Professor universitário volta a ser estudante e faz parte do doutorado na UFV

Exercendo o magistério superior na Universidade Federal do Tocantins (UFT) desde 2008, o professor Paulo Henrique Tschoeke concluiu no ano de 2015, o doutorado em Produção Vegetal, na mesma universidade em que trabalha. A situação parecia cômoda, até o novo estudante de pós-graduação decidir passar alguns meses na UFV desenvolvendo parte da sua pesquisa de doutorado. Paulo, que mantém parcerias com orientadores do PPG em Entomologia, esteve recentemente em Viçosa e compartilhou um pouco dessa experiência.

Ele conta que em 2013 teve a oportunidade de conhecer in loco o PPG em Entomologia da UFV: “Fiquei muito impressionado com a estrutura da UFV e, principalmente, com a receptividade dos professores e alunos do Departamento de Entomologia. Essa nova perspectiva foi determinante para que, em 2014, eu retornasse à UFV por mais seis meses para analisar os dados obtidos em campo no Tocantins e redigir dois capítulos da tese de doutorado. Foi uma etapa de trabalhos intensos e que refletiram positivamente na minha formação profissional e conduta pessoal. Vale lembrar que a vinda à UFV foi viabilizada, em parte, pelo professor Renato de Almeida Sarmento, que é nosso colega na UFT e egresso da pós-graduação em Entomologia”.

De acordo com o docente, colegas de profissão colocaram em xeque o desempenho que ele poderia ter fazendo doutorado na própria UFT. E não foi só Paulo que foi questionado ao assumir novamente a condição de aluno na universidade em que trabalha. Na mesma época, a professora Marcela Cristina da Silveira, sua esposa, também havia ingressado no doutorado em Produção Vegetal na UFT. “No início, vários colegas acreditavam que o nosso rendimento no curso seria pífio devido ao panorama de comodidade que se apresentava. Entretanto, com o nosso desempenho satisfatório e a opção de os dois virem fazer parte do doutorado no Departamento de Entomologia da UFV, fez com que posteriormente esses mesmos colegas viessem a nos elogiar pela coragem e desprendimento de irmos estudar fora de casa. Essa nossa atitude teve tanta repercussão que de acordo com colegas que lecionam no Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal da UFT, frequentemente somos citados como exemplo de determinação aos nossos alunos” – destaca.

Embora ambos tenham passado por período de treinamento na UFV, Paulo e Marcela estiveram em períodos distintos em Viçosa. Marcela desenvolveu parte da sua pesquisa de doutorado no Laboratório de Acaralogia, sob a orientação dos professores Angelo Pallini e Arne Janssen. Já Paulo, trabalhou no Laboratório de Fisiologia e Neurobiologia de Invertebrados, sob a orientação do professor Eugenio Eduardo de Oliveira.

Parcerias

Os trabalhos que Paulo desenvolveu em Viçosa não acabaram junto com o seu doutorado. O docente da UFT mantém parcerias na UFV com os professores Eugenio e Gustavo Ferreira Martins. Eles desenvolvem trabalhos relacionados ao impacto de pesticidas em abelhas. “São estudos de campo, principalmente, em culturas agrícolas da nossa região, tais como melão e melancia, e que dependem de abelhas para produzir seus frutos” – descreve.
Seminário 8 set 2016

Na sua última visita à UFV, Paulo realizou coleta de dados e fez uma atualização metodológica para um trabalho que será executado no Tocantins ainda este ano, cujo objetivo é avaliar o impacto de pesticidas em abelhas africanizadas. No dia 8 de setembro, o professor da UFT também ministrou a palestra “Biodiversidade de polinizadores e impacto de pesticidas no forrageamento de visitantes florais em cultivos de melão no Cerrado brasileiro”, para estudantes e docentes do PPG em Entomologia. A abordagem faz parte da sua pesquisa de doutorado.

Paulo explica que “o meloeiro é uma planta que necessita de abelhas que façam a polinização de suas flores, garantindo uma produção satisfatória de frutos com qualidade comercial. Essa cultura agrícola vem aumentando gradualmente sua área plantada no Cerrado. Contudo, a alta ocupação antrópica nessa região tem causado alterações na paisagem natural e reduzido sensivelmente a diversidade de espécies, incluindo as abelhas.  Essa problemática foi abordada durante o doutorado. Até então, não haviam trabalhos relacionados à identificação de abelhas polinizadoras em cultivos de meloeiro no Cerrado, nem do impacto dos pesticidas comumente usados nesses cultivos sobre elas. O nosso trabalho demonstrou a presença de cinco espécies de abelhas polinizando as flores do meloeiro no Cerrado e que a quantidade e o peso dos frutos estão correlacionados positivamente com a riqueza e abundância dessas abelhas. Outro aspecto a ser destacado é a diminuição da visitação das abelhas às flores após a aplicação de pesticidas, o que impactou negativamente na quantidade de frutos produzidos”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *