UFV alerta estudantes da pós-graduação sobre fraude na pesquisa científica

Atenta às questões éticas que envolvem a pesquisa científica, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV realizou no dia 2 de agosto uma palestra destinada aos estudantes que ingressaram neste semestre nos cursos de mestrado e doutorado da instituição. A palestra “A ética na pesquisa científica” foi ministrada pelo professor do Departamento de Fitopatologia da UFV, Luiz Antonio Maffia.

Há 40 anos trabalhando na UFV, o professor Luiz Antonio Maffia compartilhou com os estudantes a sua experiência. De uma forma leve e descontraída, Maffia listou uma série de condutas graves: plágio, pirataria ou roubo de ideias, duplicação de publicações, autoria inapropriada e a chamada “Salami Science” ou Ciência Salame, que consiste em fatiar os resultados de uma pesquisa para publicação.

Para ilustrar condutas desse tipo, Maffia citou uma série de exemplos de casos reais em que fraudes foram descobertas no Brasil e no mundo. Maffia ainda problematizou sobre possíveis razões para a má conduta de pesquisadores. Vaidade, busca de prestígio e reconhecimento; atender às agências de fomento e satisfazer critérios de produtividade; e dogmatismo, ajustando dados a hipóteses pré-concebidas.

Diante disso, como minimizar as fraudes? Esta também foi uma pergunta para a qual Maffia apresentou respostas. Informação, através da leitura de textos como as diretrizes definidas pela Comissão de Integridade de Pesquisa do CNPq e o Código de Boas Práticas da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Outra alternativa apontada por Maffia é a educação, com a inclusão de Ética/Deontologia nos currículos, bem como reflexão e vigilância permanente por parte dos pesquisadores.

No que se refere à vigilância, Maffia informou sobre aplicativos que indicam índices de similaridade entre as publicações, facilitando a descoberta de fraudes. Neste sentido, ele chamou a atenção para o crescimento das investigações de ocorrência de má conduta no meio científico nos últimos tempos. Contudo, isso não significa que o número de pesquisadores que cometem fraudes está aumentando, mas sim que existe atualmente uma atenção maior com relação às práticas aéticas.

A falta de ética traz consequências como a “despublicação de artigos”, demissão de pesquisadores, corte de financiamento para pesquisa por parte das agências de fomento, perda de títulos e processo criminal. Maffia informou que no Brasil ainda não tem previsão legal para esse tipo de crime, mas que o novo código penal prevê punição com prisão para plágio, por exemplo. E sobre o corte de financiamento para pesquisa, o CNPq estuda implantar.

Encerrando a sua abordagem, Maffia concluiu que “a falta de ética é muito preocupante. Tentações existem. Mas é preciso valorizar o seu passe. Você está numa instituição de renome. Pense mais. O que está em questão é o seu nome. Seja ético”.

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