Nature publica estudo pioneiro com participação de pesquisador da UFV

Em artigo publicado na revista Nature, nesta quarta-feira, dia 29, cientistas de instituições de cinco países, dentre elas a UFV, atestam: “Combater apenas o desmatamento não é suficiente para proteger a biodiversidade. Nenhum dos esforços internacionais atuais para preservar a Floresta Amazônica terá pleno sucesso, se desconsiderarem os efeitos da retirada de madeira, fogo e fragmentação das áreas de florestas”.

O doutor em Entomologia, Ricardo Solar, é um dos autores do estudo. Ele ressalta que a perda de biodiversidade atual, que já é alarmante, é só a metade do problema. “Nossos estudos mostram claramente que se nenhuma iniciativa for implantada para frear a degradação das florestas, estaremos simplesmente ignorando uma enorme parcela do impacto” – afirma o pesquisador da UFV.

Essa foi a primeira vez que um grupo de pesquisadores conseguiu reunir dados para comparar a perda de biodiversidade causada pela degradação provocada por atividades antrópicas com a perda de biodiversidade causada diretamente pelo desmatamento. O trabalho intitulado Anthropogenic disturbance in tropical forests can double biodiversity loss from deforestation mediu o impacto causado pela degradação das florestas (retirada de madeira, fogo e fragmentação) em mais de 2100 espécies de árvores, aves e besouros, no estado brasileiro do Pará.

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Os resultados encontrados pelos pesquisadores vão diretamente contra a perspectiva vigente de concentrar os esforços de conservação apenas na cobertura florestal. O estudo mostra que os efeitos não computados de degradação florestal podem até dobrar a estimativa atual de perda de espécies. De acordo com o artigo publicado na Nature, o efeito combinado das atividades humanas que causam distúrbio nas áreas de floresta é equivalente a uma perda adicional de 139 mil Km2 de floresta primária. Essa área equivale a 60% do estado de São Paulo e a tudo que já foi desmatado no estado do Pará desde que o monitoramento começou em 1988. _3008660

Segundo o autor principal do estudo, Dr. Jos Barlow, da Universidade de Lancaster no Reino Unido, “esses resultados devem servir de alerta para a comunidade global. O Brasil demonstrou uma liderança sem precedentes no combate ao desmatamento na última década. O mesmo nível de liderança é necessário agora para proteger a saúde das florestas restantes nos trópicos. Do contrário, décadas de esforço de conservação terão sido em vão”.

O pesquisador sênior do projeto, Dr. Toby Gardner, do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), também alerta que focar apenas na cobertura vegetal não é suficiente. “As florestas tropicais são um dos mais valiosos tesouros biológicos do planeta. Ao focar exclusivamente nas extensões de floresta remanescentes, sem levar em conta o estado de saúde dessas áreas, as atuais iniciativas de conservação estão colocando em perigo tal riqueza” – destaca o pesquisador da Suécia.

O estudo contou com a participação de cientistas de 18 instituições de pesquisa e é fruto do consórcio internacional Rede Amazônia Sustentável, que busca compreender como a atividade humana influencia na biodiversidade da Amazônia Oriental brasileira. Para saber mais sobre essa iniciativa, acesse  www.redeamazoniasustentavel.org.

Fotos: Ricardo Solar

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