Nespresso aposta em técnicas de controle biológico desenvolvidas por Madelaine Venzon

O conhecimento sobre controle biológico conservativo construído ao longo dos últimos anos pela orientadora do Programa de Pós-Graduação em Entomologia Madelaine Venzon e seus orientandos é uma das apostas do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável para fortalecer práticas de agricultura regenerativa no Brasil. A parceria, que acontece por meio de uma cooperação técnica entre a Nespresso e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), onde Madelaine é pesquisadora, foi construída ao longo de 2021 e entra agora, em 2022, em nova fase, envolvendo produtores de café do Cerrado Mineiro. 

Nessa etapa, serão construídas áreas de trabalho em nove fazendas mineiras (escolhidas entre os cerca de mil produtores que fornecem café para a Nespresso), onde serão desenvolvidas práticas de controle biológico conservativo, sob orientação de Madelaine e sua equipe. “Essas áreas vão servir como unidades demonstrativas, onde vamos fazer uma espécie de vitrine das plantas usadas para atrair inimigos naturais e divulgar as tecnologias que já desenvolvemos, mas também serão espaços para testarmos coisas novas, outras hipóteses que a gente já esteja trabalhando em laboratório. É uma mão dupla: espaço para difundir, mas também para construir conhecimento”, explica a orientadora. 

O acordo de cooperação técnica começou a ser executado em novembro – quando a equipe de Madelaine visitou as fazendas e acompanhou a demarcação de terras – e prevê ainda treinamento dos trabalhadores envolvidos com a produção do café, incluindo reconhecimento de pragas, bioinsumos e as técnicas de controle biológico em geral. Esses treinamentos devem ser iniciados em março, também envolvendo mestrandos, doutorandos e pós-docs sob orientação da pesquisadora. 

Madelaine e sua equipe visitaram as fazendas em novembro

“Acho que o que encanta os alunos, e a mim também, é ver onde vai ser aplicado o conhecimento que construímos. Por isso esse projeto é tão interessante. Tudo que fazemos precisa ter um objetivo final. Claro que, para chegar a esse objetivo, tem um monte de ciência básica, que eu adoro, mas o meu trabalho na Epamig é aplicado, e neste caso não é diferente”, diz a orientadora, explicando que todos os seus orientandos, de alguma forma, terão a chance de colaborar com o trabalho. “É, para o estudante, uma oportunidade muito rica, porque além do contato com o agricultor, eles têm contato com a indústria, com a demanda do mercado. É uma visão completa do processo.”

Maior alcance
A parceria com a iniciativa privada também fortalece outro ponto importante, na visão de Madelaine, que é a popularização do conhecimento. “Só o fato de o trabalho ser na fazenda do produtor já nos coloca em uma escala diferente. Nosso trabalho atinge mais gente e temos uma perspectiva mais real do que no laboratório e na fazenda experimental”, diz ela, ressaltando ainda o interesse dos produtores pelas informações oferecidas pela ciência. “Eles querem muito esse conhecimento, e o que eu procuro fazer é mostrar como a gente consegue o conhecimento, para que vejam que é um trabalho grande, que inclui muitas etapas e demora tempo para se construir. Ciência não é o “eu acho”; é preciso comprovar os resultados”. 

A cooperação técnica entre a Epamig e a Nespresso tem duração prevista de dois anos. 

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