Entomologia encerra semestre letivo superando desafios de aulas exclusivamente remotas

Oferecendo disciplinas exclusivamente remotas em função da pandemia do Coronavírus, o Programa de Pós-Graduação em Entomologia chega esta semana ao fim do primeiro semestre letivo de 2020. E se alunos e professores sentem falta do olho no olho e da chance de esticar os debates e o aprendizado sem o intermédio da internet, também não há dúvidas de que inúmeros desafios foram superados. “Fiquei surpresa com o bom desempenho e boa adaptação às plataformas usadas para o ensino remoto, e inclusive achei que a organização do conteúdo ficou muito boa”, conta a mestranda Kárenn Christiny Pereira Santos, que cursou três disciplinas diferentes neste semestre. Para ela, a possibilidade de acessar o conteúdo das aulas a qualquer momento se tornou um recurso positivo do modelo que se impôs em todo o mundo ao longo de 2020.

As ferramentas utilizadas pelos professores e orientadores do programa foram as mesmas de muitas outras instituições de ensino – Google Meet, Google Classroom, e menos frequentemente PVANet e Zoom -, mas coube aos docentes a adaptação de conteúdos, muitas vezes práticos, para a tela do computador. “A adaptação foi melhor que eu esperava. Houve perdas, é claro, achei que os alunos participaram menos do que durante as atividades presenciais, mas exercitar a flexibilidade e aprender a lidar com as adversidades e com novas ferramentas foram ganhos evidentes”, avalia a professora Maria Augusta Lima Siqueira, uma das primeiras a oferecer suas aulas adaptadas durante a pandemia. Entre as boas oportunidades trazidas pela crise, ela destaca a derrubada das barreiras geográficas. “Posso convidar, por exemplo, um especialista do exterior para contribuir ao vivo em aulas de assuntos que não tenho conhecimento aprofundado, de maneira mais simples, sem precisar mudar de plataforma ou sem ser necessário que ele se desloque até Viçosa.”.

“Eu estou terminando o semestre animado com a forma de ensinar”, conta o professor Eraldo Lima. Ele identifica as perdas impostas pelo novo modelo, e diz que a maior delas é a falta de convívio com os alunos. “O olhar do estudante, para os mais ‘experientes’, demonstra precisamente se o assunto foi entendido, se é necessária uma outra abordagem. Isso se perdeu!” Por outro lado, o professor destaca o surpreendente comprometimento dos alunos, que fez o tempo dedicado às aulas ser muito proveitoso. “As sabatinas online foram feitas como esperado e de forma semelhante à situação presencial, mas com a sensação de que os alunos responderam com muito mais responsabilidade, assiduidade e desejo de aprender”, avalia ele. 

Reuniões e debates entre alunos e professores foram transferidos do Campus para os computadores (Fotos: Rodrigo Carvalho)

O mestrando André Mazochi chegou há pouco ao programa, e viveu o desafio de se adaptar ao curso sem a oportunidade do convívio presencial. “Sinto falta da comunicação entre colegas e professores, pois não se chega mais adiantado na aula para conversar um pouco e nem se fica na sala após a aula para debater qualquer coisa”, lamenta ele, que apostou no grupo de estudos Insectum para se aproximar dos colegas e do ritmo de trabalho da Entomologia. Ainda assim, ele está otimista para o próximo semestre. “Espero realizar as disciplinas matriculadas com foco, e quero continuar nesta universidade após o mestrado para fazer as tão esperadas aulas práticas que não vão estar presentes no meu mestrado”. 

Para o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV, Raul Guedes, o saldo do semestre, tão atípico, superou as expectativas. “As disciplinas de pós-graduação tiveram boa resposta e elogios por parte dos discentes”, diz ele, destacando ainda o suporte operacional que a equipe de Pós-Graduação ofereceu também à graduação, que vive desafios ainda maiores. “No caso da Pós-Graduação, o ajuste é mais simples pois concentra-se no instrutor da disciplina facilitando articulações e tomada de decisão. Foi o meu caso com a Toxicologia de Inseticidas no período especial de outono.” Para o próximo semestre, Raul espera uma dinâmica ainda mais tranquila. “O fato de conseguirmos manter o calendário letivo e o ingresso regular para 2021 ajuda também na manutenção do fluxo de alunos e no funcionamento dos programas.”

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