Pesquisa multidisciplinar investiga relação entre aves e controle de pragas

O professor Lessando Gontijo, orientador do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, acaba de iniciar uma parceria com a Wageningen University, da Holanda. O grupo de pesquisadores vai mensurar, no Brasil e na Holanda, de forma inédita, os sons emitidos por pássaros e correlacionar os dados com informações sobre a população de insetos no local – especialmente lagartas e besouros -, com o objetivo de entender o quanto a diversidade de pássaros em determinada área pode ser útil para o controle biológico de pragas. A primeira visita do grupo de cientistas holandeses ao Campus Florestal deve acontecer até fevereiro, e estão previstas coletas de dados também na Holanda. 

“A ecoacústica é uma aventura totalmente nova pra mim. A ideia é criar uma metodologia, usando um dispositivo que nos permite, no campo, captar e gravar sons, barulhos, diferentes cantos de pássaros, e através disso, estimar a diversidade de aves. A gente consegue dizer, por exemplo, que em determinada área tem dez diferentes espécies de pássaros, e quais são essas espécies. E a entomologia entra no momento em que vamos correlacionar isso com o nível de pragas, na cultura agronômica”, explica o professor. “Minha meta principal é avaliar se a diversidade de aves pode ser útil para controlar as pragas. Será que há uma correlação direta (entre a diversidade de aves e as pragas)? Onde temos uma diversidade mais alta, será que temos menos pragas, menos lagartas?”

O projeto multidisciplinar foi aprovado em um edital europeu conhecido como ‘Wild Card’ e envolve pesquisadores nas áreas de física, ecologia e entomologia das duas universidades. À princípio, estão envolvidos alunos de iniciação científica orientados pelo professor Lessando e pós-graduandos da Wageningen University, que virão ao Brasil. Ainda está em aberto a possibilidade de pós-graduandos brasileiros colaborarem diretamente para o projeto. 

“Essa interação é muito boa para a Entomologia, para a UFV, porque engrandece nosso trabalho, e contribui diretamente para a internacionalização da universidade”, diz Lessando, destacando ainda a chegada de recursos internacionais para custear bolsas e materiais dos experimentos.” Além de tudo, tem o enorme benefício do aprendizado: vou colaborar com ecólogos, é uma aventura nova, um aprendizado enorme. Sempre trabalhei com controle biológico de pragas, mas envolvendo outros insetos. Meus orientados certamente estarão acompanhando e se beneficiando deste conhecimento.”

O projeto tem duração inicial de dois anos. A expectativa é de que, até o final de 2023, aconteça toda a coleta de material e análise dos dados. 

Foto: John Norton / Creative CommonsAttribution 2.0 Generic

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