Royal Society Open Science publica estudo sobre sistema formigas cortadeiras-fungo mutualista

A Royal Society Open Science publicou nesta semana, o artigo intitulado “Recognition of endophytic Trichoderma species by leaf-cutting ants and their potential in a Trojan-horse management strategy”, de autoria da doutora em Entomologia, Silma Leite Rocha. Buscando uma alternativa para o controle de formigas cortadeiras, o objetivo do trabalho “foi verificar se o sistema planta-fungo endofítico afetaria o sistema formigas cortadeiras-fungo mutualista”.

Em experimentos in vitro e in vivo, os pesquisadores buscaram verificar se o fungo endofítico do gênero Trichoderma seria reconhecido pelas formigas Atta sexdens rubropilosa, como uma ameaça para a colônia. A primeira autora do trabalho destaca que “a escolha desse gênero de fungo se deu pelo seu histórico de antagonismo”.

Foram realizadas dez coletas noturnas em dois fragmentos de Mata Atlântica no município de Viçosa-MG. “Para as coletas contei com a preciosa ajuda do Sr. Manoel José Ferreira, hoje funcionário aposentado. No total, coletamos 6000 pedaços de folhas, 3000 que estavam sendo carregados e 3000 que tinham sido rejeitados pelas formigas em seis ninhos” – descreve Silma.

Também de acordo com a autora, “os experimentos in vivo consistiram em colocar na mesma placa de Petri o fungo mutualista, cultivado pelas formigas, e o fungo antagonista Trichoderma, para verificar como seria a interação. Em outra etapa do trabalho, queríamos testar o endofitismo dos isolados de Trichoderma em eucalipto. Para tanto, inoculamos suspensão de esporos nas folhas de mudas de eucalipto e após um período de tempo, tentamos reisolar. Na última parte do trabalho, oferecemos substrato contendo Trichoderma para minicolônias de formigas cortadeiras, sem a rainha, e analisamos parâmetros como morte das formigas, peso das folhas cortadas e peso do lixo”.

Verificou-se que “havia mais Trichoderma em material rejeitado do que em material que estava sendo carregado para dentro dos formigueiros, um indício de que as formigas possivelmente estivessem reconhecendo o fungo antagonista ao processar o material no interior da colônia. No experimento in vitro, o fungo mutualista apresentou alguma defesa à ação de alguns isolados do fungo antagonista, mas para outros isolados, o antogonista cresceu por toda a placa. No teste de endofitismo, verificamos que há movimento de Trichoderma dentro da planta de eucalipto, mas no geral, o endofitismo foi relativamente fraco. No experimento com as minicolônias, a mortalidade de formigas foi maior naquelas em que oferecemos substrato com Trichoderma”.

A pesquisadora avalia que “a principal contribuição do estudo foi verificar que as formigas aparentemente podem reconhecer a presença de Trichoderma endofítico em folhas e, futuramente, pode ser que seja um aliado no controle de formigas cortadeiras. É importante ressaltar que esse foi apenas um dos primeiros passos do objetivo maior que é encontrar um agente de controle biológico de formigas cortadeiras”.

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