Projeto leva conhecimento sobre práticas agroecológicas a 28 municípios de Minas

A professora Madelaine Venzon e as doutorandas Mayara Franzin, Elem Martins, Jessica Botti e Fernanda Andrade, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, assinam circular técnica publicada pela Epamig apresentando as ações realizadas entre os anos de 2018 e 2019 pelo projeto “Popularização do Conhecimento Técnico, Científico e Tradicional de Práticas Agroecológicas”. As autoras participaram de uma série de 51 eventos, em 28 municípios de Minas Gerais, com o objetivo de proporcionar a troca de conhecimento de base agroecológica para ser aplicado à produção sustentável de alimentos, aliado à segurança alimentar e à conservação da biodiversidade e dos recursos naturais. Ao longo de dois anos, os eventos atingiram produtores rurais, estudantes e especialistas de 49 municípios, considerando também o público visitante de cidades vizinhas. 

Madelaine, que coordena o projeto liderado pela Epamig, defende a popularização do conhecimento como parte fundamental do trabalho de pesquisa. “Muitos pesquisadores e professores da área, no caso das práticas agrícolas, acham que seu trabalho termina quando o conhecimento ou a tecnologia são gerados. É fundamental que se faça a conexão – para que a tecnologia foi gerada, e pra quem -, para transformá-la em inovação. Só que esse não é um trabalho fácil e não tem sido reconhecido para efeitos de curriculum. Para mim, essa fase final é o coroamento de um trabalho, e portanto deveria ser valorizada ao extremo”, diz a professora.  

Entre os eventos realizados, estão cursos, minicursos, palestras, visitas técnicas, intercâmbios, dias de campo e instalações artístico-pedagógicas. O tema mais frequentemente abordado foi o manejo de pragas e doenças, objeto de pesquisas constantes na Epamig, “Pudemos compartilhar as práticas do manejo agroecológico de pragas com diversos tipos de públicos, desde comunidades de assentamentos a grandes produtores de café do Cerrado Mineiro. Pudemos lidar diretamente com o público alvo de nossas pesquisas sobre manejo agroecológico de pragas, que é o(a) produtor(a) rural”, relata a doutoranda Mayara Franzin, que participou pela primeira vez de um projeto de extensão. Elem, também estudante de doutorado, destaca a oportunidade de crescimento não só profissional, como também pessoal. “Pude ver de perto a realidade de cada grupo de pessoas e de cada região e suas relações com o manejo de pragas. Falar e ouvir diversas pessoas, com idades diferentes, culturas diferentes e conhecimentos diferentes com certeza contribuiu de forma significativa para minha evolução como pesquisadora e transmissora de conhecimento.”

Na avaliação das pesquisadoras, o impacto foi positivo também para o público alvo, que teve a chance de ouvir sobre o assunto em uma linguagem acessível. “Para aplicar as técnicas de manejo agroecológico, é necessário ter conhecimento técnico, principalmente conhecer e diferenciar insetos pragas de insetos benéficos. Esse conhecimento foi passado de forma prática e com a linguagem adequada para cada público”, diz a doutoranda Jéssica Botti. “Acredito que todo nosso público aprendeu sobre as vantagens, os desafios e como implantar o manejo agroecológico em suas propriedades. Algumas pessoas não sabiam a diferença entre insetos pragas e insetos benéficos, pensavam que todos insetos causavam prejuízos. Outros até sabiam que alguns insetos eram benéficos, mas não sabiam diferenciá-los”, completa Mayara. 

Inspiração 

Depois de dois anos de convívio direto com produtores rurais por meio do projeto, as pesquisadoras se dizem motivadas a fazer mais incursões fora do ambiente exclusivamente acadêmico. “Nós também aprendemos coisas novas com o público em geral. Muitas vezes é possível voltar ao laboratório, após um evento desses, com novas ideias para pesquisa. Ideias essas adquiridas durante troca de conversas e através do relato do público após observar algum tipo de inseto em um pequeno pedaço de horta, por exemplo”, diz Elem.  “Eu realmente espero que tenhamos novas oportunidades como essa, de popularizar o conhecimento sobre práticas agroecológicas. Eu aprendi muito, me fez enxergar ‘além das paredes do meu laboratório'”, conta Mayara. “Cada curso foi uma oportunidade nova de aprender sobre a realidade de quem trabalha e vive da agricultura, além de colaborar para a melhoria do trabalho árduo que eles(as) enfrentam diariamente”, completa.

Madelaine endossa os benefícios da troca de informação para os docentes. “O fato de lidarem com públicos diversos e terem a oportunidade de apresentar e discutir suas pesquisas com o público que será beneficiado por essas pesquisa é um diferencial do projeto”, destaca a professora. 

O projeto foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e envolveu ainda o trabalho de outras duas pesquisadoras da Epamig, Wânia dos Santos Neves e Maira Christina Marques Fonseca, que também assinam a circular técnica. Terminada a etapa de eventos, a Epamig vem utilizando os resultados colhidos para determinar novas estratégias de ação, tanto para novos projetos de pesquisa como para futuros eventos e parcerias.

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