O Laboratório de Termitologia da UFV recebeu, ao longo dos últimos cinco meses, a visita do estudante belga Sylvain Leclercq. Ele esteve em Viçosa em período de estágio, previsto no programa de Mestrado em Biologia de Organismos e Ecologia, uma cooperação entre a Université Catholique de Louvain (UCLouvain) e a Université de Namur (UNamur), ambas na Bélgica. Sylvain foi recebido pelo professor Og de Souza, coordenador do laboratório, e pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Entomologia Maria Lacerda. Durante o período que esteve no Brasil, ele colaborou com a pesquisa de Maria, que avalia os fatores que determinam multi-simbioses em cupins.
“Do ponto de vista profissional, foi uma experiência incrível, pois sou apaixonado por artrópodes. Adorei tudo o que fiz no laboratório e aprendi muito sobre entomologia, que é o que quero fazer no futuro. O laboratório é bem equipado e a supervisão também foi perfeita”, conta o estudante, que volta essa semana para a Bélgica. Entre as atividades do mestrando no laboratório, estavam observações, identificações e manutenção da coleção de cupins, além de fotografias em microscópio e visitas a campo para observar e coletar ninhos de cupins. “Aprendi muito sobre entomologia durante esse estágio, seja sobre o uso de equipamentos ou sobre a biologia de insetos.”
Sylvain também se diz satisfeito com a experiência em nível social, apesar do desafio do idioma. “Sou uma pessoa muito introvertida, mas consegui me dar bem com todos no laboratório, mesmo que a comunicação tenha sido bastante complicada no início. Eu tinha que falar em inglês o tempo todo, e isso realmente me ajudou a melhorar meu inglês, o que é muito bom para um cientista.” A oportunidade de troca internacional e de vivência em outro idioma é também uma das principais motivações do professor Og para receber estudantes estrangeiros em seu laboratório. “É algo que dá muito certo, porque estimula meus estudantes a falarem inglês no dia a dia, que é como se aprende de fato a língua”. Além disso, Og aposta na troca de conhecimento científico e na oportunidade criada para que a equipe do laboratório conheça culturas acadêmicas diferentes. “A Europa tem um padrão que prima pela independência do estudante, indo além de meramente acumular leituras e provas. Há uma preocupação grande com a ciência em si, e isso contamina os estudantes brasileiros.”
A viagem de Sylvain ao Brasil foi financiada pelas instituições belgas. A escolha dele pelo Laboratório de Termitologia aconteceu em função dos interesses acadêmicos do estudante. “Para este estágio, podemos trabalhar onde quisermos, em qualquer tipo de empresa, universidade, laboratório. Eu sabia que preferiria trabalhar em um laboratório de pesquisa de artrópodes ou insetos. Então, comecei a procurar artigos científicos relacionados a esse ramo da biologia e encontrei o professor Og.” Após troca de mensagens com o professor, Sylvain se identificou com o perfil do laboratório e com a oportunidade de estudar insetos em um clima tropical, diferente do que ele conhecia até então. “Gostei do fato do laboratório trabalhar com cupins para entender melhor os próprios cupins e também para entender coisas em geral.” Na fase final de seus estudos na Bélgica, Sylvain já cogita um retorno ao Brasil. “Eu certamente gostaria de fazer um doutorado em entomologia, e seria ótimo fazer isso em Viçosa, particularmente no Laboratório de Termitologia.”