional e internacional. Os exemplares também são essenciais para pesquisas nas áreas de toxicologia, biogeografia histórica, filogenia e, obviamente, nos trabalhos de taxonomia como revisão de grupos, descrições, diagnoses, estudos morfológicos, entre outros”.
Fazem parte das metas do Museu, ampliar e facilitar o acesso da comunidade aos seus serviços. Segundo o curador, “o Museu vem procurando recursos para o estabelecimento de políticas e linhas de ação para o seu melhor gerenciamento, manutenção e ampliação das suas coleções entomológicas. Com novos recursos, as atividades rotineiras de curadoria, o desenvolvimento de projetos, atividades de extensão e o acesso aos bancos de dados das coleções serão visivelmente aprimorados com respostas rápidas e precisas aos pesquisadores e usuários”.
Dentre as ações desejadas para o aperfeiçoamento das atividades do Museu, também está a implementação de um projeto elaborado pelo professor Fiuza, voltado para a inclusão social de pessoas com necessidades especiais em espaços científicos. “I have a dream. Acredito que esse sonho poderá dar uma dinâmica na organização, ampliação e informatização do museu de forma extraordinária, levando resultados e contribuições não só à sociedade científica que tanto procura, mas também à sociedade em geral. E a UFV poderá ser pioneira e exemplo nesta iniciativa” – afirma o idealizar do projeto, que aguarda financiamento para sair do papel.
Hoje, estima-se que o acervo do Museu Regional de Entomologia possua mais de 100 mil exemplares. Mas apesar de manter essa vasta coleção permanente, o Museu ainda não possui um programa de visitação. “Para mim, é uma grande frustação não haver ainda um local adequado para exposição pública sobre os insetos. Já tive experiências em tempos passados ainda no hall do prédio da Biologia, onde se improvisavam exposições entomológicas esporádicas com atividades interativas. Sempre houve uma grande admiração do público em geral, principalmente, jovens e crianças. Já visitei vários museus nacionais e internacionais durante meu tempo de aperfeiçoamento e convênios e pude tirar muitas ideias para organizar uma exposição educativa, abrangendo vários temas de importância na área entomológica. Quem sabe não vamos ter ainda essa oportunidade, reunindo professores interessados, discutindo o assunto e colocando as ideias em prática” – finaliza com o otimismo de quem há quase 40 anos se dedica à organização e preservação desse patrimônio científico.
Alguns momentos que fazem parte da história do Museu:
Crianças se encantam com o mundo dos insetos durante visita ao Museu Regional de Entomologia
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Discente: José Augusto Martins Roxinol
Título da dissertação: Influência do habitat na distribuição e seleção morfológica em aranhas de solo de florestas tropicais
Orientador: Prof. Carlos Frankl Sperber
Data: 22/07/2016 (sexta-feira)
Horário: 8h30min
Local: Sala ECS 206
Mestrando da UFS destaca diversidade e aplicação direta da pesquisa na UFV

Após finalizar as disciplinas e os experimentos da dissertação, o mestrando da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Abraão Almeida Santos, passou quatro meses em Viçosa (MG) com o objetivo de ampliar a sua formação. “Na UFV, a diversidade da pesquisa e a sua aplicação direta é o que mais me chamam a atenção. Pela manhã você está em campo junto ao produtor e à tarde, no laboratório junto ao professor. Isso reflete em um aprendizado teórico e prático muito grande” – destaca o estudante do mestrado em Agricultura e Biodiversidade, que retornou a Sergipe no dia 4 de julho.
Nos últimos meses, Abraão integrou a equipe do professor Marcelo Coutinho Picanço e teve a oportunidade de auxiliar estudantes de mestrado e doutorado em seus experimentos. “Também aprendi a criar diversas espécies de insetos e desde que cheguei, uma dessas criações esteve sob a minha responsabilidade. Todas essas atividades contribuíram para a minha formação acadêmica, pessoal e profissional” – acrescenta.
Além do estágio no laboratório de Manejo Integrado de Pragas (MIP), o mestrando cursou a disciplina Fisiologia de Insetos. “Na 4ª avaliação da disciplina, nós tivemos que criar um evento sobre os insetos que levasse informações para a comunidade, tendo como base a sua fisiologia. Isso é um desafio ao estudante porque, além do seu conhecimento sobre o assunto, ele deve fazer uma ponte entre o conhecimento científico e a sua divulgação para a comunidade. Acredito que essa experiência foi umas das mais marcantes no meu mestrado” – avalia.
Com defesa de dissertação marcada para o dia 25 de julho, Abraão conta que no mestrado pesquisou a toxicidade e os efeitos subletais de óleos essenciais e seus constituintes (mono e sesquiterpenos) sobre duas espécies de cupins-praga: Cryptotermes brevis e Nasutitermes corniger. Ele descreve: “Os nossos objetivos foram: i) determinar qual a melhor via de exposição destas substâncias para estas pragas; ii) avaliar as alterações comportamentais das colônias quando parte dos indivíduos são tratados com tais compostos; iii) determinar a resposta locomotora das castas de operários e soldados quando expostas a estes compostos. Acredito que os resultados da dissertação poderão contribuir de alguma forma com as estratégias de controle desses cupins-praga”.
De Aracajú (SE) para Viçosa (MG)
Não foi a primeira vez que Abraão veio à UFV. Quando era estudante de Agronomia na UFS, ele esteve em Viçosa em duas ocasiões no ano de 2011: no Congresso Brasileiro de Olericultura e no Simpósio de Entomologia. Durante o Simpósio, o estudante teve a oportunidade de conhecer o Departamento de Entomologia e também o professor Marcelo Picanço. Três anos depois, em março de 2014, Abraão retornou à UFV, onde permaneceu por um mês, estagiando no laboratório de MIP. A proximidade de Abraão com a UFV tem a influência do seu orientador na UFS, o professor Leandro Bacci, que fez a graduação, mestrado e doutorado na UFV.
Mesmo para alguém que já conhece a cidade, Viçosa sempre reserva algumas surpresas. Com Abraão não foi diferente. “Eu não esperava esse frio em Viçosa. No começo foi um pouco difícil, mas nada como um moletom e um cobertor para aliviar” – revela com bom humor. E é bom mesmo que Abraão vá se acostumando com o clima da cidade. Afinal, ele deverá passar pelo menos os próximos quatro invernos em Viçosa, pois ele acaba de ser chamado para o doutorado em Fitotecnia na UFV.
Dia de Campo em Ervália proporciona troca de experiências entre alunos e agricultores

No dia 2 de julho, alunos da disciplina ENT 390 – Receituário Agronômico e Deontologia realizaram um dia de campo no Sítio São Francisco, situado na zona rural de Ervália (MG). Muito além de cumprir as exigências da disciplina, a realização do Dia de Campo Saberes da Terra proporcionou aos estudantes, que estão finalizando a graduação, contato direto com agricultores e com a realidade profissional que eles poderão em breve vivenciar.
O evento foi organizado por 15 estudantes. A estudante do 9º período de Agronomia, Gabriella Cristina Botelho Mageste, integrou o grupo. Prestes a se formar, ela acredita que ter participado da realização desse dia de campo foi uma experiência enriquecedora. “Após quatro anos e meio de ensinamentos em sala e campos de aulas práticas, foi o momento de interagir com o agricultor, o principal responsável por produzir o que tanto estudamos! Foi o momento de trocar experiências, ouvir melhor o lado de quem está constantemente no campo, e poder passar para eles, da forma correta, um pouco de tudo o que aprendi no meu curso” – avalia.
O Dia de Campo Saberes da Terra reuniu mais de 80 participantes na propriedade da Dona Neuza, que fica na comunidade Ventania, em Ervália. A maioria dos presentes era agricultor familiar, cuja cultura principal é o café, e possui também culturas intercaladas. De acordo com Gabriella, “as estações do evento foram muito dinâmicas, e a participação do público foi ativa e muito gratificante. Apesar de abordarmos temas que muitos deles já conheciam, a maneira como dinamizamos os assuntos fez com que todos se interessassem e participassem, com perguntas, opiniões e relatos de experiências vividas”.
Foram abordados os seguintes temas: Manejo Fitossanitário do cafeeiro; Certificação SAT (Sem Agrotóxico), práticas e produtos alternativos à Agricultura Convencional, Agricultura Familiar e Administração Rural. Além de participarem do planejamento e execução do Dia de Campo, todos os alunos da ENT 390 também foram palestrantes do evento, que ainda contou com a participação de um convidado do Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada, que fez parte da roda de conversa sobre Administração Rural.
Gabriella conta que o planejamento do Dia de Campo teve início no mês de maio, quando os alunos de dividiram em equipes para facilitar a organização do evento. “Foram três idas a Ervália fora dos horários de aula, a fim de firmar patrocínios e parcerias com empresas privadas e o poder público municipal. Conseguimos patrocínio financeiro com uma empresa de georreferenciamento, brindes com o comércio da cidade e apoio no credenciamento no dia do evento da empresa júnior de Agronomia – AgroPlan-UFV. E a prefeitura de Ervália custeou a preparação de caldos servidos no final do Dia de Campo” – descreve.
Para divulgar o evento, os estudantes utilizaram a rádio local com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura, enviaram e-mail a órgãos de apoio e convidados, e deixaram convites impressos no escritório local da Emater e com os agricultores atendidos. Para Gabriella, a maior dificuldade na realização do Dia de Campo foi o deslocamento até Ervália: “Como tivemos um número reduzido de viagens, em razão de feriados e chuvas fortes nos dias previstos, não pudemos fazer uma divulgação mais ativa como queríamos. Além disso, a distância e a falta de recursos dificultam para irmos à cidade do evento com a frequência que gostaríamos”.
Receituário Agronômico e Deontologia
O Dia de Campo Saberes da Terra integrou as atividades da disciplina ENT 390 – Receituário Agronômico e Deontologia, optativa aos alunos dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal que já cursaram mais de 2500 horas de disciplinas. Ofertada no primeiro semestre de cada ano, a disciplina é coordenada pelo professor Angelo Pallinni, que neste ano está nos Estados Unidos. Com isso, a coordenação ficou a cargo do professor Eugenio Eduardo de Oliveira.
Segundo Gabriella, que em breve estará no mercado de trabalho, “a importância de cursar ENT 390 está em aprender uma realidade que não é ensinada por fotos, slides ou aulas no campo experimental da Universidade. É chegada a hora do aluno se portar como profissional, assumir a responsabilidade de realizar um projeto para melhorar a vida de agricultores e dividir com eles seus conhecimentos, além de levar para si muito do que o homem do campo tem a ensinar para quem está prestes a ser um engenheiro agrônomo”.
Veja mais fotos do Dia de Campo Saberes da Terra :
I Mostra Científica Insetos em Cena atrai pessoas de todas as idades

Você apostaria as suas fichas numa barata corredora? Um grupo de alunos da disciplina ENT 662 apostou, não apenas em uma, mas em várias baratas, e foi sucesso absoluto durante a I Mostra Científica da Entomologia UFV: Insetos em Cena. A mostra realizada no dia 25 de junho levou várias curiosidades sobre o mundo dos insetos para a feira livre de Viçosa, atraindo pessoas de todas as idades.
“Moça, eu tenho 74 anos e aprendi muitas coisas com vocês hoje, coisas que eu nem pensava que existiam. Vocês já pararam para pensar no tanto de gente que morre sem essas informações? Muito obrigado”. Essa foi a mensagem de agradecimento que a estudante do mestrado em Entomologia, Elem Fialho Martins, ouviu de um senhor que visitou os estandes da mostra. Para a mestranda, ouvir isso foi muito gratificante: “A fala desse senhor me proporcionou tamanha felicidade e me fez sentir uma sensação de dever cumprido, pois esse era o nosso objetivo, levar um pouquinho do nosso trabalho feito dentro de sala de aula para as pessoas leigas no assunto e que têm sede de conhecimento”.
E pelo visto não faltaram aos frequentadores da feira curiosidades a serem exploradas. Toda a programação foi pensada e organizada pelos estudantes da disciplina ENT 662 – Fisiologia de Insetos, ministrada pelo professor Eugenio Eduardo de Oliveira. No início do semestre o professor Eugenio propôs o desafio, e os estudantes se empenharam para cumpri-lo. Eles abusaram da criatividade e garantiram uma programação com vários atrativos.
Cada grupo de estudantes abordou um tema. O grupo Insetos na mídia fez jogos, vídeos e pôsteres para desmistificar algumas peculiaridades sobre insetos. Já o grupo Insetos pragas agrícolas levou insetos vivos, ressaltando a importância do controle natural dessas pragas, e mostrou alguns exemplos de inimigos naturais. O grupo Insetos na alimentação destacou a importância dos insetos como produtores de mel e até ofereceu aos visitantes da mostra um prato exótico: larvas de tenébrio (inseto da Ordem Coleoptera) fritas com chocolate. O grupo Aedes aegypti compartilhou informações sobre esse mosquito vetor de várias doenças, apresentou o seu ciclo de vida e também ensinou ao público presente como fazer repelentes naturais em casa para combater esse vetor. O grupo Comunicação dos Insetos contou com a participação ativa do público ao abordar as diversas formas de comunicação dos insetos. Por fim, o grupo Locomoção dos insetos organizou uma corrida de baratas, onde as pessoas fizeram as suas apostas para ver qual barata chegaria primeiro na linha de chegada.
A estudante Elem Fialho destaca que “todos os grupos fizeram sucesso. Mas o Locomoção dos insetos prendeu a atenção das pessoas com a animada corrida de baratas. Os integrantes do grupo eram muito divertidos, chamando o público a todo o momento e interagindo com ele”.
Para a mestranda, a experiência de levar conhecimento sobre o mundo dos insetos para fora da UFV foi um desafio, que envolveu atividades para pessoas de todas as idades. “Isso é muito interessante, uma vez que a família como um todo era o nosso público-alvo. A maioria das pessoas que visitaram os nossos estandes eram fregueses da feira com seus filhos, e alguns professores e alunos da UFV. Tanto os adultos como as crianças se envolveram nas atividades propostas” – destaca.
Essa foi a primeira mostra sobre fisiologia de insetos realizada fora da UFV. No ano passado, os alunos da disciplina ministrada pelo professor Eugenio também realizaram uma exposição de trabalhos sobre o tema, mas dentro do Campus, no hall do prédio da Biologia. O sucesso da exposição do ano passado, que surpreendeu até mesmo alunos e professores acostumados com pesquisa científica, foi um incentivo a mais para a mostra deste ano.
Desta vez, a mostra não teria local melhor para acontecer: a feira livre de Viçosa! Além do tradicional pastel com caldo de cana, frutas e verduras fresquinhas, o espaço onde se encontra velhos e novos conhecidos também proporcionou aprendizado. A realização da I Mostra Insetos em Cena demonstrou que além da sabedoria popular, a feira também é local para compartilhar conhecimento científico.
Confira mais momentos da I Mostra Científica da Entomologia UFV: Insetos em Cena: