Pesquisadores descrevem duas novas espécies de insetos aquáticos

A pesquisadora Mellis Rippel e o professor Frederico Salles, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, descreveram duas novas espécies de inseto, encontradas no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata de Minas Gerais e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na região serrana do Rio de Janeiro. Guaranyperla puri (na foto acima) e Guaranyperla froehlich pertencem à família Gripopterygidae, de insetos aquáticos. A primeira foi nomeada em homenagem ao povo indígena Puri, habitante da região onde foi encontrada, e a segunda celebra o professor Claudio Froehlich, falecido em 2023.

Leia aqui o artigo “Taxonomic revision of Guaranyperla Froehlich (Plecoptera: Gripopterygidae): unveiling the diversity and complexity of a unique genus”, com a descrição das novas espécies. 

A descoberta faz parte das pesquisas realizadas por Mellis para seu doutorado, concluído no primeiro semestre de 2025. A pesquisadora desenvolveu sua tese sobre a taxonomia e a morfologia reprodutiva de Gripopterygidae, família de Plecoptera restrita ao Hemisfério Sul. “Dentro desse contexto, eu fiz uma revisão taxonômica do gênero Guaranyperla, e as novas espécies surgiram desse trabalho. Por 24 anos, havia apenas 3 espécies conhecida desse gênero, e meu trabalho dobrou esse número, além de indicar outras espécies em potencial que ainda precisam ser descritas”, avalia Mellis. Além das duas novas espécies, a revisão feita por ela resultou na troca de nome – e de gênero – de Guaranyperla barbosai, que antes acreditava-se pertencer ao gênero Tupiperla.

Mellis colheu material em Minas Gerais e no Rio de Janeiro

Os resultados representam um feito entomológico importante porque ajudam a identificar os limites entre as espécies do gênero, considerado “enigmático” pelos especialistas. “Guaranyperla não é fácil de coletar e, por isso, encontrar uma nova espécie desse gênero na Serra do Brigadeiro foi muito incrível pra gente. Além disso, G. puri reforça a diversidade ainda pouco conhecida de insetos aquáticos da Mata Atlântica. Ao mesmo tempo, descobrimos que G. froehlich e G. barbosai coexistem no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o que também é fascinante.” Esses insetos são conhecidos pelo importante papel que têm como indicadores de qualidade da água e como parte das cadeias alimentares e do fluxo de energia dos riachos.

O trabalho tem a colaboração do Laboratório de Entomologia da UFRJ, por meio dos pesquisadores Jádila Prando, Daniela Takyia e Fernanda Avelino-Capistrano, e do Laboratório de Biologia Aquática (LABIA) da UNESP de Assis, por meio do pesquisador Lucas Henrique de Almeida. “É sempre muito especial quando se descreve uma nova espécie. É como descobrir um pedaço do mundo que antes não era conhecido e depois passa a ter nome e história reconhecidos pela ciência. Foi muito legal eu e meu orientador Frederico Salles descrevermos essas duas novas espécies de um gênero que sempre foi tão querido e admirado não só por nós, mas por muitos especialistas em insetos aquáticos do Brasil. Pra mim é um presente incrível e o considero como um momento sublime e muito especial na minha carreira.”

Fotos: Frederico Salles e Thomas van de Kamp

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