Entomologia UFV participa de socialização do saber em evento de extensão na região de Viçosa

Integrantes do Programa de Pós-Graduação em Entomologia participaram da XI Vitrine do Milho PDPL-UFV juntamente com produtores rurais, técnicos, profissionais de revendas de produtos agropecuários, estudantes e professores da UFV, numa grande troca de conhecimento e experiência, realizada no dia 29 de fevereiro, na fazenda “Nô da Silva”. 

A equipe do Laboratório de Interação Inseto-Planta, coordenado pelo professor Eliseu José Guedes Pereira, participou do evento e apresentou parte dos resultados de pesquisas aplicadas ao manejo de pragas em cultivos de milho. A doutoranda em Entomologia Camila Oliveira Santos apresentou os resultados do seu trabalho de dissertação, cujo objetivo foi “avaliar a eficiência da integração de diferentes tecnologias de manejo (milho transgênico Bt, tratamento de sementes e inseticidas foliares) contra duas importantes pragas em milho, a lagarta-do-cartucho e o percevejo barriga verde”.

Presente pela segunda vez numa edição da Vitrine do Milho, Camila acredita que a participação de estudantes de pós-graduação e graduação em eventos de extensão é essencial. “Particularmente, sempre gostei de estar no campo, vivenciar na prática o que aprendemos em sala de aula. Isso auxilia no nosso crescimento profissional e humano, com novas experiências, além de treinarmos uma forma de comunicação mais didática” – destaca.

Por sua vez, o doutorando em Fitotecnia Antônio Carlos Leite Alves acredita que “um evento como a Vitrine do Milho é uma excelente oportunidade para conversar, lado a lado, com os produtores rurais e profissionais de empresas. Nos permite fazer network e mostrar para o público presente que estamos preparados para o mercado de trabalho. Também permite que possamos alinhar nossas pesquisas ao que realmente interessa para os agricultores, ou seja, nos ajuda a fazer trabalhos mais aplicados e desafiadores”.

Da academia para a sociedade

Na Vitrine do Milho deste ano, Antônio apresentou parte dos resultados de sua pesquisa com inseticidas de tratamento de sementes visando o controle da lagarta-do-cartucho. “Esse experimento foi conduzido em casa de vegetação, e os resultados mostraram que todos os inseticidas testados (ciantraniliprole, clorantraniliprole e tiodicarbe + imidaclopride) causaram mortalidade de larvas de 3º instar superior a 80% do 1º ao 11º dia após a emergência das plantas e protegeram-nas contra injúrias das lagartas advindas de infestação no cartucho. Resultado semelhante foi obtido para larvas de 5º ínstar (hábito de lagarta rosca), das quais os inseticidas, entre 2 e 8 dias após a emergência das plantas, causaram mortalidade acima de 80% e protegeram contra injúria das lagartas que se alimentaram na base da planta. Esses resultados indicam que o uso de tratamento de sementes com inseticida da classe diamida (ciantraniliprole, clorantraniliprole) ou carbamato + neonicotinoide (tiodicarbe + imidaclopride) deve proteger as plantas de milho contra injúrias de larvas de Spodoptera frugiperda advindas de ovos ou residentes na área de cultivo, durante, respectivamente, 11 ou 8 dias após emergência da cultura”.

O doutorando em Fitotecnia avalia que “no meio científico os nossos resultados de pesquisas são publicados em periódicos, e às vezes as informações que são publicadas ali não chegam até o nosso público alvo. Dessa forma, num evento de extensão, podemos contribuir levando os resultados dos nossos trabalhos diretamente para a sociedade e de forma mais rápida. E assim, eles ficam cientes do que realmente estamos fazendo na universidade pública. Eventos de extensão como a Vitrine do Milho, possibilita o contato direto da sociedade com a comunidade acadêmica”.

Dentre os recentes avanços obtidos com as pesquisas desenvolvidas pela equipe do Laboratório de Interação Inseto-Planta, o professor Eliseu José Guedes Pereira, que também participou do evento, destaca a integração de métodos de controle e o adequado uso de tratamento de semente para manejo de insetos na parte aérea das plantas. “Essa técnica começou a ser usada recentemente e carece de pesquisa científica e divulgação desse saber ao produtor e profissionais da cadeia produtiva. Esse saber é útil ao tomar decisão de aquisição de semente tratada e/ou tratá-la na propriedade e de integração com cultivares geneticamente modificados e outros métodos de controle de pragas. Acredita-se que essa abordagem sistematizada contribui para melhor sustentabilidade da produção de milho/leite, com benefícios para a sociedade e o meio ambiente”. Diante disso, o professor conclui que “exemplos como esse de ação coletiva de pós-graduandos e graduandos mostra como é possível integrar o Ensino, a Pesquisa e a Extensão para interferir na realidade que cerca as universidades e seus programas de pós-graduação”.

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