Estudo avalia a comunicação química entre cupim hospedeiro e seu inquilino

Buscando compreender como diferentes espécies de cupim habitam o mesmo ninho, um estudo realizado pelo estudante do doutorado em Entomologia, Paulo Fellipe Cristaldo, avaliou a comunicação química entre Constrictotermes cyphergaster (hospedeiro) e Inquilinitermes microcerus (inquilino). A pesquisa analisou a natureza dos feromônios de trilha nas duas espécies e testou o reconhecimento mútuo de uma trilha. Os resultados foram publicados na PlosOne, no dia 21 de janeiro, no artigo intitulado “Mutual use of trail-following chemical cues by a termite host and its inquiline”.

Conhecidos como insetos sociais, os cupins vivem de forma harmônica em ninhos/colônias que constroem a partir da divisão de tarefas. Organismos que não pertencem ao ninho são expulsos pelos soldados. Uma das formas de reconhecer um “intruso” (heteroespecífico) é através de feromônio. Cada organismo tem o seu feromômio, que são substâncias químicas liberadas para reconhecer se outro organismo é ou não da mesma espécie (coespecífico).

Durante a pesquisa, foram realizados ensaios comportamentais para observar a orientação dos operários em coespecíficos versus trilhas dos heteroespecíficos. As amostras de ninhos analisadas foram obtidas próximo da cidade de Sete Lagoas, no estado de Minas Gerais. Ao todo foram coletadas 13 colônias. Parte das análises foi feita em Viçosa, Minas Gerais, e outra parte foi realizada em Praga, na República Checa, onde o trabalho foi finalizado.

O estudo concluiu que os feromônios de trilha podem moldar a coabitação de C. cyphergaster e seu inquilino I. microcerus. Foi testada a possibilidade de utilização do feromônio de trilha do hospedeiro pelo inquilino para evitar contato ou para se orientar. O inverso também foi testado, ou seja, a utilização do feromônio de trilha do inquilino pelo hospedeiro. O estudo indica que o inquilino é capaz de usar sinais químicos do hospedeiro para se proteger, evitando a sua detecção dentro do ninho.  Isso reforça a tese de que o inquilinismo entre as espécies de cupim é baseado em estratégias que evitam conflitos.

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