Maior evento de extensão da UFV promove transferência de conhecimento à sociedade

A 87ª Semana do Fazendeiro já passou, mas o seu saldo positivo permanece. O maior evento de extensão da UFV se repete anualmente há quase nove décadas, e isso não é por acaso. Por uma semana, agricultores e seus familiares são recebidos pela Universidade para se qualificarem. Oportunidade de qualificação para uns, oportunidade de aprimoramento profissional para outros. Estudantes e professores envolvidos na oferta de cursos atuam diretamente na transferência de conhecimento à sociedade, numa troca de experiências gratificante e enriquecedora.
Integrantes do Departamento de Entomologia participaram de mais uma edição da Semana do Fazendeiro, realizada de 17 a 23 de julho. O professor Weyder Cristiano Santana avalia que “a Semana do Fazendeiro é uma importante ação de divulgação do trabalho realizado na instituição e de retorno deste conhecimento à sociedade. Também constitui uma experiência importante para alunos dos programas de pós-graduação, ao vivenciarem a ação extensionista e propiciarem a divulgação, mesmo que parcial, do conhecimento gerado nas pesquisas”.
O professor Weyder coordenou quatro cursos na área de Criação de Abelhas, três clínicas tecnológicas e uma oficina na Troca de Saberes. Ele considera que “os cursos e oficinas geram muito interesse de pessoas com o intuito de iniciarem novas práticas e atividades em suas propriedades, diversificando a produção. Já as clínicas tecnológicas atraem pessoas que estão na atividade e querem se reciclar, esclarecer dúvidas ou melhorar as práticas e a produtividade. As pessoas são muito ávidas por informações e, na disponibilidade de contato direto com o especialista no assunto, buscam apreender os conhecimentos de forma participativa. O assunto abelhas atrai muito interesse e as pessoas que cursam as oficinas acabam criando uma rede de contato entre eles e de consulta com aqueles que as ministraram”.
Controle de Pragas
As equipes dos professores Marcelo Coutinho Picanço e Eliseu José Guedes Pereira ministraram cursos na área de Controle de Pragas. A equipe do Laboratório de Interação Inseto-Planta ofereceu os cursos: Manejo de Formigas Cortadeiras e Manejo Integrado de Pragas do Milho.
A ideia de ofertar um curso específico sobre manejo de formigas cortadeiras surgiu do interesse demonstrado pelos participantes em edições anteriores. “Percebemos a necessidade em oferecer um curso mais rico em informações sobre formigas, que abordasse desde sua biologia até as formas de controle pertinentes. E valeu a pena tal investimento, pois surgiram inúmeras dúvidas ao longo dos dois dias, mostrando o quão importante é o esforço para a disseminação de conhecimento sobre este tema” – avaliam os instrutores do curso que contou com a participação de produtores de eucalipto, estudantes e pessoas que enfrentam problemas com o ataque de formigas em seus jardins.
Já o curso Manejo Integrado das Pragas do Milho envolveu desde pecuaristas preocupados com suas silagens a agricultores querendo substituir transgênicos por convencionais. Tendo em vista que o milho é uma cultura plantada em praticamente todas as propriedades rurais, sejam elas grandes ou pequenas, o curso foi ofertado pela primeira vez este ano, com o objetivo de auxiliar os participantes na identificação e controle das principais pragas dessa lavoura. Foram abordados: o emprego de novas tecnologias para controle de populações de insetos, como o uso de plantas transgênicas, e a utilização de inimigos naturais como alternativa ao uso de inseticidas, esse, por sinal, foi o tema de maior interesse entre os participantes. Ainda foi demonstrado durante o curso, o uso dos equipamentos de segurança na aplicação de químicos.
Aprendizado e satisfação
De acordo com os estudantes que ministraram os dois cursos, “o papel extensionista de divulgar o conhecimento acadêmico e interagir com os participantes do evento foi alcançado com êxito e trouxe satisfação pessoal. Consideramos que a oferta de cursos é uma maneira inteligente de realizar extensão usando o que a universidade tem de mais precioso – os seus estudantes, que estão em processo de aprendizado e produzindo conhecimento novo por meio da pesquisa e que podem ser agentes de transferência de conhecimento à sociedade”.
Para realizar os cursos de Manejo de Formigas Cortadeiras e Manejo Integrado de Pragas do Milho, os estudantes contaram com o incentivo do professor Eliseu. “Oferecer cursos na Semana do Fazendeiro pelos estudantes de graduação e pós-graduação é uma atividade extracurricular que os tira da ‘zona de conforto’, que seria aproveitar uma semana de férias em julho para descansar. O planejamento dos cursos exige tempo, esforço e criatividade do grupo, mas a recompensa parece vir dos vários feedbacks positivos que os estudantes recebem dos participantes, que muitas vezes os chamam de ‘professores’ e os fazem sentir pessoalmente satisfeitos com tal interação. Atividades extensionistas como esta valorizam os currículos dos estudantes pela prática de ensino, treinamento técnico, trabalho em equipe e superação de desafios. Sem dúvida esta experiência acrescentará ao portfólio profissional dos estudantes ‘instrutores’ e deve contribuir para o sucesso pessoal e profissional deles” – conclui o docente.
Confira mais alguns momentos dos cursos:
Defesas de tese e dissertação no dia 12 de agosto

Título da tese: Acetogenin as tool to control Aedes aegypti: a perspective of toxicity, cytotoxicity and gene regulation
Orientador: Prof. Jose Eduardo Serrão
Data: 12/08/2016 (sexta-feira)
Horário: 8h30min
Local: Sala de reuniões da Entomologia
Discente: Mayla Gava
Título da dissertação: Comportamento higiênico em Plebeia lucii Moure, 2004 (Hymenoptera: Apidae: Meliponini)
Orientador: Prof. Lucio Antonio de Oliveira Campos
Data: 12/08/2016 (sexta-feira)
Horário: 14h30min
Local: Sala de Defesa DBG – ECS 206
Doutor em Entomologia é nomeado professor da UFMG para a área de Ecologia Terrestre

Nesta semana, o doutor em Entomologia Ricardo de Castro Solar foi nomeado professor do Departamento de Biologia Geral, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A aprovação em um concurso público já é motivo de imensa satisfação, ainda mais se tratando do primeiro concurso no qual um candidato se inscreve. O concurso da UFMG para a área de Ecologia Terrestre foi o primeiro que Ricardo tentou após concluir o doutorado em Entomologia, em 2014.
Ele fez pós-doc por dois anos e não se inscreveu em outros concursos nesse período. “Hoje em dia, com a qualidade dos doutores formados no Brasil, os concursos têm sido extremamente acirrados. Como são diversas etapas, cada uma exige um tipo de preparação. Para as fases de prova e aula, não há outra receita para conseguir a aprovação senão dedicar integralmente seu tempo para os estudos nos meses que antecedem o exame. Entretanto, uma fase que merece atenção redobrada é o currículo. Não se monta um currículo em dois-três meses! Ressalto a importância de um período de pós-doc bem aproveitado, pois neste momento você poderá tornar o seu currículo competitivo e concorrer numa melhor posição” – avalia.
A sua reflexão sobre a realidade vivida por muitos doutores no nosso país vai um pouco mais adiante: “O pós-doutorado ainda tem um papel secundário no Brasil, algo como uma espera pelo emprego. E não é assim! O pós-doc é um momento de amadurecimento científico do pesquisador, bem como um excelente momento para aprimoramento das habilidades didáticas. Julgo que os poucos mais de dois anos no pós-doutorado foram decisivos para a minha aprovação na UFMG, bem como para a qualidade das minhas publicações atuais e futuras”.
Chegadas e partidas
Natural da cidade de Ponte Nova (MG), Ricardo ingressou na UFV em 2004, no curso de Biologia. Para ele, a escolha por Viçosa foi bem natural, não apenas pelos 45 km que a separam da sua cidade natal, mas também pela excelência da Universidade. “Nunca tive dúvidas em escolher um curso da área de Biológicas. O curso de Biologia sempre me fascinou, a amplitude de conhecimentos e áreas possíveis e também a possibilidade de dar asas à minha curiosidade. Viçosa apareceu à frente por vários motivos. O curso é de excelência indiscutível, como vestibulando ainda em 2003, todas as cartilhas e jornais o recomendavam. Além disso, a proximidade com a cidade dos meus pais foi decisiva. Na mesma época, fui aprovado para Farmácia, na UFOP, mas escolhi Biologia, na UFV”.
Por dez anos, Ricardo teve endereço certo na UFV, o Laboratório de Ecologia de Comunidades, coordenado pelo professor José Henrique Schoereder. Desde o início da graduação até o fim do doutorado, o professor José Henrique foi o seu orientador. E agora, colega de profissão, o sentimento de Ricardo é de gratidão. “O Zhé tem papel decisivo na minha formação, desde a abertura das portas do laboratório para um calouro em 2004, até o momento da minha defesa de tese. Durante estes anos, a figura ética e colaborativa dele como orientador me permitiram explorar a Ecologia em vários de seus conteúdos. Além das óbvias reuniões para discutirmos projetos e artigos, aprendi muito observando sua postura e decisões frente às mais distintas situações. Certamente, vou levar vários exemplos durante a minha carreira. Outro aspecto que merece destaque é a liberdade de construir os meus caminhos proporcionada pelo Zhé, que com certeza foi vital para que eu desenvolvesse o projeto de doutorado que desenvolvi. Sou muito grato por ele acreditar em mim e me dar liberdade para ir coletar na Amazônia por um ano, passar outro ano na Inglaterra e muitos meses em viagens entre Lavras e Viçosa”.
Se fosse para Ricardo definir em uma palavra a sua experiência de anos de estudos em Viçosa, seria bem fácil para ele: “Fantástica. Só essa palavra descreve a atmosfera que a UFV proporciona aos seus estudantes. Sair de Viçosa, entretanto, não é tão traumático quanto pode parecer. A cidade é acolhedora, os colegas que aqui ficam e os encontros de ex-alunos não permitem que o laço seja cortado”.
Nova carreira
Prestes a se mudar para a capital mineira, onde integrará o quadro de professores do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Ricardo garante que as expectativas para essa nova fase são as melhores possíveis. “A excelência da UFMG é indiscutível, bem como do seu quadro de professores. Poder integrar e colaborar com este grupo, bem como montar minha carreira em ambiente tão fértil, é um privilégio profissional que pretendo aproveitar e colher o máximo de frutos”.
Ricardo vai atuar na área de Ecologia Terrestre. “Este é um campo extremamente amplo, do qual eu trabalho diretamente apenas com uma pequena parte, impactos antrópicos e mudanças no uso do solo. Dentro deste tema os desafios são imensos! Um dos desafios são as limitações no entendimento da teoria ecológica e dos processos que governam as respostas das espécies aos impactos. Entretanto, outro desafio é conseguir estabelecer um diálogo frutífero entre nossos resultados e a conservação da biodiversidade, este já no âmbito político e social. Então, os desafios ainda são muito grandes, bem como as oportunidades de pesquisa e extensão. É uma área muito interessante, mas também de extrema relevância para o cenário global atual” – pondera.
Apesar de toda a satisfação proporcionada pela conquista profissional, o momento político atual no Brasil, com impactos diretos sobre a pesquisa e o ensino superior, deixa até mesmo os mais otimistas apreensivos. “Não é um momento de flores, definitivamente. Mas cabe a nós pesquisadores e (em breve nós) professores lutar a cada dia por uma melhora neste cenário. O ensino superior e a pesquisa são, talvez, dois dos principais caminhos para o pleno estabelecimento de uma nação. Precisamos usar de todas as nossas forças para colocar isso na cabeça dos nossos governantes (ou escolhê-los melhor) e do nosso povo. Mas, como parte da nova geração, nós temos que lutar sempre pelo reconhecimento da importância dessas atividades para um país com mais qualidade e igualdade” – ele destaca, revelando a sua disposição para enfrentar os desafios que a nova carreira lhe reserva.
Defesa de tese no dia 26 de julho

Discente: Wagner Calixto de C. Morais
Título: Aspectos reprodutivos de Palmistichus elaeisis Delvare & LaSalle, 1993 (Hymenoptera: Eulophidae)
Orientador: Prof. Jose Cola Zanuncio
Dia: 26/07/2016 (terça-feira)
Horário: 8h30min
Local: Sala de reuniões da Entomologia