Doutoranda inicia etapa internacional de projeto na Bélgica

A doutoranda Juliana Vieira, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, iniciou em setembro, na Universidade de Ghent, na Bélgica, a etapa internacional de seu projeto de pesquisa. Desde 2018, Juliana se dedica ao estudo da diversidade genética e da resistência a inseticidas em populações do percevejo-das-panículas, sob orientação do professor Raul Guedes, da UFV, em parceria com Alexandre Barrigossi, da Embrapa Arroz e Feijão, e com o professor Guy Smagghe, da Universidade de Ghent. “Com o auxílio da equipe da Embrapa e da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), de janeiro até abril deste ano, coletei populações de percevejos em arroz irrigado e de terras altas nos estados do Tocantins e de Goiás, bem como, realizei os bioensaios de resistência a inseticida. Em seguida, retornei a Viçosa, extrai o DNA dos insetos coletados e com esse material obtido estou na Bélgica realizando o estudo da diversidade genética com marcadores moleculares”, conta ela. 

A parceria com o professor Guy Smagghe começou a ser construída no ano passado, quando ele esteve em Viçosa para integrar o Simpósio de Ecotoxicologia. “Eu e o professor Raul nos reunimos com ele, discutimos juntos o projeto e em seguida, iniciei os procedimentos de submissão à Universidade de Ghent.” O professor belga é colaborador atuante no PPGEnt, sendo responsável inclusive pela co-orientação de outros estudantes do programa. “Portanto, a escolha foi em razão da consolidada relação com professor Smagghe, e pelo mérito e qualidade dos projetos de pesquisa que ele executa, contando com um laboratório bem equipado e produtivo em estudos de genética molecular e controle de pragas”, explica Juliana. 

Essa é a primeira experiência acadêmica internacional de Juliana, que espera ganhar segurança na língua inglesa e abrir portas para sua carreira fora do Brasil. “Minha expectativa é que além de proporcionar aprendizado pessoal nas técnicas de estudo de genética de populações, a experiência propicie o reconhecimento do meu trabalho por meio de publicações em revistas com reconhecido fator de impacto. Como consequência prática, ambiental e socioeconômica, espero que meu projeto possa colaborar na tomada de decisão para o manejo das duas espécies de percevejos-das-panículas, minimizando o uso irracional de inseticidas e potenciais perdas na produção do arroz”.

Juliana destaca a pluralidade de Ghent, que permite interação com pesquisadores do mundo todo

Adaptação

Juliana, que foi contemplada com uma bolsa pelo programa Capes/Print, é a primeira aluna do programa a iniciar a etapa internacional de pesquisa depois da chegada da pandemia do Coronavírus. Apesar das restrições que o momento impõe, a doutoranda já conseguiu estabelecer uma rotina no laboratório, trabalhando na testagem da metodologia a ser empregada em seu projeto. A Universidade está em alerta desde o fim de outubro, em função do aumento do número de casos na Bélgica e adoção nacional de medidas mais restritivas em todo o país. “Na prática, as medidas que tenho tomado quando estou na Universidade são registrar em formulário online os locais que utilizo, respeitar a lotação máxima dos espaços, higienizar as mãos toda vez que entro e saio de algum local, usar máscara facial e não compartilhar objetos de uso pessoal.” 

A Universidade de Ghent, segundo Juliana, é muito internacionalizada e a cidade, bastante plural. “Cotidianamente tenho interagido com estudantes e pesquisadores de diversas nacionalidades, o que tem me feito destravar para o inglês e aprender com as diferenças. Eu acredito que quanto mais desbravamos o novo, melhor entendemos nós mesmos: quem somos e onde queremos chegar. Realmente tem sido uma experiência transformadora.” 

Trajetória 

Juliana é estudante da UFV desde a graduação, em Ciências Biológicas, concluída em 2015. Imediatamente depois, ela iniciou o mestrado, já sob orientação do professor Raul, com que trabalhou como estagiária ainda durante a graduação. “Durante meus dois anos de Programa de Educação Tutorial (PET) fui estagiária voluntária no laboratório do professor Raul e em seguida, obtive mais dois anos de bolsa de iniciação científica da Fapemig. Nesses quatro anos de estágio eu trabalhei diretamente com uma mestranda e duas doutorandas, desenvolvendo projetos com comportamento e fisiologia de carunchos (do milho e do feijão) frente a exposição inseticida e a supressão endossimbionte”. Foi essa a linha de pesquisa que Juliana seguiu no mestrado, concluído em 2017. “Quando decidi fazer o doutorado, eu sentia que tinha consolidado uma boa formação em técnicas de biologia molecular, mas queria integrar isso a experimentos de campo, pois não tinha tido esse tipo de vivência profissional.”

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