O professor Lucas Paolucci, coordenador do Laboratório de Ecologia de Comunidades e Ecossistemas Tropicais (EcoTrop) da UFV, é o novo orientador credenciado do Programa de Pós-Graduação em Entomologia. Egresso do programa, Lucas se dedica principalmente a entender como os insetos são afetados por distúrbios antrópicos em florestas tropicais, e quais as consequências disso sobre a atuação deles no fluxo de matéria e energia nos ecossistemas.
“Como ex-aluno, conheço de perto a excelência do Programa, especialmente quanto à infraestrutura, professores, oportunidades de parcerias, recursos e qualidade dos discentes. Assim, tenho grandes expectativas de que meu ingresso será uma oportunidade para alavancar as pesquisas que desenvolvemos no EcoTrop, através de recursos humanos, parcerias e infraestrutura que a Entomologia tem a oferecer”, diz ele, que estará apto a receber estudantes a partir do próximo processo seletivo.
Dentre as pesquisas realizadas recentemente pelo EcoTrop, está uma investigação sobre o impacto do fogo em florestas Amazônicas nas comunidades de formigas, na medida em que altera sua composição e abundância. “Como consequência, isto diminui a qualidade do serviço de dispersão de sementes por formigas, e também a predação que elas exercem sobre outros insetos.” Em um estudo subsequente, o grupo descobriu que as árvores localizadas em florestas sofrem não apenas com efeitos diretos do fogo, mas também são mais consumidas por insetos herbívoros, graças à menor abundância de formigas predadoras nestas florestas degradadas. “Ou seja, descobrimos que o fogo faz com que as formigas predadoras exerçam menor controle sobre os insetos herbívoros das florestas queimadas, que ficam ‘livres’ para atacar as plantas remanescentes.”
Outra linha de trabalho do laboratório se concentra na fauna de formigas presentes em Mariana depois do desastre do rompimento da barragem de Fundão. “Uma vez que formigas são bioindicadoras, este resultado nos sugere que outros grupos da fauna também foram afetados. O rejeito alterou também a forma como estas formigas interagem com sementes, o que em última instância pode afetar as espécies de plantas que dependem das formigas para recrutar e se estabelecer em regiões degradadas”, explica o professor.
Clique aqui para ler alguns dos artigos publicados recentemente pela equipe coordenada por Lucas.
De pesquisador a professor
“Eu sempre gostei de andar no mato e sempre me interessei pelo mundo natural, por entender o funcionamento das coisas, o que os bichos faziam, por quais fatores eram influenciados. Desde criança eu gostava de assistir a programas relacionados a esta temática. Sempre gostei de ciência de uma forma geral, de modo que o único curso de graduação que eu sempre me vi fazendo era o de Ciências Biológicas.” Natural de Barbacena, Lucas fez graduação e pós-graduação na UFV, sendo o mestrado pelo PPG Entomologia e o doutorado pelo PPG Ecologia, com período sanduíche no CSIRO/Austrália. Antes de assumir a vaga de professor na UFV, em 2020, ele ainda foi pós-doc do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e do PPG-Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
A carreira de professor se tornou uma meta durante a graduação, quando Lucas teve a oportunidade de atuar como monitor de algumas disciplinas. “Percebi que dar aulas era a melhor forma de aprender, pois era necessário realmente saber do assunto, então fui tomando gosto. Além disso, fazer ciência, descobrir padrões e mecanismos do mundo natural, sempre foi uma grande paixão. Como professor universitário, posso aliar estas duas paixões profissionais.”
No PPG Entomologia, a expectativa de Lucas é trabalhar com estudantes com perfil diverso, de várias partes do Brasil e do mundo, interessados em diversos grupos de insetos, como formigas, besouros rola-bosta, cupins e abelhas, além das interações ecológicas das quais esses insetos fazem parte. “Muitas das nossas perguntas são respondidas através de experimentos manipulativos em campo, e com o auxílio de ferramentas estatísticas diversas. Assim, é desejável que os estudantes tenham disposição para realizar trabalhos de campo e desenvolver habilidades estatísticas. Também espero interesse em desenvolver habilidade de escrita científica e de apresentação oral, além de dedicação para publicação dos dados.”
Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves