Professor Frederico Salles coordena avaliação de risco de Ephemeroptera, Plecoptera e Tricoptera no Brasil

O professor orientador do Programa de Pós-Graduação em Entomologia Frederico Salles é o coordenador do processo que avalia, neste ano de 2025, o risco de extinção de espécies de insetos das ordens Ephemeroptera, Plecoptera e Tricoptera no Brasil. Outras avaliações para o primeiro grupo já haviam acontecido em 2019, mas essa é a primeira vez que os outros dois grupos são incluídos no projeto, promovido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
O grupo coordenado por Frederico, que reúne cerca de 15 especialistas nestes insetos, concluiu em maio a “oficina de avaliação”, etapa em que as espécies são avaliadas, uma a uma, conforme os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUNC). “Eram cerca de 450 espécies. Ao fim, criamos um relatório que classifica as espécies considerando seu risco de extinção, desde aquelas que inspiram pouca preocupação até as que estão criticamente ameaçadas”, explica o professor. A etapa seguinte, já iniciada, é a “oficina de validação”. Desta vez, o trabalho é feito por especialistas no método, que vão validar a classificação feita pelos entomologistas. “Eles vão avaliar o nosso enquadramento, ver se estão de acordo. Dois especialistas vão ler cada ficha que a gente escreveu. Se houver alguma dúvida, eles vêm até mim e abrimos um debate sobre aquele caso.”
O principal objetivo da avaliação é enxergar e apontar o risco real de ameaça de extinção de uma espécie. “Quando todo esse trabalho termina, a gente consegue ter uma visão que muitas vezes a gente não tinha com relação ao status de conservação das espécies”, destaca Frederico. A expectativa é que o relatório final possa ser usado como apoio na tomada de ações públicas focadas na preservação das espécies. “Muitas vezes, a ação para o salvamento de determinada espécie está relacionada ao local onde ela ocorre. Então, quando você encontra uma espécie ameaçada, os olhares para aquele local vão ser diferentes. É um impacto que transcende aquela espécie: se no local há uma espécie ameaçada, muito provavelmente outras que vivem naquele local também devem sofrer ameaças.”
Sem melhora
A primeira avaliação para Ephemeroptera sob coordenação do ICMBio foi feita entre 2013 e 2015. “Depois a gente fez uma em 2019, com a ajuda de vários estudantes do meu laboratório. Nessa eu já fui o coordenador.” Agora, em 2025, foram reavaliadas todas as espécies incluídas no trabalho de 2019, e apenas 5 mudaram de status, sempre registrando um aumento no nível de risco. “Nessa comparação, podemos concluir que não há um cenário de melhora. No caso das espécies que têm uma distribuição mais restrita e ocorrem em locais que sofrem muita ação antrópica, a situação está piorando. Algumas, por exemplo, são da Bacia do Rio Doce, onde a situação não melhorou nesses últimos cinco anos.”
A grande mudança no trabalho feito pelo grupo neste ano é a inclusão das novas ordens. “Ter outros grupos de insetos aquáticos já era uma vontade nossa. Conseguimos incluir mais duas ordens, Plecoptera e Tricoptera. Então, a avaliação foi feita com um número maior de pesquisadores, incluindo especialistas nos três grupos.” Além de Frederico, também faz parte da equipe a egressa do PPG Mellis Rippel.
Foto: Frederico Salles
Processo Seletivo 2025/2: veja o resultado final

O Programa de Pós-Graduação em Entomologia publica nesta segunda-feira, 16 de junho, o resultado final do Processo Seletivo 2025.02. O prazo para recurso é de 48 horas. O documento inclui o resultado dos candidatos ao mestrado e ao doutorado.
Veja aqui o resultado.
O edital com todos os detalhes do processo seletivo pode ser lido neste link.
A matrícula dos aprovados serão feitas em 07 de agosto.
Atualizações importantes sobre o processo seletivo e documentos de referência para os candidatos estão neste link.
Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves
Laboratório de Termitologia recebe estudante belga para período de estágio

O Laboratório de Termitologia da UFV recebeu, ao longo dos últimos cinco meses, a visita do estudante belga Sylvain Leclercq. Ele esteve em Viçosa em período de estágio, previsto no programa de Mestrado em Biologia de Organismos e Ecologia, uma cooperação entre a Université Catholique de Louvain (UCLouvain) e a Université de Namur (UNamur), ambas na Bélgica. Sylvain foi recebido pelo professor Og de Souza, coordenador do laboratório, e pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Entomologia Maria Lacerda. Durante o período que esteve no Brasil, ele colaborou com a pesquisa de Maria, que avalia os fatores que determinam multi-simbioses em cupins.
“Do ponto de vista profissional, foi uma experiência incrível, pois sou apaixonado por artrópodes. Adorei tudo o que fiz no laboratório e aprendi muito sobre entomologia, que é o que quero fazer no futuro. O laboratório é bem equipado e a supervisão também foi perfeita”, conta o estudante, que volta essa semana para a Bélgica. Entre as atividades do mestrando no laboratório, estavam observações, identificações e manutenção da coleção de cupins, além de fotografias em microscópio e visitas a campo para observar e coletar ninhos de cupins. “Aprendi muito sobre entomologia durante esse estágio, seja sobre o uso de equipamentos ou sobre a biologia de insetos.”
Sylvain também se diz satisfeito com a experiência em nível social, apesar do desafio do idioma. “Sou uma pessoa muito introvertida, mas consegui me dar bem com todos no laboratório, mesmo que a comunicação tenha sido bastante complicada no início. Eu tinha que falar em inglês o tempo todo, e isso realmente me ajudou a melhorar meu inglês, o que é muito bom para um cientista.” A oportunidade de troca internacional e de vivência em outro idioma é também uma das principais motivações do professor Og para receber estudantes estrangeiros em seu laboratório. “É algo que dá muito certo, porque estimula meus estudantes a falarem inglês no dia a dia, que é como se aprende de fato a língua”. Além disso, Og aposta na troca de conhecimento científico e na oportunidade criada para que a equipe do laboratório conheça culturas acadêmicas diferentes. “A Europa tem um padrão que prima pela independência do estudante, indo além de meramente acumular leituras e provas. Há uma preocupação grande com a ciência em si, e isso contamina os estudantes brasileiros.”
A viagem de Sylvain ao Brasil foi financiada pelas instituições belgas. A escolha dele pelo Laboratório de Termitologia aconteceu em função dos interesses acadêmicos do estudante. “Para este estágio, podemos trabalhar onde quisermos, em qualquer tipo de empresa, universidade, laboratório. Eu sabia que preferiria trabalhar em um laboratório de pesquisa de artrópodes ou insetos. Então, comecei a procurar artigos científicos relacionados a esse ramo da biologia e encontrei o professor Og.” Após troca de mensagens com o professor, Sylvain se identificou com o perfil do laboratório e com a oportunidade de estudar insetos em um clima tropical, diferente do que ele conhecia até então. “Gostei do fato do laboratório trabalhar com cupins para entender melhor os próprios cupins e também para entender coisas em geral.” Na fase final de seus estudos na Bélgica, Sylvain já cogita um retorno ao Brasil. “Eu certamente gostaria de fazer um doutorado em entomologia, e seria ótimo fazer isso em Viçosa, particularmente no Laboratório de Termitologia.”
Edital Extraordinário abre nova vaga para o curso de doutorado

O Programa de Pós-Graduação em Entomologia publica nesta terça-feira, 10 de junho, Edital Extraordinário com oferta de uma vaga para o curso de Doutorado. O candidato aprovado vai iniciar o curso no segundo semestre de 2025.
Para concorrer, é preciso atender aos pré-requisitos estabelecidos no edital, que incluem estar regularmente matriculado no curso de Mestrado em Entomologia da UFV, ter a defesa de dissertação prevista para acontecer até 31 de julho de 2025 e um coeficiente de rendimento acumulado igual ou superior a 85.
Veja todos os pré-requisitos no edital!
O prazo para inscrições vai de 11 a 25 de junho, no endereço https://www.gps.ufv.br/. A isenção da Taxa de Inscrição (conforme previsto no Edital Geral da Pós-Graduação) só poderá ser solicitada até o dia 18 de junho.
A seleção dos candidatos será realizada por uma comissão designada pelo PPG, que fará a análise da documentação apresentada considerando os critérios estabelecidos no edital. Caso haja mais de um inscrito, será realizada análise e pontuação de currículo.
A seleção do estudante para a vaga se dará de forma totalmente independente do Processo Seletivo 2025/02, cujo edital está disponível aqui.
Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves
Pesquisa que apresenta peptídeos para o controle de pragas é premiada em reunião da SBBq

Um trabalho desenvolvido como parte da tese de doutorado da egressa Halina Schultz, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, foi premiado durante a 54ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), realizada em Águas de Lindóia (SP), entre os dias 17 a 20 de maio de 2025. “Identification of peptide inhibitors of intestinal trypsin-like proteases from Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae)” foi apresentado pelo aluno de Iniciação Científica Ian Lucas Batista Santos, do Laboratório de Enzimologia e Bioquímica de Proteínas e Peptídeos, coordenado pela professora Maria Goreti de Almeida Oliveira.
No trabalho, a equipe apresenta a etapa de testes in vitro para o uso de dois tripeptídeos desenhados racionalmente, denominados GORE1 e GORE2, no controle da Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta do cartucho do milho, capaz de atacar também soja, algodão e algumas outras culturas. Esta é uma das experiências relatadas na tese “Defesa bioquímica de plantas a insetos – tecnologias utilizando-se inibidores de proteases para o controle de pragas agrícolas: identificação da eficiência de inibidores peptídicos de proteases, com potencial biopesticida, para o controle de lepidópteros”, defendida em julho de 2024. Além de S. frugiperda, a pesquisa de Halina também aborda o potencial dos peptídeos para o controle de Anticarsia gemmatalis, conhecida como lagarta da soja, uma praga importante na cultura da soja, que pode atacar ainda feijão, ervilha e amendoim, entre outras culturas, e Plutella xylostella, cujo nome popular é traça-das-crucíferas, que ataca brássicas, como couve, brócolis e repolho.
Após avaliar também como a microbiota intestinal desses insetos pode interferir na ação inseticida dos peptídeos, o trabalho traz fortes indícios de que GORE1 e GORE2 têm atuação importante no manejo das pragas, inclusive sob a ótica da sustentabilidade. “Acredito que a maior contribuição que a tese trouxe foi exatamente nessa busca por ferramentas para o manejo integrado de pragas de forma sustentável. Diante da crescente demanda por sustentabilidade, buscamos desenvolver e oferecer ferramentas eficientes que contribuam com a agricultura sustentável por meio da pesquisa e da inovação”, diz Halina, hoje pesquisadora da empresa Metabolic Biosolutions, uma spin-off do grupo de pesquisa Plantas daninhas e pesticidas no ambiente (PDPA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Para Ian, a boa receptividade ao trabalho apresentado na reunião da SBBqestá vinculada também ao impacto que a lagarta do cartucho do milho tem para a agricultura brasileira. “Eu gosto de chamar as pessoas para participar da apresentação lembrando que essa é uma espécie muito importante porque ataca milho, soja, sorgo e algodão. É uma espécie resistente, com grande capacidade de adaptação, e por isso desperta muito interesse.”
A proposta do laboratório da UFV, que segue trabalhando nessas pesquisas, é que a dupla de tripeptídeos possa ser usada em larga escala, por meio de aplicações de formulações em plantas, ou por meio da modificação genética das culturas. Sob orientação da professora Goreti, a equipe faz agora experimentos envolvendo a fase adulta das pragas. Ao mesmo tempo, o grupo segue avaliando outros peptídeos desenvolvidos no laboratório, alguns em processo de patenteamento. “Os próximos passos incluem bioensaios em casa de vegetação e em campo, além de testes com outras espécies de lagartas-praga e em organismos não-alvo. Também estão em desenvolvimento estudos sobre a estabilidade dos peptídeos e estratégias para garantir sua entrega eficiente, considerando fatores ambientais como temperatura e radiação UV, que podem comprometer sua atividade inseticida”, adianta Halina.
Foto: Antonio Carlos de Freitas