Perfil: César José Fanton

Já parou para pensar como era estudar na Entomologia há 28 anos? Quem nos conta um pouco dessa experiência é César José Fanton, atual pesquisador do IDAF (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo). O paulista de Bariri, que trabalha há 30 anos em terras capixabas, se qualificou no interior das Minas Gerais. Fanton foi estudante de uma das primeiras turmas do mestrado em Entomologia da UFV.

O engenheiro agrônomo formado pela Esalq chegou em Viçosa para fazer pós-graduação no segundo semestre de 1986. Fanton trabalhava na extinta Emcapa, atual Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural). Ele conta que naquela época havia uma carência muito grande de capacitação e, diferentemente do que se vê hoje, a maioria dos estudantes eram profissionais que já estavam no mercado de trabalho. Poucos eram aqueles que saíam direto da graduação para a pós.

De cara, o veterano revela a filosofia da Entomologia: “Você não é obrigado, mas já que veio, vai ter que estudar”. Para ele que assistiu de perto o surgimento do Programa, “a Entomologia é fruto de um desejo apaixonado do Evaldo Vilela. Ele era muito receptivo e exigente, sempre querendo oferecer o melhor para a gente”- conta, manifestando toda a sua admiração pelo fundador da Entomologia.

Mas no início, Fanton resistiu à proposta que o professor Evaldo defendia. Estava sendo implantada na UFV uma Entomologia transversal, ampla, aberta a outras áreas.  Ao passo que Fanton desejava cursar uma Entomologia eminentemente agrícola. Contudo, hoje, ele reconhece o engano e se sente agradecido pelo fato de a Entomologia ter se consolidado tal qual projetou o professor Evaldo.

De acordo com Fanton, os professores eram muito exigentes e os alunos se dedicavam, estudavam sempre juntos: “Eram turmas muito boas”. Ele conta que dentre os melhores alunos se destacava Eduardo Rodrigues Hickel, atual pesquisador da Epagri  (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina). Sobre uma época em que não se sonhava em utilizar Datashow e retroprojetores, Fanton relembra de uma apresentação em que Hickel quis surpreender utilizando um episcópio. O aparelho de projeção não funcionou muito bem, gerou o maior burburinho durante a apresentação do colega, mas em compensação, rende boas risadas até hoje.

A memória de tudo o que viveu  na UFV permanece bem viva e nomes de contemporâneos são citados por ele a todo momento. A saudade dos amigos rende bons casos que se passaram, na maior parte, no porão do Alojamento Feminino, onde se concentravam os quatro laboratórios e a secretaria da Entomologia, ocupada pela atenciosa e paciente Dona Paula. Mas se engana quem pensa que a limitação do espaço físico era barreira. Fanton é enfático ao afirmar que “mesmo assim, se fazia pesquisa forte e de alto nível”. Dos poucos luxos que se tinha, se não o único, era uma máquina de escrever elétrica, que ficava toda imponente ao final do corredor. Boas lembranças também ficaram das tardes de quinta-feira, quando todos se reuniam para os seminários, tradição que se mantém até hoje.

Foram três anos de mestrado na UFV, sob a orientação do professor José Oscar Gomes de Lima. Mais tarde, em 1997, Fanton retornaria, como estudante da primeira turma do doutorado em Entomologia, agora, orientado pelo professor Evaldo Vilela.

Fanton foi representante discente durante o mestrado e o doutorado. E para ele que participou das duas avaliações que a Capes realizou no início dos cursos, é um orgulho ver o nível que a Entomologia da UFV alcançou ao longo desses anos, obtendo o conceito máximo da Capes.

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