Publicado artigo que desconstrói alta virulência do Escovopsis para formigas cortadeiras

A revista Frontiers in Microbiology acaba de publicar artigo das pesquisadoras Débora Mendonça e Marcela Caixeta, egressas do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, desconstruindo a ideia de que os fungos Escovopsis e Escovopsioides sejam mortais para colônias de formigas cortadeiras. O texto também é assinado pelo professor Simon Elliot, orientador das duas em seus projetos de mestrado e doutorado, respectivamente, e pelos pesquisadores Thiago Kloss, professor do Departamento de Biologia Geral da UFV, e Camila Moreira e Gabriel Martins, ambos egressos da UFV. 

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O estudo, que questiona o entendimento, muito difundido até então, inclusive em livros voltados para alunos da graduação, de que a presença do fungo representa alto risco para as formigas, nasceu no trabalho de mestrado desenvolvido por Débora e apresentado ao programa em 2018. “Há muitos trabalhos dizendo que o Escovopsis é terrível para as formigas, porém, esses trabalhos, muitas vezes, utilizavam em suas análises apenas parte de uma colônia. E, nesses casos, precisamos avaliar organismos com alto grau de complexidade, ou seja, colônias completas. Quando fizemos isso, vimos que o Escovopsis não é capaz de matá-las”, explica Débora. 

Segundo o professor Simon Elliot, é a primeira vez que este estudo é feito envolvendo toda a colônia. “Ainda é em laboratório, mas mesmo a gente tendo colocado uma dosagem super alta, muito maior do que haveria no campo, com duas espécies de fungo (incluindo além do Escovopsis, o Escovopsioides, descrito pelo grupo em 2013), não houve morte das colônias. Então, essa ideia de que é extremamente virulento está indo por água abaixo.”

Marcela, que seguiu desenvolvendo a pesquisa em seu trabalho de doutorado, concluído no ano passado, tem boas expectativas com relação ao impacto do texto. “É um trabalho que é muito importante para a área, porque é totalmente inovador também em termos de resultado. Certamente abre portas para novos estudos e para a comunidade repensar a aceitação dessas questões que vinham sendo entendidas como definitivas”, aposta ela. 

Controle biológico
“Essa mudança de ponto de vista é fundamental para entendermos a relação das cortadeiras com os parasitas e melhorarmos as estratégias de controle biológico”, diz Débora, destacando que a presença das formigas prejudica diversos tipos de plantação, especialmente os Eucaliptos. “Elas causam prejuízos altíssimos. Quando analisamos apenas parte da colônia, vamos perdendo tempo e dinheiro com um suposto controle que, na verdade, não funciona.”

Foto: Débora Mendonça

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