ENT 390 coloca futuros agrônomos em contato com diferentes realidades agrícolas

Trabalhar questões do uso de agrotóxicos no campo diretamente com o produtor, enfatizando como a gestão do controle de pragas afeta toda a produção agrícola e a vida do agricultor. Esse é o objetivo da disciplina ENT 390 – Receituário Agronômico e Deontologia, oferecida há 22 anos como optativa aos concluintes do curso de Agronomia. Buscando aproximar os futuros agrônomos da realidade agrícola de diferentes regiões, a ENT 390 integra teoria e prática, com a participação de professores de vários departamentos da UFV e de profissionais de outras instituições.

Idealizada e coordenada pelo professor Angelo Pallini desde o início, a ENT 390 oferece várias atividades práticas, onde os alunos podem vivenciar situações pelas quais passarão como profissionais. De acordo com o coordenador, “a dinâmica da disciplina implica em formar duplas de discentes para visitarem uma propriedade de pequenos produtores em municípios num raio de 130 km de Viçosa (MG). As visitas são realizadas a cada 15 dias ao longo do semestre letivo, sendo intercaladas com aulas em sala, onde são convidados profissionais para apresentarem palestras, como representantes do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), indústria, professores convidados, entre outros”.

Os produtores que recebem a visita dos estudantes são selecionados pela Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) do município, parceria da disciplina. Ao longo de 22 anos, todas as propriedades visitadas apresentam o perfil de pequenos produtores, com produção agropecuária de subsistência e normalmente com baixo nível de tecnificação rural. “O argumento para explicar o baixo nível de tecnologia aplicada é a região montanhosa e culturalmente travada para diversificação rural” – comenta Pallini.

Outra realidade agrícola

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Para fazer o contraponto com a realidade da região de Viçosa, todos os anos, os alunos da disciplina visitam o município de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. Segundo o professor do Departamento de Entomologia, “a viagem à Venda Nova do Imigrante mostra aos discentes que outra região igualmente montanhosa, que dificulta o uso de máquinas, diversificou a produção e os produtores locais têm melhor produtividade e retorno econômico do que os da região de Viçosa. Inclusive, há produtores que transformaram a propriedade convencional em agroturismo, demonstrando que a criatividade aliada ao conhecimento muda o perfil da ação agrícola e a vida do produtor para melhor. Isso provoca mudanças na forma de pensar do futuro profissional, que sai da disciplina com uma visão mais crítica e com uma abordagem mais instrumentalizada para agir na sua vida profissional. Durante o processo da disciplina não são usados apenas os conhecimento da Fitossanidade, mas também a integração de outras disciplinas já vivenciadas pelos alunos ao longo do curso de Agronomia, como Sociologia Rural, Planejamento Rural, Cálculo, Fitotecnia, Zootecnia, Solos, Fertilidade, Ecologia, etc.”.

Ao longo de mais de duas décadas, o responsável por apresentar aos alunos da ENT 390 essa outra realidade é o pesquisador Hélcio Costa, do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural). De acordo com o fitopatologista, que é natural de Viçosa, mas mora em Venda Nova de Imigrante há muitos anos, o que diferencia as duas regiões, além de características geográficas, são fatores históricos e culturais: “Em Venda Nova do Imigrante a colonização é italiana e o povo vive da agricultura desde os tempos antigos. Isto é o diferencial, o amor à terra que ganharam do governo no pós-guerra. Infelizmente, na Zona da Mata isso não acontece, apesar de todo esforço que a universidade faz para mudar. Aqui também tem o diferencial de estarmos a 90 km da capital Vitória e termos um agroturismo forte, que ajuda muito”.

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Visita deste ano

2ªComo já é tradição, neste ano, os alunos da ENT 390 também visitaram o município de Venda Nova do Imigrante. A viagem realizada no dia 23 de junho possibilitou aos formandos conhecer várias propriedades da região Serrana. “Tentamos levar os alunos em propriedades de ponta, como foi a visita nas lavouras do senhor Geraldo Gobbi, que é o maior produtor de tomate enxertado em nível de campo do Brasil, além de possuir uma máquina de classificação de frutos que é uma das mais modernas do país. Depois, visitamos uma produtora orgânica de morangos que é referência na produção no Espírito Santo e no Brasil. Fomos na Agropecuária Zandonade, onde tem mexerica ponkan, abacate e café, tudo feito dentro das técnicas agronômicas. Depois visitamos a Fazenda Carnielli, referência em agroturismo, cujo um dos sócios é formado em Agronomia na UFV. Foi traçado um perfil da empresa e passados detalhes da sua fundação até os dias de hoje. Também fomos à Fazenda Marin, que cultiva pêssegos e é a maior produtora do estado. O pai e os dois filhos também são formados na UFV. Rodrigo, um dos filhos, nos recebeu na propriedade. Ele é  o responsável por toda a condução da lavoura” – descreve o pesquisador do Incaper.

O formando do curso de Agronomia Leonardo Araujo Oliveora participou da excursão e mesmo para ele que é natural de Venda Nova do Imigrante, a visita mostrou características bem interessantes: “Apesar de conhecer a região, sempre tem propriedades e/ou locais que não é permitida a visitação sem acompanhamento, as quais foram possíveis conhecer através da disciplina”. Visando o futuro profissional já bem próximo, Leonardo avalia que a ENT 390 permite “vislumbrar e praticar diversas atividades que poderão ser executadas profissionalmente. A disciplina é extremamente importante por nos permitir acompanhar a vivência em uma propriedade da região de Viçosa e aplicar os conhecimentos aprendidos ao longo do curso em algumas situações práticas”.

Confira também alguns registros do Dia de Campo, realizado no município de Canaã (MG), no dia 7 de julho, como parte das atividades da ENT 390:

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