Entomologia tem dois professores entre os mais citados do mundo

Os professores Raul Narciso Carvalho Guedes e José Eduardo Serrão, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, estão entre os cientistas mais citados do mundo, de acordo com estudo feito na universidade americana de Stanford e publicado em outubro pelo Plos Biology. Para chegar à lista de nomes, os autores do estudo consideraram as citações da base de dados Scopus ao longo da carreira dos cientistas (até o ano passado) e também, em um recorte específico, no ano de 2019. O estudo lista ainda os pesquisadores mais influentes por campo de atuação. 

Motivação e intercâmbio

O professor Raul, atual Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV, é o 29.274º entre os 100 mil cientistas, de todos os campos de pesquisa, mais citados em 2019. “Em termos pessoais, é claro que tenho uma medida de satisfação pelo fato de que nossa produção tem se mostrado útil de alguma forma para os colegas de área. Em termos práticos, contudo, pouco muda no meu cotidiano de trabalho e nas minhas perspectivas, pois minha motivação se mantém elevada apesar das dificuldades que sempre aparecem (ou até mesmo por causa delas)”, conta ele. 

A relevância internacional da produção acadêmica de Raul começou a ser sentida por ele há dez ou 15 anos, quando ele intensificou sua presença em eventos ao redor do mundo. “Eu me dei conta de que fazíamos algo diferente quando colegas começavam a brincar comigo nestes eventos no exterior e indagar sobre um ou outro trabalho que tínhamos feito”, conta. “O mais curioso é que recursos de pesquisa nunca foram particularmente abundantes, mas a partir de 2008 as oportunidades de viagens e interações internacionais aumentaram bem”.  

Em 2019, o professor dedicou-se, entre outras pesquisas, a dois temas que têm despertado especial atenção: a resistência a inseticidas na traça-do-tomateiro e a flexibilização e o emprego da técnica de eletropenetrografia em diferentes contextos. “Este último caso representa um esforço colaborativo com o pessoal do Departamento de Agricultura nos EUA, que aceitou bem a ideia e nos deu suporte na aplicação dela – Elaine Backus, que na realidade desenvolveu o equipamento mais moderno, e os colegas James Throne e Spencer Walse. No caso da traça, os colegas Marcelo Picanço do nosso departamento, e Herbert Siqueira, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), vem fazendo ótimo trabalho a respeito e tive a oportunidade de trabalhar com ambos”, explica ele, destacando também parcerias com o Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INRA), na França, e a Universidade da Catânia, na Itália.

Parceria e atualização

O professor Serrão aparece em outra lista, incluída no mesmo estudo, dos 2% mais influentes cientistas por área de conhecimento. “Penso que todo trabalho científico é relevante no momento em que expande o conhecimento da humanidade. A importância desse reconhecimento é indicar que talvez eu esteja no caminho certo, contribuindo para o avanço do conhecimento humano”, diz ele, que tem mais de 300 trabalhos publicados ao longo de sua carreira. “Ciência funciona assim: para cada pergunta que encontramos uma resposta, surgem dezenas de outras. Então quando influencio os demais pesquisadores, é porque eles também estão muito interessados em produzir conhecimento para melhoria do mundo em que vivemos”. 

Nos últimos anos, Serrão tem se dedicado a entender como os órgãos internos dos insetos são formados e, especialmente, como esses organismos se relacionam com o ambiente, resistindo a alterações climáticas e a produtos tóxicos e poluentes. “Isso obviamente demanda uma parceria com pesquisadores de diversas áreas –  toxicologia, taxonomia, controle de pragas, biólogos, agrônomos, químicos -, são vários os parceiros envolvidos. A gente vai sempre atualizando com ferramentas modernas, sempre adicionando novas tecnologias”, explica ele. 

Na avaliação do professor, não há um trabalho ou parceria que, sozinho, tenha sido determinante para a relevância internacional de sua produção, e sim uma sequência de esforço e tempo dedicado. “Se analisarmos os trabalhos, veremos claramente que eles foram mudando ao longo dessas duas décadas. Isso é fruto do avanço do conhecimento e para que nossa contribuição possa ocorrer é importante estar sempre atualizado, acompanhando o que vem sendo desenvolvido por outros pesquisadores e como isso pode impactar de forma positiva nossa linha de pesquisa”, avalia ele, já valorizando o que está por vir. “Eu diria que o momento determinante é quando concluímos nosso último trabalho para iniciarmos o próximo.”

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