O professor orientador do Programa de Pós-Graduação em Entomologia Frederico Salles foi anunciado, na última semana, como novo presidente do Comitê Internacional Permanente de Ephemeroptera. A novidade foi divulgada durante a edição 2024 da International Joint Meeting on Ephemeroptera and Plecoptera, que reuniu os maiores especialistas nas duas ordens em Turim, na Itália, entre os dias 21 e 26 de julho. O professor e sua equipe de pesquisa no Brasil também participaram do evento com apresentação oral de trabalhos e pôsteres.
“Foi uma experiência extremamente enriquecedora para todos nós, proporcionando vivências importantes e marcantes”, conta Frederico, que participa do evento desde a edição de 2008. “Esse encontro é um evento relativamente pequeno, com cerca de cem participantes, mas é muito grandioso em importância, uma vez que reúne especialistas na área de todo o mundo, e nos permite uma convivência muito próxima com os demais colegas.”
A escolha do pesquisador brasileiro para o posto de presidente do comitê aconteceu no final do ano passado, por meio de uma eleição feita pelos demais membros, mas só foi anunciada em Turim. “Foi um momento muito importante pra mim, um reconhecimento muito grande e uma honra enorme”, diz o professor, que trabalha com Ephemeroptera desde o curso de graduação, há quase 30 anos. “É um caminho de pesquisa longo, mas só entrei para o comitê há seis anos. É muito significativo que tenham desejado a minha presidência apesar desse pouco tempo.”
As principais incumbências do comitê, criado na década de 1970, são garantir a continuidade dos encontros internacionais e financiar, nesses encontros, a presença de estudantes. Para os próximos anos, a expectativa de Frederico é potencializar essa capacidade financiadora, dando oportunidade a mais estudantes de todo o mundo. “Eu gostaria muito de ver esse comitê se transformar em uma sociedade, para que tenhamos mais fontes de recursos para ajudar os estudantes. Atualmente, nossos recursos provêm exclusivamente da conferência, mas acredito que teremos mais alternativas ao nos tornarmos uma sociedade. E é justamente esse um dos grandes propósitos desses eventos, trazer os estudantes para o convívio com os pesquisadores mais experientes.”
Doutorandas
A doutoranda Mellis Layra Soares Rippel viajou graças a uma combinação entre uma bolsa oferecida pela Sociedade Internacional de Plecoptera e o financiamento que ela recebe, do CNPq, para sua pesquisa. “Foi simplesmente uma experiência incrível, em todos os aspectos. Conhecer as maiores autoridades da minha área de estudo, conversar com essas pessoas que somente conhecia pela literatura, trocar experiências com aqueles que, como eu, estão ainda no início de carreira, é algo que vou levar pra vida toda. Aprendi e experienciei muita coisa neste simpósio.” A pesquisadora levou dois trabalhos para Turim, um pôster e uma apresentação oral. “No pôster havia alguns resultados preliminares sobre meu estudo com morfologia externa e histologia do aparelho reprodutor de Tupiperla (Gripopterygidae:Plecoptera). Ao apresentar, me deram algumas ideias de como continuar com o trabalho, além de convites de parceria para mais estudos neste tema. A apresentação oral foi bem legal também. Apresentei o meu primeiro capítulo da tese, a revisão do gênero Guaranyperla (Gripopterygidae: Plecoptera).”
Para a doutoranda Isabel Cristina Hernández Cortes, o ponto forte do evento é a diversidade e a qualidade das apresentações e palestras. “Participar de um evento internacional é crucial para mim por várias razões. Além de amadurecimento pessoal e profissional, é uma chance de compartilhar meu trabalho e receber feedback construtivo.” Ela apresentou o trabalho “Species delimitation and the shape of the wings of Massartella Lestage (Ephemeroptera, Leptophlebiidae): an approach using geometric morphometrics”, parte de sua pesquisa que está sendo desenvolvida com bolsas de fomento da CAPES e a partir de um edital Universal da FAPEMIG. “Este trabalho aborda a aplicação da morfometria geométrica na delimitação de espécies do gênero Massartella. Tradicionalmente, a identificação das espécies baseava-se em características morfológicas sutis, que não diferenciavam claramente a variação intra e interespecífica. Ao analisar 26 marcos na asa anterior de exemplares, a pesquisa identificou diferenças significativas no tamanho e na forma das asas entre machos e fêmeas, e entre algumas espécies, utilizando a Análise de Componentes Principais (PCA) e a Análise Discriminante Linear (LDA). Esses métodos permitiram distinguir novas espécies.”
O professor Frederico Salles e as doutorandas Isabel Cortes e Mellis Ripel tiveram os custos de participação no evento financiados pelo CNPq e pela FAPEMIG.
Foto no alto da página: Arnold Staniczek