O professor Thiago Gechel Kloss, do Departamento de Biologia Geral da UFV, passa a integrar, a partir deste mês de agosto, o quadro de orientadores do Programa de Pós-Graduação em Entomologia. Thiago, que é egresso do programa, retorna à Entomologia quase dez anos depois da defesa de sua tese. Ao longo deste período, ele atuou como pesquisador DCR na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), como professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e, desde 2021, é professor da UFV, com forte atuação na área de ecologia e comportamento animal.
“Desde que ingressei como professor na UFV vinha avaliando a possibilidade de voltar à Entomologia. O PPG Entomologia é a casa de onde eu vim, e agora tenho a oportunidade de concretizar essa realização profissional, trabalhando ao lado de pesquisadores que foram fundamentais para a minha formação. É uma conquista profissional muito importante”, avalia Thiago. Sua meta para os próximos anos é reforçar, dentro do programa, o desenvolvimento de pesquisas relacionadas com Ecologia e Comportamento. ‘Eu trabalho com ecologia de insetos em geral, além de aracnídeos. Boa parte do que eu faço é com comportamento animal”. Foi nessa linha o trabalho desenvolvido por Thiago durante o doutorado, com orientação do professor Carlos F. Sperber, quando ele explorou as alterações comportamentais que vespas parasitoides são capazes de produzir em aranhas.
Atualmente, duas são as linhas de trabalho do professor: os mecanismos de manipulação comportamental e a forma como fatores ambientais afetam a estrutura da comunidade de insetos e aracnídeos. Na primeira linha, a equipe de Thiago busca entender como os parasitas conseguem induzir os hospedeiros provocando comportamentos que nos chamam tanto a atenção. “No caso das aranhas, por exemplo, elas constroem teias reforçadas que auxiliam diferentes parasitas (moscas, fungos, vespas) de alguma forma. Estamos entendendo a parte genética da ativação deste mecanismo e a possibilidade de existir uma convergência evolutiva no mecanismo de manipulação, ou seja, existe a possibilidade desses diferentes parasitas terem encontrado formas semelhantes de manipular um mesmo grupo de hospedeiros.”
Quanto ao impacto dos fatores ambientais nas comunidades, as pesquisas têm sido desenvolvidas principalmente em parceria com o Amazon Fertilisation Project (AFEX), que busca entender como a limitação nutricional de fósforo no solo amazônico afeta a cadeia trófica. “Estamos estudando os efeitos sobre os insetos e os aracnídeos para entender como esse impacto pode ocorrer. Isso, num cenário de mudanças climáticas, é importante porque os modelos atuais normalmente não levam em consideração o efeito das restrições nutricionais do solo da Amazônia. Este experimento busca entender especialmente o que acontece quando você retira a limitação do fósforo no ambiente.”
Para o professor, o trabalho como orientador da Entomologia será uma oportunidade não apenas para o programa expandir suas pesquisas na área de ecologia, mas também para diversificar o perfil de alunos no seu laboratório – o Laboratório de Ecologia e Comportamento (LabeCom). “Muitas coisas me deixam animado com essa nova etapa. Os alunos da entomologia que querem trabalhar com ecologia de insetos geralmente têm uma visão voltada para a história natural dos organismos, e isso é uma linha carente no Brasil. O estudo da história natural permite compreender mecanismos um pouco mais profundos, principalmente evolutivos. Minha chegada à Entomologia certamente vai contribuir para termos um perfil mais heterogêneo no laboratório, o que é bom para todos os pesquisadores envolvidos.”
Thiago também aposta na estrutura do programa para desenvolver ainda mais ações internacionalização. “Um programa 7 traz uma estrutura muito adequada para desenvolver parcerias internacionais. Tenho trabalhos com pesquisadores do Chile e da República Tcheca, temos desenvolvido boas pesquisas, mas creio que a Entomologia fortalece isso e permite um aumento deste escopo.”