Pesquisa aplica inteligência artificial no combate à contaminação de abelhas

O uso de técnicas de inteligência artificial para predizer contaminação por agroquímicos em abelhas é apresentado este mês em artigo publicado pelo Journal of Hazardous Materials. O autor principal do texto é o pesquisador Rodrigo Cupertino Bernardes, que concluiu há pouco seu doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia, e realiza agora pesquisas de Pós-Doutorado. O artigo publicado na revista científica – “Toxicological assessment of agrochemicals on bees using machine learning tools”– é parte da tese de Rodrigo, que teve orientação do professor Gustavo Martins e coorientação da professora Maria Augusta Pereira Lima

“Tem-se falado muito sobre o declínio das abelhas, há uma preocupação crescente com relação a isso, principalmente nos EUA, pois a redução drástica das colônias afeta a produção agrícola, entre outros fatores”, explica Rodrigo. “Várias pesquisas vêm levantando hipóteses do porquê de elas estarem sumindo. Uma das principais causas que se tem levantado é o uso de agroquímicos, além das hipóteses de doenças. Neste contexto, nós estamos trabalhando a questão dos agroquímicos, avaliando o efeito deles nas abelhas. Eu venho me interessando pelas aplicações de inteligência artificial desde o mestrado, e achei que era hora de unir as duas coisas.”

O Ethoflow é capaz de indicar contaminação por meio de padrões de comportamento

Durante suas pesquisas de doutorado, Rodrigo desenvolveu o Ethoflow, software capaz de avaliar comportamento animal – neste caso, das abelhas – e, com base nestes indicadores, identificar a contaminação por diferentes tipos de agroquímicos. “As abelhas foram contaminadas com dois agroquímicos que são muito debatidos – o neonicotinóide imidaclopride e o glifosato. Em seguida, com o software, eu mensurei várias características comportamentais. Coloquei as abelhas em grupos, em arenas, fiz vídeos e depois analisei o comportamento delas no software. Desta forma, eu treinei os modelos de inteligência artificial, de modo que agora, a máquina é capaz de ler novos dados e identificar qual contaminação está presente naquele animal, com base no comportamento dele.” 

A expectativa de Rodrigo é que a tecnologia possa ser empregada para aumentar o conhecimento a respeito das ameaças às abelhas, dando mais alternativas e mais agilidade para ações de proteção às colônias. “Acredito que o monitoramento é o ponto chave. Possibilitar o monitoramento em campo (por exemplo, com colônias automatizadas e inteligência artificial) em tempo real é importante, porque podemos tomar decisões mais rápidas e mais assertivas, inclusive em termos de políticas públicas. Com esses dados, a gente consegue agir para evitar que toda a colônia se contamine, e também saber a causa da contaminação.”

O artigo que apresenta o software e sua aplicabilidade pode ser lido neste link. Além de Rodrigo, assinam o texto os professores Gustavo e Maria Augusta e os pesquisadores Lorena Botina, Fernanda Pereira da Silva e Kenner Morais Fernandes, vinculados à UFV durante o desenvolvimento da pesquisa.

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