Pandemia impõe nova rotina a pesquisadores da Entomologia UFV

Nesta semana completam dois meses que as atividades acadêmicas foram suspensas na UFV em virtude da pandemia causada pelo novo coronavírus. Desde o dia 16 de março, todos buscam se adequar à nova realidade. Laboratórios fechados ou funcionando parcialmente, escala de trabalho com equipes reduzidas, apresentações de projeto por videoconferência, reuniões remotas, discussão de artigos online, pesquisas interrompidas, defesas comprometidas. Essa é a atual rotina de milhares pesquisadores Brasil afora. Em Viçosa (MG) não é diferente e na Entomologia UFV, tão pouco.

O Laboratório de Ultraestrutura Celular, coordenado pelo professor José Eduardo Serrão, por exemplo, está fechado desde o dia 23 de março, quando a Prefeitura Municipal de Viçosa determinou o distanciamento social. “Assim, todas as atividades estão suspensas no momento e os estudantes estão em home office” – relata o professor Serrão. Já o Laboratório de Acarologia, coordenado pelo professor Angelo Pallini, está funcionando por meio de revezamento de equipes. O orientador destaca: “Nos reunimos duas vezes por semana via Zoom, onde além de leitura de artigo e discussão em grupo, discutimos o dia-a-dia das atividades para a semana. Montamos horários onde apenas uma ou no máximo duas pessoas estarão presentes. Aqueles que não estão podendo fazer experimentação, estão analisando dados ou escrevendo artigos”.

Para não deixar as criações morrerem, já que o seu laboratório se encontra fechado, a pesquisadora da Epamig Madelaine Venzon e duas de suas orientandas estão cuidando de criações de insetos em casa. Além disso, a pesquisadora mantém contato diário com os seus orientados via WhatsApp e e-mail. De acordo com a orientadora do PPG em Entomologia, “o laboratório está fechado, seguindo as instruções da Epamig. Somente eu e um aluno de iniciação científica estamos nos revezando para molhar as plantas da casa de vegetação”.

No Laboratório de Bioinformática e Evolução, coordenado pela professora Karla Yotoko, a situação é parecida: “O Laboratório está em funcionamento por causa das linhagens de Drosophila que precisam ser mantidas. Estou revezando com dois doutorandos os cuidados necessários. Os outros estudantes do Laboratório estão em suas casas, em outras cidades, mas estamos em contato pelo Google Meet. Estou dando o curso de Filogenia Molecular para eles duas vezes por semana”.

Parte da equipe liderada pelo professor Frederico Falcão Salles também retornou para as cidades de origem. Outros estudantes permanecem em Viçosa. O curador do Museu de Entomologia destaca que “independentemente de onde estejam, todos estão trabalhando em artigos ou na elaboração de suas dissertações, teses ou projetos. Nenhum dos meus estudantes têm frequentado o Museu, mas eu tenho ido duas vezes por semana para verificar as condições de umidade da coleção”.

Para quem vai aos laboratórios, a máscara de proteção facial é de uso obrigatório.

Já o professor Og DeSouza relata que a estrutura física do Laboratório de Termitologia está funcionando de forma bem reduzida e manifesta a sua preocupação com a manutenção dos equipamentos que lá estão: “Há uma escala de estudantes que vão periodicamente ao Laboratório para verificar se os aparelhos estão funcionando normalmente. Nos preocupa bastante a lupa de alto desempenho, pois há risco de desenvolvimento de fungos, já que o desumidificador está com defeito”.

No que se refere às orientações dos estudantes, Og conta que elas estão acontecendo online, com reuniões periódicas via Zoom e mensagens por e-mail e WhatsApp. “Já reestruturei todas as teses, ativando o plano B que havia sido previamente acordado individualmente para cada tese desde a entrada do estudante. Isso inclui capítulos teóricos para complementar o trabalho, caso a quarentena comprometa a coleta de novos dados. Temos ainda um banco de dados extenso no Laboratório (mantido para emergências deste tipo) que pode ser usado para gerar vários trabalhos distintos”.

Seja no Laboratório de Termitologia, Ecologia, Interações Inseto-Planta, Semioquímicos, Fisiologia e Neurobiologia de Invertebrados, Controle Biológico, Manejo Integrado de Pragas, Biologia Estrutural, Mirmecologia, Interações Inseto-Microrganismo, Ecotoxicologia ou em outros laboratórios, cada um à sua maneira busca se adequar a esta realidade que já vivenciamos há 60 dias, tentando minimizar o impacto da pandemia no andamento das pesquisas e os prejuízos para a comunidade acadêmica e a sociedade em geral, e sobretudo buscando proteger a saúde de todos.

Fotos: Paulo Santana Jr.

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