Perfil: Farley William Souza Silva

Você conhece algum brasileiro que já foi à Estônia? Se sim, há de convir que não é muito comum! Se não, terá a oportunidade de conhecer um agora: Farley William Souza Silva, estudante do doutorado em Entomologia da UFV. Ele acaba de chegar ao Brasil, após passar um ano em Belfast, capital da Irlanda do Norte. Além do aprendizado, a temporada que Farley passou no exterior lhe permitiu conhecer boa parte da Europa. Farley, que desembarcou no Brasil no mês de setembro, trouxe na bagagem muita história para contar.

Formado em Agronomia pela UFMG, Farley fez mestrado em Entomologia na UFV e atualmente está no terceiro ano do doutorado, sob a orientação do professor Simon Luke Elliot. A ida de Farley para a Irlanda do Norte não surgiu ao acaso, ele foi por sugestão do seu orientador. Estudando sobre imunidade de insetos, parte da literatura que Farley utilizou para escrever a sua dissertação de mestrado foi de autoria da pesquisadora Sheena C. Cotter, professora da Queen’s University Belfast, na Irlanda do Norte. No doutorado, novamente Farley tomou como referência trabalhos de Cotter. Daí a sugestão do professor Simon para que ele fosse para a Irlanda do Norte fazer doutorado sanduíche.

Farley sempre quis fazer intercâmbio, mas não tinha preferência por nenhum país e nunca havia imaginado que um dia iria para a Irlanda do Norte. Mas ele aceitou a sugestão do professor Simon e eles fizeram contato com a pesquisadora Sheena C. Cotter, que prontamente se colocou à disposição para recebê-lo.

Após nove meses, alguns deles dedicados à obtenção do visto, Farley embarcou para a Irlanda do Norte, através do programa Ciência Sem Fronteiras. Farley afirma que teve receio no início, mas que a sua curiosidade foi bem maior que o medo. Até mesmo porque, se fosse ao contrário, não teria embarcado.

Na sua primeira semana na Irlanda do Norte, Farley ficou hospedado na casa de Cotter. Em seguida, alugou um quarto. Ele conta que por lá isso é muito comum.

Farley se surpreendeu positivamente com os irlandeses. Pela imagem que tinha devido à frieza propagada sobre os europeus, ele se espantou com tamanha receptividade. “Os irlandeses são parecidos com os brasileiros, gostam muito de conversar”. Essa semelhante, aliada à relativa proximidade que estava da sua esposa, facilitou a adaptação. No mesmo período, a esposa de Farley estava na Finlândia fazendo doutorado sanduíche.

Outro aspecto que também chamou a atenção de Farley no Reino Unido foi a organização. “Tudo funciona” – afirma ele admirado. Receptividade, organização e uma localização privilegiada fizeram da Irlanda do Norte um lugar ideal para o seu intercâmbio. Pela facilidade de entrada nos países europeus, Farley acabou conhecendo vários destinos, alguns antes inimagináveis. Dentre os destinos visitados estão: Holanda, Suécia, França, Inglaterra, Finlândia, Escócia, Rússia, Portugal e até a Estônia. Ele brinca que há pouco tempo nem passaporte tinha e, agora, além de ter, ele está carimbado por viagens de barco, avião e trem.

Sobre alguma situação embaraçosa que ele viveu ao longo desses doze meses no exterior, a única lembrança de Farley é sobre um voo que perdeu, em Helsinque, capital da Finlândia. Mesmo chegando cedo e estando dentro do aeroporto, Farley foi capaz de perder o voo! Ele achou que tinha mais um tempinho e acabou demorando a entrar na sala de embarque. Tarde demais!

Com relação às oportunidades que teve nesse período, além de aperfeiçoar o inglês, Farley destaca a sua participação no XIV Congresso da Sociedade Europeia de Biologia Evolutiva, realizado em Lisboa, no período de 19 a 24 de agosto de 2013. Ele conta que nesse Congresso teve contato com autores dos quais já leu vários livros.

Agora, no Brasil, Farley tem muito trabalho pela frente até finalizar sua tese. Mas já pensa na possibilidade de viver mais um ano no exterior para o pós-doutorado. Sobre o destino? Ele nem imagina qual será. Depois da experiência no Reino Unido, Farley se sente preparado para ir a qualquer lugar do mundo. E afirma: “a gente chega aonde quer. As barreiras existem, mas a gente é capaz de driblar”. E alerta: “tem bolsa sobrando. Hoje, só não vai para o exterior quem não quer”. Para quem está pensando em fazer intercâmbio, Farley tem um conselho bem simples: “Não pense duas vezes. Vá. O medo você vence”.

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