Três anos após a viagem que oficializou a parceria entre a professora Maria Augusta Lima Siqueira, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, e a professora Gaetana Mazzeo, da Università Degli Studi di Catania (UNICT), o trabalho conjunto segue firme e rendendo frutos. Na última semana de fevereiro, a pesquisadora brasileira Lívia Maria Negrini Ferreira (na foto acima) defendeu em Viçosa sua tese de doutorado, desenvolvida após um período sanduíche na Itália. Pouco antes, o pesquisador Roberto Catania havia defendido em Catânia seu trabalho, parcialmente realizado no Brasil. Ambos os doutores receberam dupla titulação. Em janeiro, outra estudante italiana, Marta Bonforte, chegou à UFV para um período de intercâmbio, com a mesma meta.
“Tudo isso de fato supera em muito as minhas expectativas. Quando eu fui pra Catânia, não imaginava que a gente ia continuar trabalhando em uma parceria tão coesa, tão produtiva e por tanto tempo”, avalia Maria Augusta. “Em praticamente dois anos, já temos o terceiro aluno de doutorado em cotutela, com benefícios que vão muito além do treinamento dos alunos”, ela diz, destacando os vários artigos já publicados advindos da parceria iniciada em 2022.
O grupo de pesquisadores têm seus esforços focados em abelhas e suas diversas relações com a produção agrícola. Roberto, que passou cerca de oito meses no Brasil, avaliou o efeito de diferentes pesticidas sobre abelhas, incluindo espécies encontradas nos dois países. Já Lívia trabalhou com um espectro menor de espécies, uma típica de cada país, mas com diferentes poluentes. “Em geral, demonstramos que indivíduos e colônias de abelhas silvestres estão em alto risco de exposição a uma ampla gama de agrotóxicos.”
Para a recém doutorada, o período na Itália teve impacto importante no resultado final. “Tive a oportunidade de trabalhar com espécies de abelhas com as quais eu não tinha trabalhado e que são nativas da Itália”, conta Lívia, acrescentando que os aprendizados acabam sendo também divididos com os demais colegas de laboratório na volta ao Brasil. “É um modelo de trabalho muito efetivo e muito produtivo”, reforça Maria Augusta, “porque os estudantes têm treinamentos que jamais teriam em suas universidades de origem, considerando o perfil de trabalho dos laboratórios e as condições naturais de cada país, o que aconteceu tanto com a Lívia, quanto com o Roberto.”
Nova estudante
Marta chegou ao Brasil há pouco mais de um mês, e ficará pelos próximos seis meses trabalhando sob orientação de Maria Augusta. “Minha principal meta em Viçosa é ir mais a fundo na minha pesquisa e ganhar experiência internacional. Estar aqui vai me permitir trocar conhecimento e também aprender novas metodologias e colaborar com projetos inovadores. A minha expectativa é contribuir efetivamente com o time de pesquisadores.” Na Itália, Marta desenvolve pesquisas com a interação entre abelhas silvestres e cultivos agrícolas, estudando estratégias para aumentar a presença de polinizadores em agroecossistemas e consequentemente aumentar a produtividade agrícola. No Brasil, ela pretende ampliar esse estudo para a região tropical, ao trabalhar com abelhas sem ferrão nativas do Brasil.