Pós-doc inicia projeto financiado pela National Geographic Society

A pesquisadora Thairine Mendes Pereira, pós-doc do Departamento de Entomologia e coorientadora no Programa de Pós-graduação em Entomologia, acaba de dar início à execução do projeto “Brain, immunity, and behaviour under parasite control: Can real-life zombies shed light on behavioural manipulation?”, financiado pela National Geographic Society (Nat Geo). Em março, a equipe do projeto partirá para uma expedição de um mês na Amazônia, em busca de insetos e aranhas parasitados por fungos capazes de alterar seu comportamento padrão. 

“Nossa investigação principal vai ser comparar aranhas, formigas e vespas para ver se diferentes parasitas ativam neles a mesma via metabólica principal, responsável pela alteração no comportamento do hospedeiro”, explica Thairine. Essa é uma nova abordagem sobre o tema explorado pela pesquisadora durante o doutorado, na Universidade Federal de Minas Gerais, onde ela estudou a interação entre aranhas e fungos. Antes disso, ela já havia passado pelo PPG Entomologia, quando cursou seu mestrado. “Agora, de volta a Viçosa, estou ampliando o estudo, avaliando também o efeito destes fungos sobre formigas e vespas, além das aranhas.” 

Thairine submeteu o projeto ao programa da National Geographic Society que financia pesquisas e projetos sem fins lucrativos em todo o mundo. “Eu tenho um amigo que havia sido contemplado, e isso me inspirou a tentar também”, ela conta. “Apresentei a ideia na chamada do ano passado, e fui escolhida uma das National Geographic Explorers de 2024. A instituição vai custear nossa pesquisa, além de oferecer apoio durante todo o tempo”.

A hipótese da pesquisadora é de que os fungos monitorados, ou uma parte deles, desencadeiam uma resposta semelhante nos insetos quando são parasitados. “Todos eles (os hospedeiros) deslocam do ambiente, morrem em um local um pouco mais alto, em alguma folha, coisa que eles não fariam saudáveis. Portanto, vou investigar se a base molecular que o fungo está induzindo no hospedeiro é igual, e essa parte é completamente diferente do que eu fiz no doutorado.” 

Na semana passada, foram dados os primeiros passos para a execução do projeto, que conta também com o professor Thiago Kloss, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFV, o professor Bertram Brenig, da Universidade de Göttingen, na Alemanha, o professor Aristóteles Góes Neto, do PPG Microbiologia da UFMG, e Simon Elliot, supervisor de pós-doc de Thairine e orientador do PPG Entomologia. Nas próximas semanas, o projeto vai abrir uma vaga de iniciação científica para receber na equipe um estudante de graduação. 

No cronograma estão previstas coletas e expedições na Amazônia e na Mata Atlântica, e análise em laboratório ao longo de um ano. “Além das aranhas, estaremos de olho em insetos que são parasitados, incluindo espécies que não estão descritas. O projeto vai financiar várias expedições, inclusive para descobrir essas espécies novas, que a gente sabe que estão no ambiente, mas que a literatura ainda não contempla. Um dos primeiros objetivos é aumentar o número de insetos que são descritos na literatura de vários grupos que fazem esse mesmo comportamento. “

A National Geographic Society está com inscrições abertas para o mesmo programa até 11 de abril. Todas as informações estão disponíveis neste link.

Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves

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