Professora Terezinha Della Lucia é homenageada pela comunidade científica da área de mirmecologia

Com quase 40 anos dedicados ao estudo das formigas e vários trabalhos publicados na área, a professora do Departamento de Biologia Animal, Terezinha Maria Castro Della Lucia, foi homenageada durante o XXII Simpósio de Mirmecologia, realizado em Ilhéus, na Bahia, no mês de outubro. “Foi uma surpresa extremamente gratificante saber que a comunidade científica nacional e internacional valoriza o meu trabalho a esse ponto. Além disso, fiquei feliz representando a frente feminina” – comenta.

O orgulho por representar o gênero não é por acaso. Dentre os seis homenageados durante o evento, a professora Terezinha foi a única mulher. Os seguintes pesquisadores também receberam a homenagem: Alain Dejean (Toulouse, França), Alain Lenoir (Tours, França), Carlos Roberto Brandão (Museu de Zoologia-USP), Jonathan Majer (Perth, Austrália) e Odair Bueno (Unesp-Rio Claro).

Formada em Ciências Biológicas pela Purdue University (EUA), mestre e doutora em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela UFV, a professora Terezinha conta que o amor pelas formigas a acompanha há muito tempo. “Sempre fui fascinada por esses insetos, desde os meus tempos de graduação. Sabia que um dia iria me dedicar a esses insetos tão diligentes e de comportamento tão interessante. Iniciei os meus estudos com formigas na UFV, durante o meu mestrado em Fitotecnia, pois na época não havia Programa de Pós-Graduação em Entomologia. A minha dissertação foi sobre a mirmecofauna em agroecossistemas. Durante o doutorado, não tive a oportunidade de trabalhar com formigas. Contudo, daí para frente, dediquei-me, principalmente, ao estudo das formigas-cortadeiras que, além de fascinantes, são também pragas de diversas culturas em nosso País”.

A pesquisadora, que iniciou como docente na UFV em 1987, garante que aprendeu muito com as formigas-cortadeiras, e esse aprendizado ultrapassa as fronteiras da academia: “Com elas, aprendi a paciência, a tenacidade, a coletividade, a superação de obstáculos. Enfim, muitas das características que os seres humanos devem ter no seu cotidiano. Esses insetos me levaram a conhecer diversos lugares no Brasil e no exterior, e me abriram portas para novos e bons amigos. Esses pequeninos seres me intrigam tanto que consegui passar esse estímulo para diversos orientados de iniciação científica, mestrado e doutorado. Hoje, vários deles são meus colegas (e amigos) em instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior. Isso também me enche de orgulho e alegria”.

Pelo visto a relação com os estudantes sempre foi muito especial, tanto é que no ensino, a professora Terezinha também coleciona homenagens. “Tenho muito orgulho e sou muito grata aos alunos de várias turmas do curso de Ciências Biológicas da UFV que, ao longo desses anos, têm me homenageado ou me convidado para ministrar a Aula da Saudade durante as festividades de formatura. Isso, para mim, não tem preço. Mas, essa homenagem agora, na minha área de pesquisa, vem somar ao reconhecimento dos alunos. Isso nos dá uma sensação de bom cumprimento do dever” – descreve.

Certamente, outras homenagens ainda estarão por vir. Aposentar-se por agora não está nos planos da professora Terezinha. “Adoro a sala de aula e os meus alunos de graduação e pós-graduação. Não sei quando vou deixar ‘minhas formigas’. Por enquanto, não estou pronta para sair. Cada vez que penso nisso, tenho mais ideias de trabalho e não consigo me desapegar”. O desejo em dar continuidade ao ensino e à pesquisa sobre esses pequenos seres é mais que justificável. Após essa longa trajetória estudando as formigas, a professora Terezinha chegou a uma conclusão: “Concluí que sabemos pouco e que os futuros mirmecologistas continuarão tendo um grande trabalho a realizar”.

Simpósio Mirmecologia

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